Morfologia de fruto, semente, germinação e plântula e o efeito da temperatura na germinação e viabilidade de sementes de sete espécies florestais da Amazônia Central / Pedro Raimundo Mathias de Miranda.

Dissertação (mestre) - INPA/UFAM, 1998

Foram descritos, para sete espécies florestais de terra firme da Amazônia Central, a biometria e a morfologia externa de frutos e sementes, o processo germinativo e a morfologia inicial da plântula. Estudos de germinação em diferentes temperaturas constantes entre 7,5 e 35°C objetivaram identificar a faixa de temperatura na qual foi possível a emergência da radícula (germinação stricto sensu) e o desenvolvimento da plântula normal (germinação do ponto de vista da tecnologia de sementes) e determinar a temperatura ótima para a germinação. Para algumas espécies foram detectadas a(s) temperaturas(s) letal(is) e a(s) temperatura(s) na(s) qual(is) as sementes permanecem quiescentes. As espécies estudadas foram: Buchenavia grandis Ducke, Buchenavia macrophylla Eichler, Buchenavia viridiflora Ducke, Cochlospermum orinoccense (H.B.K.) Steud, Maquira Sclerophylla (Ducke) C.C. Berg, Peltogyne paniculata Benth. e Simarouba amara Aubl. O fruto de B. grandis é uma drupa oblonga a elipsóide (6,2 g; 2,7-3,3 x 1,7-2,2 cm). O pirênio elipsóide (1,9g; 2,1-2,5 x 1,1-1,3 cm) pode ser usado para comercialização e semeadura (semente latu sensu), 1 kg contém cerca de 525 unidades. A germinação é epígea fanerocotiledonar e ocorreu na faixa de temperatura entre 15 e 35°C. Sob condições de temperatura ótima (25 e 30°C) foram necessários 92 a 106 dias para o desenvolvimento da plântula. O fruto de B. macrophylla é uma drupa oblonga a elipsóide (7,2 g; 3,0-3,9 x 1,6-2,4cm). O pirênio oblongo a elíptico (1,9 g; 2,4-3,4 x 1,0-1,2 cm) pode ser a unidade de comercialização e de germinação (semente latu sensu), 1 kg contém cerca de 525 unidades. A germinação é epígea fanerocotiledonar e ocorreu na faixa de temperatura entre 15 e 35°C. A temperatura ótima não foi determinada devido à baixa taxa de germinação. O fruto de B. viridiflora é uma drupa oblonga a elíptica (1,8-2,4 x 1,0-1,3 cm). O pirênio elíptico (0,42 g; 1,5-1,9 x 0,5-0,7 cm) pode ser usado para comercialização e semeadura, 1 kg contém cerca de 2.380 unidades. A germinação é epígea fanerocotiledonar e ocorreu na faixa de temperatura entre 15 e 35°C. Na temperatura ótima (30 e 35°C), foram necessários 88 a 95 dias para o desenvolvimento da plântula. O fruto de C.orinoccense é uma cápsula periforme, deiscente (6,0-7,1 x 2,8-3,4 cm), contendo cerca de 55 unidades de dispersão (sementes com pêlos). A unidade de comercialização e de germinação pode ser a unidade de dispersão (2,1 cm diâmetro) ou a semente (0,5 cm diâmetro). Em 1 kg existem cerca de 33.330 sementes. A germinação é epígea fanerocotiledonar e ocorreu na faixa de temperatura entre 15 e 35°C. Sob temperatura ótima (25°C), foram necessários cerca de 22 dias para o desenvolvimento da plântula. O fruto de M. sclerophylla é uma pseudodrupa globosa a hemisférica (6,8g; 1,7-2,2 x 2,3-2,9 x 1,9-2,4 cm). O fruto pode ser a unidade para comercialização e 1 kg contém cerca de 150 frutos. A semente apresentou peso médio de 5,4g com 2,2-2,6 x 1,6-2,1 cm. Devido à dormência física imposta pelo pericarpo, recomenda-se sua remoção antes da semeadura. A germinação é semi-hipógea fanerocotiledonar. A emergência da radícula ocorreu na faixa de temperatura entre 15 e 35°C. No entanto, o desenvolvimento da plântula normal foi observado somente entre 20 e 30°C. Sob condições de temperatura ótima (30°C), foram necessários cerca de 37 dias para o desenvolvimento da plântula. O fruto de f. paniculata é um legume subtriangular, deiscente, unispérmico (1,2g; 2,3-2,7 x 3,8-4,8 cm). A semente (0,5 g, 1,6- 2,3 x 1,0-1,3 x 0,3-0,4 cm) é dispersa com uma asa e arilo seco, facilmente removíveis. A unidade de comercialização e de germinação pode ser a semente com ou sem o arilo. Em 1 kg existem cerca de 2.000 sementes. A germinação é epígea fanerocotiledonar. A emergência da radícula ocorreu na faixa de temperatura entre 15 e 35°C. No entanto, a formação da plântula normal foi observada somente entre 20 e 35°C. Sob condições de temperatura ótima (25 e 30°C), foram necessários de 20 a 25 dias para o desenvolvimento da plântula. O fruto de S. amara é uma drupa ovóide a elipsóide,(1,2 g; 1,4-1,7 x 1,0-1,3 cm). O pirênio elíptico-obovado (0,4 g; 1,2-1,4 x 0,7-0,9 x 0,6-0,8 cm) pode ser a unidade de comercialização e de germinação (semente latu sensu), 1 kg contém cerca de 2.500 unidades. Neste estudo a semente (0,2 g; 0,9-1,1 x 0,5-0,6 x 0,4-0,6 cm) foi utilizada nos testes de germinação. A germinação é do tipo epígea fanerocotiledonar e ocorreu na faixa de temperatura entre 20 e 35°C. Sob condições de temperatura ótima (30 e 35°C) foram necessários cerca de 22 dias para o desenvolvimento da plântula. Provavelmente, devido ao estresse térmico nas temperaturas extremas, plântulas anormais foram observadas a 15°C em B. grandis, B. viridiflora, P. paniculata e M. sclerophylla e a 35°C em P. paniculata e M. sclerophylla. Em todas as temperaturas foram registradas plantas anormais em S. amara, como conseqüência de injúrias causadas ao embrião durante a extração do endocarpo. Em todas as espécies estudadas, nenhuma germinação foi observada em temperatura inferior a 15°C. Após transferência para a temperatura ótima, verificou-se que as temperaturas inferiores a 15°C foram letais para B. macrophylla, M. sclerophylla e S. amara, e causaram quiescência nas sementes de B. grandis, B. viridiflora e C. orinoccense. As necessidades de temperatura para germinação e desenvolvimento de plântula detectadas neste estudo são coerentes com a distribuição destas espécies, exclusivamente na região tropical.

Área de concentração: Botânica.