Estudos bionômicos de Saguinus bicolor (Spix, 1823) (Callitrichidae : Primates), em mata tropical alterada, Manaus, AM / Silvia Gonçalves Egler.

Por: Egler, Silvia GonçalvesColaborador(es):Carvalho, Cory Teixeira de [Orientador]Detalhes da publicação: Campinas [s.n.] 1986Notas: 175 f. : ilAssunto(s): Sauim-de-coleira -- Manaus (AM)Classificação Decimal de Dewey: 599.82 Nota de dissertação: Dissertação (mestre) - Universidade Estadual de Campinas, 1986 Sumário: Este estudo está baseado em observações de campo de um grupo de Saguinus b. bicolor (Spix, 1823) -"sauim-de-coleira" (Callitrichidae: Primates) em uma área de propriedade particular, de mata tropical alterado, cercada, próxima a Manaus. O período de estudo abrangeu um ano, ou seja, incluiu as mudanças sazonais, de modo a detectar suas influências sobre as atividades dos indivíduos do grupo. Durante os 11 meses de coleta dos dados (maio de 1983 a abril de 1984), houve três estações, caracterizadas pela evapotranspiração potencial: duas épocas úmidas (de abril a junho de 1983 e de janeiro a abril de 1984) e uma época mais seca (de julho a dezembro de 1983). A área de estudo, com 20 ha, situa-se na margem esquerda do rio Negro, no local conhecido como Praia de Ponta Negra, 30 km a oeste do centro de Manaus. Nesta, foi estabelecida uma rede de trilhas de 50 x 50 metros, com placas de identificação nos cruzamentos. Além do grupo de Saguinus b. bicolor observado, mais dois grupos do sauim-de-coleira e pelo menos 15 indivíduos de Pithecia pithecia (Parauacú - Cebidae), habitavam a área de estudo. Quatro tipos fisionômicos de vegetação ocorrem na área: capoeira, compinarana, vegetação secundária alta e manchas de palmeiras. Para a obtenção dos dados, sobre o comportamento social, locomoção, padrões de atividade, área de vida e hábitos alimentares, foi necessário, inicialmente, acostumar os animais do grupo aos observadores. Após três meses, teve início a coleta sistemática dos dados. O procedimento básico constituía em acompanhar o grupo desde o início de suas atividades até quando penetravam nos locais de dormida. As coletas, foram, em média, realizadas durante quatro dias por mês. O método utilizado foi o de "scanning", onde a cada cinco minutos foram compilados dados instantâneos (um minuto), referente a hora, atividade, número de animais visíveis, estimativa da altura em que se encontravam nas árvores, quadrado ocupado e tipos de alimento ingeridos. Os dados de atividade concentraram-se em quatro tipos mais facilmente identificáveis: repouso, alimentação, viajar e procurar instos. Foram utilizadas fichas de campo com mapa da área, preferencialmente a gravações em micro-cassete. Das obervações pude comprovar que: o tamanho do grupo variou de seis a dez indivíduos; reproduziram-se duas vezes durante as estações úmidas (maio e novembro de 1983), com parição de gêmeos; as sessões de catação e brincadeiras restringiam-se aos períodos de repouso; possuíam quatro tipos diferentes de vocalização (grito de chamado, de alarme, de alerta e vocalizações características dos jovens); os contatos intergrupais variou entre contatos agressivos (grupos "1" e "3") e não agressivos (grupos "1" e "2"); apresentaram marcação olfativa circungenitais e suprapúbicas; dividiam sua área de vida e alguns recursos alimentares com os parauacús e com pequenas aves; os animais deslocavam-se, preferencialmente, de modo quadrupedal em substratos horizontais e saltando, raramente, entre substratos verticais, apenas quando procuravam insetos; acordavam tarde (com o sol já alto), viajavam para as árvores frutíferas, comiam e repousavam até o final da manhã, quando intensificavam a procura de insetos, no início da tarde, reiniciavam suas viagens com pequenos períodos de alimentação com frutos e insetos até penetrarem nos locais de pernoite; apresentaram preferências entre altura e atividade (repouso - alturas maiores, alimentação e viajar - alturas médias e procurar insetos - alturas baixas); a área de vida ocupada foi de 12 ha e sobrepunha-se com a dos outros dois grupos de S. b. bicolor vizinhos; utilizaram rotas estabelecidas que interligavam as três áreas centrais ("core areas"), que possuíam as plantas utlizadas como fonte de alimento; durante as estações úmidas utilizaram, preferencialmente, a vegetação secundária alta (época e maior frutificação) e na estação seca, a capoeira (vegetação de produtividade constante, durante todos os meses do ano); os locais de dormida constituíam-se de árvores altas com aglomerado de cipó; consumiam frutos pequenos, suculentos e maduros, de árvores com alturas médias e copas pequenas; consumiam, principalmente, três espécies de frutos durante as estações: Protium aracouchinii e Couma utilis, durante as estações úmidas, Myrcia cf. fallax, durante a estação seca e exsudações de árvores durante a estação seca. Das observações pude concluir que: o grupo manteve seu caráter familiar durante o estudo, com duas parições anuais e produção de dois filhotes por vez (apenas uma fêmea reproduziu); os deslocamentos do grupo foram regidos, principalmente, pela busca de recursos alimentares; estes concentraram-se em três manchas, duas em vegetação de capoeira e uma em vegetação secundária alta; a exploração das manchas variou de acordo com as estações do ano, a mancha em vegetação secundária alta, foi explorada durante as estações úmidas e as em capoeira, durante a estação seca; através da exploração de espécies de plantas com frutificação prolongada e gradativa, os animais obtém recursos alimentares garantidos durante todos os meses do ano.
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Dissertação T 599.82 E31 (Percorrer estante(Abre abaixo)) Disponível 00-0828

Dissertação (mestre) - Universidade Estadual de Campinas, 1986

Este estudo está baseado em observações de campo de um grupo de Saguinus b. bicolor (Spix, 1823) -"sauim-de-coleira" (Callitrichidae: Primates) em uma área de propriedade particular, de mata tropical alterado, cercada, próxima a Manaus. O período de estudo abrangeu um ano, ou seja, incluiu as mudanças sazonais, de modo a detectar suas influências sobre as atividades dos indivíduos do grupo. Durante os 11 meses de coleta dos dados (maio de 1983 a abril de 1984), houve três estações, caracterizadas pela evapotranspiração potencial: duas épocas úmidas (de abril a junho de 1983 e de janeiro a abril de 1984) e uma época mais seca (de julho a dezembro de 1983). A área de estudo, com 20 ha, situa-se na margem esquerda do rio Negro, no local conhecido como Praia de Ponta Negra, 30 km a oeste do centro de Manaus. Nesta, foi estabelecida uma rede de trilhas de 50 x 50 metros, com placas de identificação nos cruzamentos. Além do grupo de Saguinus b. bicolor observado, mais dois grupos do sauim-de-coleira e pelo menos 15 indivíduos de Pithecia pithecia (Parauacú - Cebidae), habitavam a área de estudo. Quatro tipos fisionômicos de vegetação ocorrem na área: capoeira, compinarana, vegetação secundária alta e manchas de palmeiras. Para a obtenção dos dados, sobre o comportamento social, locomoção, padrões de atividade, área de vida e hábitos alimentares, foi necessário, inicialmente, acostumar os animais do grupo aos observadores. Após três meses, teve início a coleta sistemática dos dados. O procedimento básico constituía em acompanhar o grupo desde o início de suas atividades até quando penetravam nos locais de dormida. As coletas, foram, em média, realizadas durante quatro dias por mês. O método utilizado foi o de "scanning", onde a cada cinco minutos foram compilados dados instantâneos (um minuto), referente a hora, atividade, número de animais visíveis, estimativa da altura em que se encontravam nas árvores, quadrado ocupado e tipos de alimento ingeridos. Os dados de atividade concentraram-se em quatro tipos mais facilmente identificáveis: repouso, alimentação, viajar e procurar instos. Foram utilizadas fichas de campo com mapa da área, preferencialmente a gravações em micro-cassete. Das obervações pude comprovar que: o tamanho do grupo variou de seis a dez indivíduos; reproduziram-se duas vezes durante as estações úmidas (maio e novembro de 1983), com parição de gêmeos; as sessões de catação e brincadeiras restringiam-se aos períodos de repouso; possuíam quatro tipos diferentes de vocalização (grito de chamado, de alarme, de alerta e vocalizações características dos jovens); os contatos intergrupais variou entre contatos agressivos (grupos "1" e "3") e não agressivos (grupos "1" e "2"); apresentaram marcação olfativa circungenitais e suprapúbicas; dividiam sua área de vida e alguns recursos alimentares com os parauacús e com pequenas aves; os animais deslocavam-se, preferencialmente, de modo quadrupedal em substratos horizontais e saltando, raramente, entre substratos verticais, apenas quando procuravam insetos; acordavam tarde (com o sol já alto), viajavam para as árvores frutíferas, comiam e repousavam até o final da manhã, quando intensificavam a procura de insetos, no início da tarde, reiniciavam suas viagens com pequenos períodos de alimentação com frutos e insetos até penetrarem nos locais de pernoite; apresentaram preferências entre altura e atividade (repouso - alturas maiores, alimentação e viajar - alturas médias e procurar insetos - alturas baixas); a área de vida ocupada foi de 12 ha e sobrepunha-se com a dos outros dois grupos de S. b. bicolor vizinhos; utilizaram rotas estabelecidas que interligavam as três áreas centrais ("core areas"), que possuíam as plantas utlizadas como fonte de alimento; durante as estações úmidas utilizaram, preferencialmente, a vegetação secundária alta (época e maior frutificação) e na estação seca, a capoeira (vegetação de produtividade constante, durante todos os meses do ano); os locais de dormida constituíam-se de árvores altas com aglomerado de cipó; consumiam frutos pequenos, suculentos e maduros, de árvores com alturas médias e copas pequenas; consumiam, principalmente, três espécies de frutos durante as estações: Protium aracouchinii e Couma utilis, durante as estações úmidas, Myrcia cf. fallax, durante a estação seca e exsudações de árvores durante a estação seca. Das observações pude concluir que: o grupo manteve seu caráter familiar durante o estudo, com duas parições anuais e produção de dois filhotes por vez (apenas uma fêmea reproduziu); os deslocamentos do grupo foram regidos, principalmente, pela busca de recursos alimentares; estes concentraram-se em três manchas, duas em vegetação de capoeira e uma em vegetação secundária alta; a exploração das manchas variou de acordo com as estações do ano, a mancha em vegetação secundária alta, foi explorada durante as estações úmidas e as em capoeira, durante a estação seca; através da exploração de espécies de plantas com frutificação prolongada e gradativa, os animais obtém recursos alimentares garantidos durante todos os meses do ano.

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