Estratificação vertical de comunidades de morcegos em clareiras abertas em matas de terra-firme da Amazônia Central / Bernard, Eurico.

Por: Bernard, EuricoColaborador(es):Gascon, Claude [Orientador]Detalhes da publicação: Manaus: [s.n.], 1997Notas: 113 f. : ilAssunto(s): Morcegos | Floresta de Terra Firme | Estratificação vertical | Amazônia CentralClassificação Decimal de Dewey: T 599.4 Nota de dissertação: Dissertação (mestre) - INPA/UFAM, 1997 Sumário: Através da utilização de redes de capturas no dossel, entre 17 e 30 metros de altura, e no sub-bosque, a até 2,5 metros, investiguei a estratificação vertical de comunidades de morcegos que utilizam como habitat pequenas clareiras abertas em florestas primárias da Amazônia Central. Este estudo foi realizado em duas das reservas do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, a cerca de 80 km ao norte da cidade de Manaus, Amazonas, Brasil. Dezessete clareiras naturais e de pequeno porte, com área variando entre 70 e 240 m², foram amostradas durante o período de agosto de 1996 a agosto de 1997, em um esforço de 3398 horas.rede. Foram capturados 936 indivíduos, pertencentes a 6 famílias, 27 gêneros e 51 espécies. Utilizando a técnica de Escalonamento Multidimensional Não Métrico (NMMDS) verifiquei que existe uma bem marcada estratificação vertical entre as espécies que freqüentam as clareiras. Estas mostraram-se heterogeneamente distribuídas entre o sub-bosque e o dossel da floresta, sendo o dossel uma região intensamente utilizada. As espécies pertencentes à sub-família Stenodermatinae foram mais abundantes junto ao dossel. Membros das sub-famílias Carollinae e Phyllostominae utilizaram com mais freqüência o sub-bosque da floresta, assim como nectarívoros das sub-famílias Glossophaginae e Lonchophyllinae. A sub-família Sturnirinae se mostrou igualmente distribuída entre o dossel e o sub-bosque da floresta. A família Mormoopidae utilizou predominantemente o sub-bosque, assim como os membros da família Thyropteridae. Emballonurídeos e Vespertilionídeos se mostraram igualmente distribuídos entre o sub-bosque e dossel, enquanto que Molosídeos utilizaram predominantemente a região acima do dossel, com incursões esporádicas para o interior das clareiras. Através da técnica de NMMDS não foi possível constatar distinção significativa entre as espécies capturadas no interior e exterior das clareiras. Tal constatação reforçou a hipótese de que pequenas clareiras decorrentes da queda de uma a três árvores parecem não influenciar fortemente a comunidade de morcegos do sub-bosque da floresta. Várias das espécies capturadas no interior das clareiras são classificadas por outros autores como especialistas em mata-fechada, e apenas uma pequena parcela das espécies parece ter suas atividades restritas ao interior das clareiras. Análises de amostras fecais de 36 espécies indicaram a existência de espécies frugívoras, insetívoras e onívoras. Vinte e cinco categorias de alimentos foram classificadas, sendo que 16 foram sementes. Destas, Vismia sp. foi a mais freqüente, sendo registrada nas fezes de 11 espécies. As sub-famílias Carollinae e Stenodermatinae mostraram-se predominantemente frugívoras. Vismia sp. foi o alimento mais importante estando presente em cerca de 70 % das amostras de Carollia perspicillata, 83 % das amostras de Artibeus concolor, e em 55 % das de Rhinophylla pumilio (as três espécies mais abundantes deste estudo). Entre os membros da sub-família Phyllostominae os insetos foram o componente mais encontrado nas fezes, chegando a representar 100 % do conteúdo amostrado de espécies como Mimon crenulatum, Phyllostomus elongatus, e Micronycteris hirsuta. Os membros da sub-família Sturnirinae se mostraram divididos entre frutos da família Solanaceae, para Sturnira lilium, e frutos de Vismia, para Sturnira tildae. Todas as amostras fecais das espécies das famílias Mormoopidae, Vespertilionidae, e Emballonuridae foram compostas por insetos, sendo coleópteros o componente mais freqüente. O horário de capturas das 16 espécies mais abundantes mostra a existência de diferentes padrões de atividade. Membros da sub-família Carollinae apresentaram pico de atividade nas duas primeiras horas após o pôr do sol, e atividade uniforme durante o restante da noite. Entre os Phyllostominae, o horário de maior atividade também ocorre nas duas primeiras horas após o pôr do sol, porém a atividade destas espécies sofre um decréscimo acentuado durante o meio da noite. Entre as espécies do gênero Artibeus, a primeira hora após o pôr do sol é um período de baixa atividade. A partir de então começa a ocorrer diferenças entre cada espécie, havendo desde atividade uniforme durante toda a noite (A. concolor e A. gnomos), até preferência pelo final da madrugada (A. Iituratus). A família Mormoopidae apresentou ausência de atividade no início da noite e final da madrugada. Através de observações pessoais verifiquei que espécies das famílias Emballonuridae e Vespertilonidae eram as primeiras a voar nas clareiras, iniciando sua atividade até antes do pôr do sol. Ao longo da noite estas espécies se mostraram muito pouco ativas, retornando às clareiras somente no início da manhã. Diferentes padrões de reprodução foram registrados entre as espécies, mas de maneira geral, três picos de reprodução foram observados: outubro/novembro de 1996; janeiro/fevereiro de 1997; e julho/agosto de 1997. As espécies que compõem a família Phyllostomidae são consideradas poliestras bimodais, com duas crias por ano. Para Carollinae, janeiro/fevereiro e julho/agosto de 1997 foram os meses de pico reprodutivo. Para Stenodermatinae um dos picos reprodutivos ocorreu em outubro/novembro, e os demais em fevereiro e julho/agosto. Pteronotus parnellii (Mormoopidae) é considerada uma espécie com padrão monoestral. Os picos reprodutivos ocorreram no final da estação seca e no meio da estação chuvosa, período correspondente à maior disponibilidade de flores e frutos, respectivamente. Espécies que dependem mais fortemente de insetos em suas dietas, como Tonatia silvicola e Tonatia saurophila, Phyllostomus elongatus, Mimon crenulatum, Saccopteryx leptura e S. bilineata apresentaram maior atividade reprodutiva nos meses de janeiro a maio, período tido como de maior abundância populacional de insetos.
Tags desta biblioteca: Sem tags desta biblioteca para este título. Faça o login para adicionar tags.
    Avaliação média: 0.0 (0 votos)
Tipo de material Biblioteca atual Setor Classificação Situação Previsão de devolução Código de barras
Livro Livro
Dissertação T 599.4 B518e (Percorrer estante(Abre abaixo)) Disponível 98-0217
Livro Livro
Dissertação T 599.4 B518e (Percorrer estante(Abre abaixo)) Disponível 98-0218

Dissertação (mestre) - INPA/UFAM, 1997

Através da utilização de redes de capturas no dossel, entre 17 e 30 metros de altura, e no sub-bosque, a até 2,5 metros, investiguei a estratificação vertical de comunidades de morcegos que utilizam como habitat pequenas clareiras abertas em florestas primárias da Amazônia Central. Este estudo foi realizado em duas das reservas do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, a cerca de 80 km ao norte da cidade de Manaus, Amazonas, Brasil. Dezessete clareiras naturais e de pequeno porte, com área variando entre 70 e 240 m², foram amostradas durante o período de agosto de 1996 a agosto de 1997, em um esforço de 3398 horas.rede. Foram capturados 936 indivíduos, pertencentes a 6 famílias, 27 gêneros e 51 espécies. Utilizando a técnica de Escalonamento Multidimensional Não Métrico (NMMDS) verifiquei que existe uma bem marcada estratificação vertical entre as espécies que freqüentam as clareiras. Estas mostraram-se heterogeneamente distribuídas entre o sub-bosque e o dossel da floresta, sendo o dossel uma região intensamente utilizada. As espécies pertencentes à sub-família Stenodermatinae foram mais abundantes junto ao dossel. Membros das sub-famílias Carollinae e Phyllostominae utilizaram com mais freqüência o sub-bosque da floresta, assim como nectarívoros das sub-famílias Glossophaginae e Lonchophyllinae. A sub-família Sturnirinae se mostrou igualmente distribuída entre o dossel e o sub-bosque da floresta. A família Mormoopidae utilizou predominantemente o sub-bosque, assim como os membros da família Thyropteridae. Emballonurídeos e Vespertilionídeos se mostraram igualmente distribuídos entre o sub-bosque e dossel, enquanto que Molosídeos utilizaram predominantemente a região acima do dossel, com incursões esporádicas para o interior das clareiras. Através da técnica de NMMDS não foi possível constatar distinção significativa entre as espécies capturadas no interior e exterior das clareiras. Tal constatação reforçou a hipótese de que pequenas clareiras decorrentes da queda de uma a três árvores parecem não influenciar fortemente a comunidade de morcegos do sub-bosque da floresta. Várias das espécies capturadas no interior das clareiras são classificadas por outros autores como especialistas em mata-fechada, e apenas uma pequena parcela das espécies parece ter suas atividades restritas ao interior das clareiras. Análises de amostras fecais de 36 espécies indicaram a existência de espécies frugívoras, insetívoras e onívoras. Vinte e cinco categorias de alimentos foram classificadas, sendo que 16 foram sementes. Destas, Vismia sp. foi a mais freqüente, sendo registrada nas fezes de 11 espécies. As sub-famílias Carollinae e Stenodermatinae mostraram-se predominantemente frugívoras. Vismia sp. foi o alimento mais importante estando presente em cerca de 70 % das amostras de Carollia perspicillata, 83 % das amostras de Artibeus concolor, e em 55 % das de Rhinophylla pumilio (as três espécies mais abundantes deste estudo). Entre os membros da sub-família Phyllostominae os insetos foram o componente mais encontrado nas fezes, chegando a representar 100 % do conteúdo amostrado de espécies como Mimon crenulatum, Phyllostomus elongatus, e Micronycteris hirsuta. Os membros da sub-família Sturnirinae se mostraram divididos entre frutos da família Solanaceae, para Sturnira lilium, e frutos de Vismia, para Sturnira tildae. Todas as amostras fecais das espécies das famílias Mormoopidae, Vespertilionidae, e Emballonuridae foram compostas por insetos, sendo coleópteros o componente mais freqüente. O horário de capturas das 16 espécies mais abundantes mostra a existência de diferentes padrões de atividade. Membros da sub-família Carollinae apresentaram pico de atividade nas duas primeiras horas após o pôr do sol, e atividade uniforme durante o restante da noite. Entre os Phyllostominae, o horário de maior atividade também ocorre nas duas primeiras horas após o pôr do sol, porém a atividade destas espécies sofre um decréscimo acentuado durante o meio da noite. Entre as espécies do gênero Artibeus, a primeira hora após o pôr do sol é um período de baixa atividade. A partir de então começa a ocorrer diferenças entre cada espécie, havendo desde atividade uniforme durante toda a noite (A. concolor e A. gnomos), até preferência pelo final da madrugada (A. Iituratus). A família Mormoopidae apresentou ausência de atividade no início da noite e final da madrugada. Através de observações pessoais verifiquei que espécies das famílias Emballonuridae e Vespertilonidae eram as primeiras a voar nas clareiras, iniciando sua atividade até antes do pôr do sol. Ao longo da noite estas espécies se mostraram muito pouco ativas, retornando às clareiras somente no início da manhã. Diferentes padrões de reprodução foram registrados entre as espécies, mas de maneira geral, três picos de reprodução foram observados: outubro/novembro de 1996; janeiro/fevereiro de 1997; e julho/agosto de 1997. As espécies que compõem a família Phyllostomidae são consideradas poliestras bimodais, com duas crias por ano. Para Carollinae, janeiro/fevereiro e julho/agosto de 1997 foram os meses de pico reprodutivo. Para Stenodermatinae um dos picos reprodutivos ocorreu em outubro/novembro, e os demais em fevereiro e julho/agosto. Pteronotus parnellii (Mormoopidae) é considerada uma espécie com padrão monoestral. Os picos reprodutivos ocorreram no final da estação seca e no meio da estação chuvosa, período correspondente à maior disponibilidade de flores e frutos, respectivamente. Espécies que dependem mais fortemente de insetos em suas dietas, como Tonatia silvicola e Tonatia saurophila, Phyllostomus elongatus, Mimon crenulatum, Saccopteryx leptura e S. bilineata apresentaram maior atividade reprodutiva nos meses de janeiro a maio, período tido como de maior abundância populacional de insetos.

Área de concentração: Ecologia.

Não há comentários sobre este título.

para postar um comentário.

Clique em uma imagem para visualizá-la no visualizador de imagem

Powered by Koha