Padrões de diversidade em comunidades de anfíbios e répteis Squamata no mosaico de florestas naturais e manejadas na região do baixo rio Purus, Amazonas, Brasil / Fabiano Waldez Silva Guimarães.

Por: Guimarães, Fabiano Waldez SilvaColaborador(es):Vogt, Richard C | Menin, MarceloDetalhes da publicação: Manaus : [s.n.], 2012Notas: xix, 188 f. : il. colorAssunto(s): Herptofauna | Diversidade beta | Floresta de várzea | Floresta de terra firme | Ofidismo | Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-PurusClassificação Decimal de Dewey: 597.6045 Recursos online: Clique aqui para acessar online Nota de dissertação: Tese (doutor) - INPA, 2012 Sumário: O objetivo deste estudo foi caracterizar os padrões de diversidade das comunidades de anfíbios e répteis Squamata que ocorrem no mosaico de florestas naturais e manejadas na região do baixo rio Purus, Reserva Piagaçu-Purus, Amazonas, Brasil. O estudo foi conduzido em cinco transectos de 1km e 60 parcelas de 10x250m, distribuídas em florestas sazonalmente inundáveis de várzea e florestas não inundáveis de terra firme. Utilizamos técnicas de coleta complementares, eficientes na captação da diversidade da herpetofauna terrestre em florestas tropicais: coleta ativa, armadilhas de interceptação e queda e armadilhas de interceptação com funis de duas entradas. Comparamos entre os ambientes a eficiência de amostragem das espécies e das técnicas utilizadas, através de métodos de rarefação e quatro diferentes estimadores da riqueza de espécies (ACE, Chao 1, Jacknife & Bootstrap). A abundância e o número de espécies por parcela foi determinado por quatro amostragens em cada parcela, duas amostragens diurnas e duas amostragens noturnas. Avaliamos a contribuição para a diversidade de espécies da herpetofauna de florestas secundárias e primárias nos dois tipos de paisagens estudadas. Nestes ambientes, verificamos a influência sobre a distribuição da herpetofauna, de fatores ambientais (altitude, tipos de florestas e tempo de regeneração das florestas secundárias) e fatores históricos (autocorrelação espacial, os diferentes interflúvios do rio Purus e a conexão entre as florestas de várzea do rio Purus com o sistema hídrico Amazonas-Solimões). Em comunidades humanas ribeirinhas, levantamos através de entrevistas com vítimas de acidentes ofídicos, informações sobre acidentes com serpentes: aspectos ecológicos (diversidade de serpentes, nomes locais das espécies e comportamento de ataque das serpentes peçonhentas) e epidemiológicos (incidência de acidentes relacionada à demografia e a sócioeconomia das comunidades, distribuição anatômica dos acidentes nas vítimas e distribuição sazonal dos eventos). Na região do baixo rio Purus, encontramos um total de 160 espécies e realizamos 5.561 registros de espécimes de anfíbios e répteis Squamata. Anfíbios foram representados por 75 espécies, 11 famílias de Anura e duas família de Gymnophiona. Répteis Squamata foram representados por 85 espécies, nove famílias de lagartos (34 lagartos) e oito famílias de serpentes (55 serpentes). Novos registros de espécies foram feitos para região, em especial dos sapos Dendropsophus allenorum e Scinax pedromedinae, espécies características do sudoeste da Amazônia. As técnicas de amostragem utilizadas foram eficazes em representar a maior parte da diversidade da herpetofauna terrestre de hábitos arborícola e terrícola, sendo capaz de descrever para estes grupos padrões consistentes de composição e estrutura das comunidades nos dois tipos de florestas avaliadas. As serpentes corresponderam ao grupo da herpetofauna local menos conhecido por dificuldades associadas à detecção das espécies. Uma maior riqueza absoluta de espécies e de famílias foi encontrada nas florestas de terra firme em relação as florestas de várzea. Espécies fossoriais e de serrapilheira corresponderam aos grupos de espécies menos representados nas florestas de várzea. No entanto, nas florestas de várzea encontramos um número relativo de espécies por parcela similar ao observado nas florestas de terra firme. Nas várzeas também observamos maior número absoluto de espécies de sapos arborícolas (Hylidae) e de lagartos heliotérmicos de maior porte (Teiidae). Agrupamentos gerados pela composição de espécies de anfíbios anuros e de répteis Squamata revelaram comunidades diferentes ocupando as florestas de terra firme e as florestas de várzeas. Considerando a composição das espécies de anfíbios anuros e répteis ao longo do gradiente altitudinal, foi observado forte efeito da altitude em ambos os grupos. A diversidade complementar entre as florestas de terra firme e as florestas de várzea (diversidade Beta-ß), associada à grande abrangência destas paisagens, possivelmente representa a maior contribuição para a heterogeneidade da herpetofauna na região do baixo rio Purus (diversidade Gama-?). Encontramos evidência de estruturação espacial nas comunidades de anfíbios avaliadas nos dois tipos de florestas. Esta autocorrelação espacial esteve relacionada com a localização nos interflúvios do rio Purus e com a conexão das várzeas do rio Purus com o corredor de florestas de várzea da bacia do rio Amazonas-Solimões. Em relação as florestas seundárias, florestas primárias de terra firme e de várzea, tiveram maior riqueza de anfíbios anuros e florestas primárias de terra firme maior riqueza de lagartos. No entanto, as florestas secundárias foram representativas do total da abundância de espécies observadas, sendo para anfíbios anuros de terra firme constatada maior abundância nas florestas primárias. O parâmetro de cronosequência de regeneração florestal utilizado neste estudo, a circunferência média das maiores árvores em cada parcela, foi mais eficiente em estimar a sucessão nas florestas de terra firme que em florestas de várzea. No entanto, este parâmetro de cronosequência de regeneração florestal influenciou: 1) na riqueza de anfíbios anuros nos dois tipos de paisagens e na abundância de anfíbios anuros em florestas de terra firme; 2) na riqueza de lagartos em florestas de terra firme e 3) na composição de espécies de répteis Squamata nas florestas de terra firme e nas florestas de várzea. Um padrão de distribuição hierárquica foi observado para comunidades de anfíbios anuros e lagartos, com florestas secundárias representando subconjuntos da riqueza encontrada nas florestas primárias, tanto em áreas de terra firme quanto de várzea, demonstrando a importância de florestas prístinas para manutenção da maior parte da herpetofauna regional. A incidência de acidentes ofídicos nas comunidades humanas ribeirinhas foi relacionada com circunstâncias ocupacionais, sendo o extrativismo florestal a atividade que mais expôs os ribeirinhos aos acidentes com serpentes. A serpente Bothrops atrox foi relacionada para metade dos eventos registrados. O conhecimento das serpentes pelos ribeirinhos se mostrou limitado, com poucos nomes referindo-se de modo inequívoco a uma única espécie. Os acidentes ofídicos nas comunidades da RDS-PP representaram eventos com alta taxa de agravo à saúde, causando morte eventual. A baixa administração de soroantiofídico às vitimas desta região, em média mais de 24h depois dos acidentes foi a principal causa de complicações e da letalidade.
Tags desta biblioteca: Sem tags desta biblioteca para este título. Faça o login para adicionar tags.
    Avaliação média: 0.0 (0 votos)
Tipo de material Biblioteca atual Setor Classificação Situação Previsão de devolução Código de barras
Livro Livro
Tese T 597.6045 G963p (Percorrer estante(Abre abaixo)) Disponível 13-0052

Tese (doutor) - INPA, 2012

O objetivo deste estudo foi caracterizar os padrões de diversidade das comunidades de anfíbios e répteis Squamata que ocorrem no mosaico de florestas naturais e manejadas na região do baixo rio Purus, Reserva Piagaçu-Purus, Amazonas, Brasil. O estudo foi conduzido em cinco transectos de 1km e 60 parcelas de 10x250m, distribuídas em florestas sazonalmente inundáveis de várzea e florestas não inundáveis de terra firme. Utilizamos técnicas de coleta complementares, eficientes na captação da diversidade da herpetofauna terrestre em florestas tropicais: coleta ativa, armadilhas de interceptação e queda e armadilhas de interceptação com funis de duas entradas. Comparamos entre os ambientes a eficiência de amostragem das espécies e das técnicas utilizadas, através de métodos de rarefação e quatro diferentes estimadores da riqueza de espécies (ACE, Chao 1, Jacknife & Bootstrap). A abundância e o número de espécies por parcela foi determinado por quatro amostragens em cada parcela, duas amostragens diurnas e duas amostragens noturnas. Avaliamos a contribuição para a diversidade de espécies da herpetofauna de florestas secundárias e primárias nos dois tipos de paisagens estudadas. Nestes ambientes, verificamos a influência sobre a distribuição da herpetofauna, de fatores ambientais (altitude, tipos de florestas e tempo de regeneração das florestas secundárias) e fatores históricos (autocorrelação espacial, os diferentes interflúvios do rio Purus e a conexão entre as florestas de várzea do rio Purus com o sistema hídrico Amazonas-Solimões). Em comunidades humanas ribeirinhas, levantamos através de entrevistas com vítimas de acidentes ofídicos, informações sobre acidentes com serpentes: aspectos ecológicos (diversidade de serpentes, nomes locais das espécies e comportamento de ataque das serpentes peçonhentas) e epidemiológicos (incidência de acidentes relacionada à demografia e a sócioeconomia das comunidades, distribuição anatômica dos acidentes nas vítimas e distribuição sazonal dos eventos). Na região do baixo rio Purus, encontramos um total de 160 espécies e realizamos 5.561 registros de espécimes de anfíbios e répteis Squamata. Anfíbios foram representados por 75 espécies, 11 famílias de Anura e duas família de Gymnophiona. Répteis Squamata foram representados por 85 espécies, nove famílias de lagartos (34 lagartos) e oito famílias de serpentes (55 serpentes). Novos registros de espécies foram feitos para região, em especial dos sapos Dendropsophus allenorum e Scinax pedromedinae, espécies características do sudoeste da Amazônia. As técnicas de amostragem utilizadas foram eficazes em representar a maior parte da diversidade da herpetofauna terrestre de hábitos arborícola e terrícola, sendo capaz de descrever para estes grupos padrões consistentes de composição e estrutura das comunidades nos dois tipos de florestas avaliadas. As serpentes corresponderam ao grupo da herpetofauna local menos conhecido por dificuldades associadas à detecção das espécies. Uma maior riqueza absoluta de espécies e de famílias foi encontrada nas florestas de terra firme em relação as florestas de várzea. Espécies fossoriais e de serrapilheira corresponderam aos grupos de espécies menos representados nas florestas de várzea. No entanto, nas florestas de várzea encontramos um número relativo de espécies por parcela similar ao observado nas florestas de terra firme. Nas várzeas também observamos maior número absoluto de espécies de sapos arborícolas (Hylidae) e de lagartos heliotérmicos de maior porte (Teiidae). Agrupamentos gerados pela composição de espécies de anfíbios anuros e de répteis Squamata revelaram comunidades diferentes ocupando as florestas de terra firme e as florestas de várzeas. Considerando a composição das espécies de anfíbios anuros e répteis ao longo do gradiente altitudinal, foi observado forte efeito da altitude em ambos os grupos. A diversidade complementar entre as florestas de terra firme e as florestas de várzea (diversidade Beta-ß), associada à grande abrangência destas paisagens, possivelmente representa a maior contribuição para a heterogeneidade da herpetofauna na região do baixo rio Purus (diversidade Gama-?). Encontramos evidência de estruturação espacial nas comunidades de anfíbios avaliadas nos dois tipos de florestas. Esta autocorrelação espacial esteve relacionada com a localização nos interflúvios do rio Purus e com a conexão das várzeas do rio Purus com o corredor de florestas de várzea da bacia do rio Amazonas-Solimões. Em relação as florestas seundárias, florestas primárias de terra firme e de várzea, tiveram maior riqueza de anfíbios anuros e florestas primárias de terra firme maior riqueza de lagartos. No entanto, as florestas secundárias foram representativas do total da abundância de espécies observadas, sendo para anfíbios anuros de terra firme constatada maior abundância nas florestas primárias. O parâmetro de cronosequência de regeneração florestal utilizado neste estudo, a circunferência média das maiores árvores em cada parcela, foi mais eficiente em estimar a sucessão nas florestas de terra firme que em florestas de várzea. No entanto, este parâmetro de cronosequência de regeneração florestal influenciou: 1) na riqueza de anfíbios anuros nos dois tipos de paisagens e na abundância de anfíbios anuros em florestas de terra firme; 2) na riqueza de lagartos em florestas de terra firme e 3) na composição de espécies de répteis Squamata nas florestas de terra firme e nas florestas de várzea. Um padrão de distribuição hierárquica foi observado para comunidades de anfíbios anuros e lagartos, com florestas secundárias representando subconjuntos da riqueza encontrada nas florestas primárias, tanto em áreas de terra firme quanto de várzea, demonstrando a importância de florestas prístinas para manutenção da maior parte da herpetofauna regional. A incidência de acidentes ofídicos nas comunidades humanas ribeirinhas foi relacionada com circunstâncias ocupacionais, sendo o extrativismo florestal a atividade que mais expôs os ribeirinhos aos acidentes com serpentes. A serpente Bothrops atrox foi relacionada para metade dos eventos registrados. O conhecimento das serpentes pelos ribeirinhos se mostrou limitado, com poucos nomes referindo-se de modo inequívoco a uma única espécie. Os acidentes ofídicos nas comunidades da RDS-PP representaram eventos com alta taxa de agravo à saúde, causando morte eventual. A baixa administração de soroantiofídico às vitimas desta região, em média mais de 24h depois dos acidentes foi a principal causa de complicações e da letalidade.

Área de concentração : Ecologia

Não há comentários sobre este título.

para postar um comentário.

Clique em uma imagem para visualizá-la no visualizador de imagem

Powered by Koha