Dinâmica dos limites floresta-savana ao norte da Amazônia e suas implicações no acúmulo de biomassa e no estoque de carbono / Fabiana Rita do Couto Santos.

Por: Santos, Fabiana Rita do CoutoColaborador(es):Luizão, Flavio Jesus [Orientador]Detalhes da publicação: Manaus : [s. n.], 2013Notas: xii, 116 f. : ilAssunto(s): Unidades de conservação | Savana | Emissão de carbonoClassificação Decimal de Dewey: 581.5 Nota de dissertação: Tese (doutor) - INPA/UEA, 2013 Sumário: Modelos acoplados carbono/clima prenunciam mudanças globais nos ciclos do carbono e da água em um futuro próximo, substituindo gradualmente florestas tropicais por savanas na Amazônia, processo conhecido como "savanização". Os primeiros sinais deste processo são previstos para acontecerem primariamente em regiões de écotono entre estes dois ecossistemas, sendo favorecidos por fatores como alterações climáticas, intensificação do regime de fogo, mudanças no uso da terra, entre outros. A presença de áreas protegidas tem desempenhado um importante papel na manutenção do balanço clima-vegetação, reduzindo a probabilidade de ocorrência de "savanização" na Amazônia. Neste estudo, combinamos diferentes abordagens metodológicas para investigar a flutuação dos limites floresta-savana em uma área de limite biogeográfico e climático ao norte da Amazônia Brasileira e suas implicações no acúmulo de biomassa e no estoque de carbono na vegetação e no solo. Comparando áreas de enclaves de savana protegidas no interior da unidade de proteção integral Estação Ecológica de Maracá (ESEC Maracá) com ilhas de matas incrustadas em áreas de matriz de savana não protegidas do seu entorno imediato, constatamos que (i) a dinâmica dos mosaicos floresta-savana ao norte da Amazônia foi influenciada por variações de precipitação e pelo status de conservação; (ii) savanas de naturezas distintas apresentam origens e padrões de dinâmica diferenciados, não respondendo da mesma maneira às mudanças climáticas e eventos de fogo ocorridos tanto nas últimas décadas quanto durante o Holoceno; e (iii) alterações da estrutura da vegetação provenientes da presença de distúrbios demonstrou influenciar diretamente o acúmulo de biomassa e estoque de carbono. Após 20 anos de proteção, um potencial aumento do estoque de carbono total, proveniente do avanço de florestas sobre savanas intensificado em períodos de maior precipitação, demonstrou a efetividade da ESEC Maracá em atuar como sumidouro de carbono. Por outro lado, seus enclaves de savanas protegidos se mostraram mais resilientes às mudanças climáticas passadas, por permaneceram estáveis desde sua formação (a pelo menos 5.350 anos AP), apontando uma origem proveniente de condições edáficas não-antropogênicas. Já os mosaicos não protegidos do entorno da ESEC Maracá apresentaram um equilíbrio dinâmico em escala regional, sugerindo estabilidade em 20 anos. A predominância de avanço de florestas em anos com precipitação aumentada (1994-2006) nas áreas não protegidas demonstrou a dominância dos efeitos do clima sobre os efeitos dos distúrbios. Já a ocorrência de "savanização" nessas áreas, em períodos de precipitação reduzida (1986-1994) aponta que, se a tendência de aumento da frequência de eventos climáticos de seca e de fogo esperada pelos modelos climáticos se confirmar para essa região, a extensão e a direção de mudanças futuras dos limites florestais do entorno da ESEC Maracá poderão ser afetadas, comprometendo a biodiversidade local e os serviços ambientais, tais como o estoque de carbono. Evidências da influência de mudanças climáticas passadas foram demonstradas para as matrizes de savanas do entorno da ESEC com a retração de floresta de pelo menos 70 m, ocorrendo entre 10.000 e 780 anos AP pela presença de sinal isotópico típico de florestas em seus solos de profundidade. O melhor entendimento da dinâmica dos limites floresta-savana e das suas variações de biomassa e carbono ainda pouco conhecidas em áreas de transição ao norte da Amazônia, apresentadas neste estudo, pode ser considerada uma primeira aproximação para auxiliar a discussão do valor de diferentes estratégias de conservação e manejo no contexto das políticas de redução das emissões por desmatamento e degradação florestal (REDD) em áreas de limite florestal na Amazônia.
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Tese T 581.5 S237d (Percorrer estante(Abre abaixo)) Disponível 13-0249

Tese (doutor) - INPA/UEA, 2013

Modelos acoplados carbono/clima prenunciam mudanças globais nos ciclos do carbono e da água em um futuro próximo, substituindo gradualmente florestas tropicais por savanas na Amazônia, processo conhecido como "savanização". Os primeiros sinais deste processo são previstos para acontecerem primariamente em regiões de écotono entre estes dois ecossistemas, sendo favorecidos por fatores como alterações climáticas, intensificação do regime de fogo, mudanças no uso da terra, entre outros. A presença de áreas protegidas tem desempenhado um importante papel na manutenção do balanço clima-vegetação, reduzindo a probabilidade de ocorrência de "savanização" na Amazônia. Neste estudo, combinamos diferentes abordagens metodológicas para investigar a flutuação dos limites floresta-savana em uma área de limite biogeográfico e climático ao norte da Amazônia Brasileira e suas implicações no acúmulo de biomassa e no estoque de carbono na vegetação e no solo. Comparando áreas de enclaves de savana protegidas no interior da unidade de proteção integral Estação Ecológica de Maracá (ESEC Maracá) com ilhas de matas incrustadas em áreas de matriz de savana não protegidas do seu entorno imediato, constatamos que (i) a dinâmica dos mosaicos floresta-savana ao norte da Amazônia foi influenciada por variações de precipitação e pelo status de conservação; (ii) savanas de naturezas distintas apresentam origens e padrões de dinâmica diferenciados, não respondendo da mesma maneira às mudanças climáticas e eventos de fogo ocorridos tanto nas últimas décadas quanto durante o Holoceno; e (iii) alterações da estrutura da vegetação provenientes da presença de distúrbios demonstrou influenciar diretamente o acúmulo de biomassa e estoque de carbono. Após 20 anos de proteção, um potencial aumento do estoque de carbono total, proveniente do avanço de florestas sobre savanas intensificado em períodos de maior precipitação, demonstrou a efetividade da ESEC Maracá em atuar como sumidouro de carbono. Por outro lado, seus enclaves de savanas protegidos se mostraram mais resilientes às mudanças climáticas passadas, por permaneceram estáveis desde sua formação (a pelo menos 5.350 anos AP), apontando uma origem proveniente de condições edáficas não-antropogênicas. Já os mosaicos não protegidos do entorno da ESEC Maracá apresentaram um equilíbrio dinâmico em escala regional, sugerindo estabilidade em 20 anos. A predominância de avanço de florestas em anos com precipitação aumentada (1994-2006) nas áreas não protegidas demonstrou a dominância dos efeitos do clima sobre os efeitos dos distúrbios. Já a ocorrência de "savanização" nessas áreas, em períodos de precipitação reduzida (1986-1994) aponta que, se a tendência de aumento da frequência de eventos climáticos de seca e de fogo esperada pelos modelos climáticos se confirmar para essa região, a extensão e a direção de mudanças futuras dos limites florestais do entorno da ESEC Maracá poderão ser afetadas, comprometendo a biodiversidade local e os serviços ambientais, tais como o estoque de carbono. Evidências da influência de mudanças climáticas passadas foram demonstradas para as matrizes de savanas do entorno da ESEC com a retração de floresta de pelo menos 70 m, ocorrendo entre 10.000 e 780 anos AP pela presença de sinal isotópico típico de florestas em seus solos de profundidade. O melhor entendimento da dinâmica dos limites floresta-savana e das suas variações de biomassa e carbono ainda pouco conhecidas em áreas de transição ao norte da Amazônia, apresentadas neste estudo, pode ser considerada uma primeira aproximação para auxiliar a discussão do valor de diferentes estratégias de conservação e manejo no contexto das políticas de redução das emissões por desmatamento e degradação florestal (REDD) em áreas de limite florestal na Amazônia.

Área de concentração : Interações Clima-Biosfera na Amazônia.

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