Considerações sobre prejuízos e preservação de café beneficiado armazenado, em função do ataque do caruncho do café Araecerus fasciculatus (De Geer, 1775) (Coleoptera, Anthribidae) / Edgard Alberto Bitran.

Tese (doutorado)-- Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo, Piracicaba, SP, 1972.

Ensaios de determinação de prejuízos em café beneficiado, causados pelo caruncho do café Araecerus fasciculatus (De Geer, 1775) (Coleoptera, Anthribidae), foram executados em armazém do Instituto Brasileiro do Café, em Santos, SP. Nesses ensaios, procurou-se estudar o comportamento de sacos de papel kraft multifolhados (4, 5 e 6 folhas), comparativamente à sacaria de juta. As amostras de café ensacadas foram infestadas no interior de gaiolas teladas, sendo armazenadas por períodos de 6 a 9 meses. Em uma das gaiolas, apenas com sacos de juta, parte das amostras de café foi tratada com malation (8 p.p.m.) A umidade inicial dos grãos era, em média, de 13,2%. As condições ambientais no armazém, durante a experimentação, decorreram com umidade relativa, na maior parte, acima de 90% sendo alta a temperatura nos últimos meses. O desenvolvimento de infestações e registro dos prejuízos ocasionados por esse antribídeo, foram também, determinados em frascos plásticos. Outros ensaios, elaborados em São Paulo, visaram estabelecer a ação residual dos produtos malatiom e gardona sobre adultos de A. fasciculatus, biologicamente. Outrossim, realizaram-se experimentos de fumigação, tendo em vista o controle de todas as fases de desenvolvimento do caruncho do café, em embalagens de juta e de papel kraft multifolhadas (4, 5 e 6 folhas), com o emprego do brometo de metila e da fosfina, sob cobertura de envoltórios plásticos. De acordo com os resultados obtidos e discutidos, nas condições experimentais, foram estabelecidas as seguintes conclusões: - Houve uma correlação positiva e altamente significativa entre a porcentagem de perda de peso das amostras, a percentagem de grãos carunchados e o número de carunchos presentes nas amostras. - Quanto ao nível dos prejuízos, ocorreu uma variação altamente significativa entre as amostras acondicionadas em sacos de juta e/ou de papel kraft multifolhados. As amostras contidas em embalagens de papel kraft multifolhadas foram menos danificadas. - Nos frascos, as amostras de café submetidas à maior infestação, foram mais acentuadamente avariadas. - As amostras de café, com e sem tratamento de malatiom, submetidas à ação da praga no interior da gaiola, não diferiram entre si em relação aos danos. - O caruncho do café não interferiu na alteração da cor dos grãos, sendo mantida a mesma bebida do café. - As embalagens de papel kraft multifolhadas (4, 5 e 6 folhas) do tipo valvulado, não impediram a penetração dos carunchos, tendo sido perfuradas. A perfuração pode dar-se de fora para dentro ou de dentro para fora. - Nos ensaios biológicos para avaliação da persistência residual do melatiom e da Gardona sobre a praga, os efeitos para contagens (após 3 e 9 dias), para dosagens (8 e 20 p.p.m.) e dias após tratamento (mensalmente, até sete meses), foram altamente significativos; não houve diferença significativa para efeitos dos produtos. - Do resultado da análise da variância efetuada para os ensaios biológicos, foram calculadas quatro linhas de regressão, todas de 1º grau, que representam a média dos produtos. - No controle de A. fasciculatus, não houve diferença nos resultados da fumigação de café beneficiado acondicionado em sacos de juta e de papel kraft multifolhados (4, 5 e 6 folhas). As dosagens de 0,50 g de p.a. de fosfina durante 48 horas e 0,40 g numa exposição de 72 horas, assim como a de 20 ml de brometo de metila num período de 24 horas, por m³ de câmara, exerceram 100% de controle sobre as formas imaturas da praga; o brometo de metila teve, também, na dosagem de 15 ml um excelente comportamento nesse controle. Os dois fumigantes controlaram completamente os carunchos adultos, em todas as dosagens e períodos de exposição utilizados.