Percepção dos ribeirinhos com relação às ariranhas (Pteronura brasiliensis) e à gestão de duas categorias distintas de unidades de conservação na Amazônia brasileira / Márcia Munik Mendes Cabral.

Por: Cabral, Márcia Munik MendesColaborador(es):Venticinque, Eduardo Martins [Orientador] | Rosas, Fernando César Weber [Coorientador]Detalhes da publicação: Manaus : [s.n.], 2012Notas: xiii, 38 f. : il. colorAssunto(s): Ariranha | Unidades de conservaçãoClassificação Decimal de Dewey: 599.3234 Recursos online: Clique aqui para acessar online
Conteúdos:
A ariranha é hoje uma espécie ameaçada em decorrência do abate no passado para comercialização de sua pele. Apesar da proibição da caça e de a espécie estar protegida por lei, a perda de habitat, conflito com as atividades pesqueiras e as múltiplas interferências antropogênicas são hoje em dia as principais ameaças à espécie. Por décadas as ariranhas têm sido vistas como um animal agressivo, que compete por peixe e danifica os apetrechos de pesca. A criação de Unidades de Conservação (UC's) pode ser uma estratégia eficiente para conservação de espécies ameaçadas. No entanto, as UC's por vezes são mal interpretadas pelas comunidades ribeirinhas, em especial às de proteção integral, onde quase sempre os ribeirinhos relatam a proibição de entrada para utilização dos recursos. Portanto, faz-se necessário conhecer as percepções humanas de modo a permitir a elaboração de medidas para mitigar conflitos e transmitir a importância das UC's e de suas distintas categorias com vistas à melhoria de vida nas comunidades e à conservação da biodiversidade. Este estudo teve como objetivos avaliar a percepção das comunidades do entorno da Reserva Biológica (REBIO) do Uatumã e de residentes na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Uatumã, Amazonas, Brasil, a respeito das ariranhas e das UC's as quais estão envolvidos. Foram realizadas 4 campanhas às áreas de estudo, sendo 2 para cada UC. Foram aplicados questionários com 24 perguntas sobre as ariranhas, sobre a existência de conflitos com a espécie e sobre as relações dos moradores com as UC's e com os gestores, o que resultou em 113 entrevistas (62 REBIO e 51 RDS). As respostas quanto à presença das ariranhas anteriormente ao represamento do rio Uatumã para formação do lago de Balbina diferiram significativamente (G=5,57; P=0,01) entre as UC's (86% na RDS e 53% na REBIO). Quanto à presença atual da espécie nas duas UC's, 96% dos entrevistados mencionaram a ocorrência da ariranha. A existência de conflitos foi reportada por 45% dos entrevistados na REBIO (n=28) e 60% na RDS (n=30) e as interações operacionais (envolvendo malhadeiras) foram as mais citadas (55% REBIO e 53% RDS). Com relação a caça de ariranhas nos dias atuais, apenas 10% relataram haver abate da espécie. Para a maioria dos comunitários as UC's não atrapalham o modo de vida tradicional (73% REBIO e 64% RDS), eles inclusive alegam que a área protegida contribuiu para aumentar a caça/pesca (~70% em ambas as UC's) e reconhecem que as UC's beneficiam diretamente na qualidade de vida (74% REBIO e 60% RDS). Contudo, os relatos sobre a comunicação e/ou relação com os gestores dessas áreas protegidas demonstraram que os comunitários estão divididos, com 47% (REBIO) e 62% (RDS) alegando uma relação amistosa entre gestores da área protegida e a comunidade, enquanto os demais não concordam com esta afirmativa. Embora o abate direto de ariranhas tenha sido pouco mencionado, os conflitos reportados por quase metade dos entrevistados sugerem que o problema é frequente e pode evoluir para um agravamento, já que a espécie é vista como competidora na busca por peixes. O estreitamento das relações dos órgãos gestores com as comunidades que vivem nas UC's e entorno deve ser melhorado. Sugere-se uma integração maior neste sentido, a fim de prevenir ou minimizar conflitos que poderão colocar em risco a conservação das espécies e a qualidade de vida nas comunidades.
Nota de dissertação: Dissertação (mestre) - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, 2012
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Dissertação T 599.3234 C117p (Percorrer estante(Abre abaixo)) Disponível 13-0252

Dissertação (mestre) - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, 2012

A ariranha é hoje uma espécie ameaçada em decorrência do abate no passado para comercialização de sua pele. Apesar da proibição da caça e de a espécie estar protegida por lei, a perda de habitat, conflito com as atividades pesqueiras e as múltiplas interferências antropogênicas são hoje em dia as principais ameaças à espécie. Por décadas as ariranhas têm sido vistas como um animal agressivo, que compete por peixe e danifica os apetrechos de pesca. A criação de Unidades de Conservação (UC's) pode ser uma estratégia eficiente para conservação de espécies ameaçadas. No entanto, as UC's por vezes são mal interpretadas pelas comunidades ribeirinhas, em especial às de proteção integral, onde quase sempre os ribeirinhos relatam a proibição de entrada para utilização dos recursos. Portanto, faz-se necessário conhecer as percepções humanas de modo a permitir a elaboração de medidas para mitigar conflitos e transmitir a importância das UC's e de suas distintas categorias com vistas à melhoria de vida nas comunidades e à conservação da biodiversidade. Este estudo teve como objetivos avaliar a percepção das comunidades do entorno da Reserva Biológica (REBIO) do Uatumã e de residentes na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Uatumã, Amazonas, Brasil, a respeito das ariranhas e das UC's as quais estão envolvidos. Foram realizadas 4 campanhas às áreas de estudo, sendo 2 para cada UC. Foram aplicados questionários com 24 perguntas sobre as ariranhas, sobre a existência de conflitos com a espécie e sobre as relações dos moradores com as UC's e com os gestores, o que resultou em 113 entrevistas (62 REBIO e 51 RDS). As respostas quanto à presença das ariranhas anteriormente ao represamento do rio Uatumã para formação do lago de Balbina diferiram significativamente (G=5,57; P=0,01) entre as UC's (86% na RDS e 53% na REBIO). Quanto à presença atual da espécie nas duas UC's, 96% dos entrevistados mencionaram a ocorrência da ariranha. A existência de conflitos foi reportada por 45% dos entrevistados na REBIO (n=28) e 60% na RDS (n=30) e as interações operacionais (envolvendo malhadeiras) foram as mais citadas (55% REBIO e 53% RDS). Com relação a caça de ariranhas nos dias atuais, apenas 10% relataram haver abate da espécie. Para a maioria dos comunitários as UC's não atrapalham o modo de vida tradicional (73% REBIO e 64% RDS), eles inclusive alegam que a área protegida contribuiu para aumentar a caça/pesca (~70% em ambas as UC's) e reconhecem que as UC's beneficiam diretamente na qualidade de vida (74% REBIO e 60% RDS). Contudo, os relatos sobre a comunicação e/ou relação com os gestores dessas áreas protegidas demonstraram que os comunitários estão divididos, com 47% (REBIO) e 62% (RDS) alegando uma relação amistosa entre gestores da área protegida e a comunidade, enquanto os demais não concordam com esta afirmativa. Embora o abate direto de ariranhas tenha sido pouco mencionado, os conflitos reportados por quase metade dos entrevistados sugerem que o problema é frequente e pode evoluir para um agravamento, já que a espécie é vista como competidora na busca por peixes. O estreitamento das relações dos órgãos gestores com as comunidades que vivem nas UC's e entorno deve ser melhorado. Sugere-se uma integração maior neste sentido, a fim de prevenir ou minimizar conflitos que poderão colocar em risco a conservação das espécies e a qualidade de vida nas comunidades.

Área de concentração : Conservação e Uso de Recursos Naturais.

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