Blastomicose sul-americana, aspectos periodontais : estudo clínico e histopatológico, importância da terapêutica periodontal / Nelson Thomaz Lascala.

Por: Lascala, Nelson ThomazDetalhes da publicação: São Paulo : [s.n.], 1970Notas: 62 f. : ilAssunto(s): Blastomicoses | PeriodontiaClassificação Decimal de Dewey: 616.9 Nota de dissertação: Tese (livre docência) - Universidade de São Paulo, 1970 Sumário: Verificamos pela revisão da literatura , a quase inexistência de trabalhos sobre a blastomicose sul-americana, do ponto de vista odontológico. Propusemo-nos, assim, estudar o aspecto periodontal da mesma, em relação a algumas terapêuticas que possam preservar os dentes desses doentes por mais algum tempo. A finalidade do presente estudo foi determinar clínica, histopatológica e radiograficamente o comportamento dos tecidos periondontais frente à raspagem coronária e radicular como medida inicial de um tratamento periodontal, pois após a mesma é que serão instituídas as demais fases do tratamento, que não cabem no escopo desta tese. A raspagem coronária e radicular foi realizada sob anestesia, em um dos hemiarcos do mesmo paciente, servindo o outro lado como testemunha. Previamente à raspagem, procedíamos a biópsia bilateral nas regiões vestíbulo-proximais. Foram realizadas seis (6) biópsias em cada paciente, com a finalidade de acompanhar a evolução histológica em decorrência do tratamento periodontal e a presença ou não de parasitos. Foram os preparados fixados em líquido BOUIN e as técnicas usadas para a evidenciação dos parasitos foram as do P.A.S. e de GOMORI, da prata metenamina. Estas observações foram realizadas em 37 pacientes portadores de blastomicose sul-americana com idades variando de 14 (quatorze) a 57 (cincoenta e sete) anos. O grau de envolvimento periondontal foi avaliado por meio de um completo exame clínico e radiográfico dos dentes e maxilares. Clinicamente, o fato que mais nos chamou a atenção foi a diminuição da mobilidade dentária, após a raspagem. O processo de reparação obedeceu aos padrões usualmente verificados nos tecidos gengivais, em face ao tratamento periodontal. Observamos ainda uma diminuição na halitose bucal desses paciente, à medida que se processa a terapêutica específica (sulfas e derivados, Anfotericina B) e a periodontal (raspagem coronária e radicular). Do ponto de vista radiológico, os fatos mais significativos e que nos chamaram a atenção foram o desaparecimento da lâmina dura e o aumento do espaço periodontal. Histopatologicamente, encontramos nos trinta e sete pacientes, o Paracoccidioides brasiliensis em quinze casos, o que nos dá uma porcentagem de quarenta e meio por cento (40,5%). Dos quinze pacientes em que foi constatada a presença do parasito no periodonto, em quatorze (14), existiam lesões bucais, o que dá uma porcentagem de noventa e três vírgula três por cento (93,3%). Nos hemiarcos raspados, e nos quais observamos a presença do parasito na primeira biópsia, o quadro histopatológico era predominantemente de inflamação crônica intensa, na totalidade das lâminas. Nas segundas biópsias notava-se uma regressão evidente do processo inflamatório, que passava de intenso para moderado. Geralmente o blastomiceto encontrava-se ausente e, quando não, o seu número era bem reduzido, como nos casos vinte e oito(28) e trinta e seis(36). Nas terceiras biópsias a reparação tecidual estava, também, praticamente completada, e não verificávamos mais a presença do blastomiceto, com exceção dos casos retrocitados. No "lado contrôle", sem raspagem, quando a presença de parasitos foi observada na primeira biópsia, o fungo pôde ser comprovado nas biópsias subseqüentes, em meio a uma reação inflamatória pouco atenuada, sem evidência de seqüência de reparação. Ficou evidente que o tratamento periodontal - raspagem coronária e radicular - é uma necessidade que se impõe, conjugada à terapêutica sistêmica específica, a qual isoladamente, comprovamos, é ineficaz para a eliminação dos blastomicetos sediados nas bolsas gengivais e periodontais. Portanto, a nosso ver, deveria ser assumida uma atitude mais conservadora, evitando, em muitos casos, a prática da exodontia, a qual vem sendo sistematicamente realizada, com grave mutilação do dente. Finalizando, estamos ciente de que deverão seguir-se novos estudos; porém, seria de interêsse que estes últimos não ficassem restritos ao campo da priodontia e sim que abrangessem as demais especialidades odontológicas, porque como disse muito propriamente Pinto Lima em 1952, "este é um problema de patologia regional e sua solução pesa exclusivamente nos nossos ombros e só muito indiretamente poderá beneficiar-se de auxílio vendo de outras regiões". Torna-se, portanto, dever de todos que se dedicam às especialidades biológicas cooperarem para sua total solução.
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Tese (livre docência) - Universidade de São Paulo, 1970

Verificamos pela revisão da literatura , a quase inexistência de trabalhos sobre a blastomicose sul-americana, do ponto de vista odontológico. Propusemo-nos, assim, estudar o aspecto periodontal da mesma, em relação a algumas terapêuticas que possam preservar os dentes desses doentes por mais algum tempo. A finalidade do presente estudo foi determinar clínica, histopatológica e radiograficamente o comportamento dos tecidos periondontais frente à raspagem coronária e radicular como medida inicial de um tratamento periodontal, pois após a mesma é que serão instituídas as demais fases do tratamento, que não cabem no escopo desta tese. A raspagem coronária e radicular foi realizada sob anestesia, em um dos hemiarcos do mesmo paciente, servindo o outro lado como testemunha. Previamente à raspagem, procedíamos a biópsia bilateral nas regiões vestíbulo-proximais. Foram realizadas seis (6) biópsias em cada paciente, com a finalidade de acompanhar a evolução histológica em decorrência do tratamento periodontal e a presença ou não de parasitos. Foram os preparados fixados em líquido BOUIN e as técnicas usadas para a evidenciação dos parasitos foram as do P.A.S. e de GOMORI, da prata metenamina. Estas observações foram realizadas em 37 pacientes portadores de blastomicose sul-americana com idades variando de 14 (quatorze) a 57 (cincoenta e sete) anos. O grau de envolvimento periondontal foi avaliado por meio de um completo exame clínico e radiográfico dos dentes e maxilares. Clinicamente, o fato que mais nos chamou a atenção foi a diminuição da mobilidade dentária, após a raspagem. O processo de reparação obedeceu aos padrões usualmente verificados nos tecidos gengivais, em face ao tratamento periodontal. Observamos ainda uma diminuição na halitose bucal desses paciente, à medida que se processa a terapêutica específica (sulfas e derivados, Anfotericina B) e a periodontal (raspagem coronária e radicular). Do ponto de vista radiológico, os fatos mais significativos e que nos chamaram a atenção foram o desaparecimento da lâmina dura e o aumento do espaço periodontal. Histopatologicamente, encontramos nos trinta e sete pacientes, o Paracoccidioides brasiliensis em quinze casos, o que nos dá uma porcentagem de quarenta e meio por cento (40,5%). Dos quinze pacientes em que foi constatada a presença do parasito no periodonto, em quatorze (14), existiam lesões bucais, o que dá uma porcentagem de noventa e três vírgula três por cento (93,3%). Nos hemiarcos raspados, e nos quais observamos a presença do parasito na primeira biópsia, o quadro histopatológico era predominantemente de inflamação crônica intensa, na totalidade das lâminas. Nas segundas biópsias notava-se uma regressão evidente do processo inflamatório, que passava de intenso para moderado. Geralmente o blastomiceto encontrava-se ausente e, quando não, o seu número era bem reduzido, como nos casos vinte e oito(28) e trinta e seis(36). Nas terceiras biópsias a reparação tecidual estava, também, praticamente completada, e não verificávamos mais a presença do blastomiceto, com exceção dos casos retrocitados. No "lado contrôle", sem raspagem, quando a presença de parasitos foi observada na primeira biópsia, o fungo pôde ser comprovado nas biópsias subseqüentes, em meio a uma reação inflamatória pouco atenuada, sem evidência de seqüência de reparação. Ficou evidente que o tratamento periodontal - raspagem coronária e radicular - é uma necessidade que se impõe, conjugada à terapêutica sistêmica específica, a qual isoladamente, comprovamos, é ineficaz para a eliminação dos blastomicetos sediados nas bolsas gengivais e periodontais. Portanto, a nosso ver, deveria ser assumida uma atitude mais conservadora, evitando, em muitos casos, a prática da exodontia, a qual vem sendo sistematicamente realizada, com grave mutilação do dente. Finalizando, estamos ciente de que deverão seguir-se novos estudos; porém, seria de interêsse que estes últimos não ficassem restritos ao campo da priodontia e sim que abrangessem as demais especialidades odontológicas, porque como disse muito propriamente Pinto Lima em 1952, "este é um problema de patologia regional e sua solução pesa exclusivamente nos nossos ombros e só muito indiretamente poderá beneficiar-se de auxílio vendo de outras regiões". Torna-se, portanto, dever de todos que se dedicam às especialidades biológicas cooperarem para sua total solução.

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