Ecologia e extrativismo da castanheira (Bertholletia excelsa, Lecythidaceae) em duas regioes da Amazônia brasileira / Ricardo Scoles.

Por: Scoles, RicardoColaborador(es):Gribel, Rogério [Orientador]Detalhes da publicação: Manaus: [s.n.], 2010Notas: xv, 193 f. : ilAssunto(s): Ecologia humana | Demografia | Produtos florestais nao-madeireiros | Regeneraçao florestal -- Amazônia | Capana Grande, Lago (AM) | Trombetas, Rio (PA) | Bertholletia excelsaClassificação Decimal de Dewey: 634.575 Recursos online: Clique aqui para acessar online Nota de dissertação: Tese (doutor) - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, 2010 Sumário: A castanheira, Bertholletia excelsa, Lecythidaceae, é uma espécie arbórea emergente que forma aglomeraçoes (castanhais) em florestas de terra firme na Amazônia. As áreas de maior concentraçao de B. excelsa sao sazonalmente por 'castanheiros' (coletores de castanha) para exploraçao das sementes da espécie, importante fonte de renda para as famílias rurais da regiao. O presente trabalho teve como objetivo analisar aspectos da ecologia da castanheira e sua estrutura demográfica em duas regioes da Amazônia Brasileira, com diferentes históricos de ocupaçao e formas de exploraçao: regiao do Rio Trombetas (Baixo Amazonas, Pará) e Lago do Capana Grande (Rio Madeira, Amazonas). Os dados demográficos foram obtidos de 35 castanhais, 25 na regiao de Trombetas e 10 na regiao do Capana Grande em parcelas compridas de 50 x 1.000 m, que cortavam os castanhais aproximadamente ao longo das trilhas percorridas pelos castanheiros. Os indicadores de regeneraçao foram correlacionados com possíveis variáveis explicativas relacionadas a fatores ecológicos, demográficos e extrativistas. De forma complementar, realizou-se um experimento de plantaçao de mudas juvenis de castanheira em três habitats (roçado, capoeira, castanhal) com a finalidade de monitorar o desempenho da planta em ambientes onde ela se estabelece de forma natural e/ou induzida, com diferentes condiçoes de entrada de luz. A comparaçao entre as duas regioes de estudo sugere que a estrutura demográfica das populaçoes é condicionada por fatores antrópicos pretéritos e contemporâneos. No Trombetas, regiao em que dados históricos sugerem um esvaziamento demográfico a partir do século XVI até um passado recente, a distribuiçao da populaçao de B. excelsa é dominada por árvores de tamanho intermediário a grande, com pouca presença de jovens. Em contraste, no Rio Madeira, os castanhais apresentam a populaçao de B. excelsa mais jovem, adensada e com maior número de recrutamentos, especialmente naqueles mais próximos aos assentamentos humanos. Os plantios experimentais de castanheira mostraram desenvolvimento muito superior das mudas em ambientes de pleno sol (roçados) do que no ambiente semi-sombreado (capoeira) ou sombreado (sub-bosque do castanhal). Os dados do presente estudo sugerem que a estrutura mais envelhecida no Trombetas seja conseqüência das poucas chances de regeneraçao desta espécie heliófita em florestas densas e maduras, com alto sombreamento. A castanheira, espécie pioneira de longa vida e produtora de sementes comestíveis, parece ser favorecida por atividades agrícolas e extrativistas passadas e/ou recentes. No Trombetas, testou-se também a influencia das atividades de remoçao de sementes por castanheiros na regeneraçao da espécie. Os resultados nao mostraram diferenças significativas entre os sítios com diferentes intensidades de coleta. Em Capana Grande, igualmente nao há qualquer evidencia de que áreas mais visitadas e coletadas apresentem menor regeneraçao de B. excelsa. Por tanto, nao se pode afirmar que a remoçao de sementes é prejudicial para a regeneraçao da espécie em ambas as regioes. Sugere-se que a dinâmica populacional da castanheira depende mais da longevidade dos adultos produtivos que das taxas de recrutamento de sementes produzidas. Nas regioes onde as populaçoes de B. excelsa estao mais envelhecidas, recomenda-se adoçao de medidas compensatórias como o enriquecimento com mudas de castanheiras em áreas florestais abertas e semi-abertas para favorecer o rejuvenescimento das populaçoes.
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Tese T 634.575 S422e (Percorrer estante(Abre abaixo)) Disponível 10-0271

Tese (doutor) - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, 2010

A castanheira, Bertholletia excelsa, Lecythidaceae, é uma espécie arbórea emergente que forma aglomeraçoes (castanhais) em florestas de terra firme na Amazônia. As áreas de maior concentraçao de B. excelsa sao sazonalmente por 'castanheiros' (coletores de castanha) para exploraçao das sementes da espécie, importante fonte de renda para as famílias rurais da regiao. O presente trabalho teve como objetivo analisar aspectos da ecologia da castanheira e sua estrutura demográfica em duas regioes da Amazônia Brasileira, com diferentes históricos de ocupaçao e formas de exploraçao: regiao do Rio Trombetas (Baixo Amazonas, Pará) e Lago do Capana Grande (Rio Madeira, Amazonas). Os dados demográficos foram obtidos de 35 castanhais, 25 na regiao de Trombetas e 10 na regiao do Capana Grande em parcelas compridas de 50 x 1.000 m, que cortavam os castanhais aproximadamente ao longo das trilhas percorridas pelos castanheiros. Os indicadores de regeneraçao foram correlacionados com possíveis variáveis explicativas relacionadas a fatores ecológicos, demográficos e extrativistas. De forma complementar, realizou-se um experimento de plantaçao de mudas juvenis de castanheira em três habitats (roçado, capoeira, castanhal) com a finalidade de monitorar o desempenho da planta em ambientes onde ela se estabelece de forma natural e/ou induzida, com diferentes condiçoes de entrada de luz. A comparaçao entre as duas regioes de estudo sugere que a estrutura demográfica das populaçoes é condicionada por fatores antrópicos pretéritos e contemporâneos. No Trombetas, regiao em que dados históricos sugerem um esvaziamento demográfico a partir do século XVI até um passado recente, a distribuiçao da populaçao de B. excelsa é dominada por árvores de tamanho intermediário a grande, com pouca presença de jovens. Em contraste, no Rio Madeira, os castanhais apresentam a populaçao de B. excelsa mais jovem, adensada e com maior número de recrutamentos, especialmente naqueles mais próximos aos assentamentos humanos. Os plantios experimentais de castanheira mostraram desenvolvimento muito superior das mudas em ambientes de pleno sol (roçados) do que no ambiente semi-sombreado (capoeira) ou sombreado (sub-bosque do castanhal). Os dados do presente estudo sugerem que a estrutura mais envelhecida no Trombetas seja conseqüência das poucas chances de regeneraçao desta espécie heliófita em florestas densas e maduras, com alto sombreamento. A castanheira, espécie pioneira de longa vida e produtora de sementes comestíveis, parece ser favorecida por atividades agrícolas e extrativistas passadas e/ou recentes. No Trombetas, testou-se também a influencia das atividades de remoçao de sementes por castanheiros na regeneraçao da espécie. Os resultados nao mostraram diferenças significativas entre os sítios com diferentes intensidades de coleta. Em Capana Grande, igualmente nao há qualquer evidencia de que áreas mais visitadas e coletadas apresentem menor regeneraçao de B. excelsa. Por tanto, nao se pode afirmar que a remoçao de sementes é prejudicial para a regeneraçao da espécie em ambas as regioes. Sugere-se que a dinâmica populacional da castanheira depende mais da longevidade dos adultos produtivos que das taxas de recrutamento de sementes produzidas. Nas regioes onde as populaçoes de B. excelsa estao mais envelhecidas, recomenda-se adoçao de medidas compensatórias como o enriquecimento com mudas de castanheiras em áreas florestais abertas e semi-abertas para favorecer o rejuvenescimento das populaçoes.

Área de concentração: Ecologia.

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