Impacto do fogo na vegetação de um fragmento de floresta semidecídua no município de Ibituruna - MG / Vagner Fernandes da Silva.

Dissertação (mestre) - Universidade Federal de Lavras, 2002

Foram realizados inventários da comunidade arbórea, da topografia e dos solos de um fragmento de floresta semidecídua com o objetivo de avaliar os impactos de um incêndio ocorrido em 1999, na estrutura fisionômica, na composição e na diversidade de espécies. O fragmento florestal, com área de 57ha, localiza-se nas coordenadas de 21º09'S e 44º50'W, no município de Ibituruna, MG. Os inventários foram conduzidos em dois setores do fragmento. Na Encosta, foram realizados dois inventários: o primeiro, em 1997, antes do incêndio, foi feito em 15 parcelas de 5x50m e o segundo, em 2001, posterior ao incêndio, em 13 parcelas de 20x20m. No Vale, foi conduzido em 2001 um inventário em 13 parcelas de 20x20m distribuídas ao longo da linha de extinção do incêndio. Foram identificados e medidos (diâmetro e altura) de todos os indivíduos arbóreos com diâmetro à altura do peito (DAP) = 5cm. Foi realizado um inventário plani-altimétrico do fragmento e obtidas variáveis topográficas para as parcelas. Amostras do solo superficial (0-20cm de profundidade) foram coletadas nas parcelas para análises das propriedades químicas e texturais. Foram obtidos, ainda, para cada parcela, um índice de dano por fogo (IdF) e um fator borda. Essas variáveis foram empregadas em uma análise de correspondência canônica (CCA) dos padrões de distribuição da abundância das espécies nas parcelas. O incêndio teve conseqüências fortes para o componente arbóreo da vegetação. O fogo reduziu por mortalidade a densidade e a área basal de indivíduos arbóreos, por hectare, principalmente, entre os das menores classes diamétricas e de altura. A proporção de indivíduos mortos em pé aumentou, significativamente, com o aumento do índice de dano por fogo. Espécies exigentes de luz, como Luehea grandiflora, Actinostemon concolor, Cupania vernalis, Machaerium villosum e Piptadenia gonoacantha, subiram na ordem de abundância relativa. Houve um aumento na diversidade e riqueza de espécies de árvores após o fogo, provavelmente devido ao incremento das espécies pioneiras nas áreas abertas pelo fogo. Apesar da perturbação da comunidade pelo fogo, a distribuição da abundância das espécies expressa pela área basal foi, significativamente correlacionada de forma negativa com o fator borda, à variável topográfica cota x desnível e com o índice de dano por fogo, que refletem, primariamente, condições de disponibilidade de água e luz.