Interações com a pesca, mortalidade, idade, reprodução e crescimento de Sotalia guianensis e Pontoporia blainvillei (Cetacea, Delphinidae e Pontoporiidae) no litoral sul do Estado de São Paulo e litoral do Estado do Paraná, Brasil / Fernando César Weber Rosas.

Por: Rosas, Fernando César WeberColaborador(es):Monteiro Filho, Emygdio Leite de AraujoDetalhes da publicação: 2000Notas: 145 f. : ilAssunto(s): Boto (Mamífero aquático) -- Paraná | Sotalia guianensis | Pontoporia blainvilleiClassificação Decimal de Dewey: 599.5 Nota de dissertação: Tese (doutorado)-- Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2000. Sumário: O gênero Sotalia tem sido considerado como monoespecífico (S. fluviatilis), exibindo dois ecótipos, um fluvial e outro marinho (da Silva & Best, 1996). Recentemente, no entanto, Monteiro-Filho et al. (1999), através da morfometria geométrica, separaram elegantemente os ecótipos em duas espécies distintas; Sotalia fluviatilis (gervais, 1853) para a espécie distribuída na Bacia Amazônica, e Sotalia guianensis (van Beneden, 1864) para a espécie com distribuição estuarina e marinha costeira, desde Honduras (15º58'N) (da Silva & Best, 1996) até o Estado de Santa Catarina, no Brasil (27º35'S) (Simões-Lopes, 1987). Desta forma, adotei a designação Sotalia guianensis para os golfinhos do gênero Sotalia analisados neste trabalho. Em função da separação das espécies, o nome comum "tucuxi", até então utilizado na literatura para Sotalia spp., necessita revisão. Tucuxi é o nome utilizado pelos amazônidas para se referir à S. fluviatilis, espécie que habita os rios e lagos da Amazônia. No entanto, esta denominação comum não tem nenhum significado e é totalmente desconhecida para os moradores da região costeira do Brasil onde S. guianensis ocorre. Nestas localidades a espécie é chamada de boto, boto-preto ou boto-cinza (Siciliano, 1994; da Silva & Besst, 1994; Alves-Júnior et al., 1996; Ramos, 1997; Di Beneditto, 1997; Rosas, obs pess). Devido à coloração cinza da espécie, e para evitar maiores confusões com Inia geoffrensis, também chamado de boto na Amazônia, adotei a denominação comum de boto-cinza para S. guianensis neste trabalho. De maneira análoga, é necessária uma revisão do nome comum em inglês para S. guianensis. Embora não seja corriqueiro, a denominação comum "gray dolphin" ou "delfin gris" é eventualmente utilizada para se referir a Grampus griseus (Kruse et al., 1999), e pode gerar confusão se a designação "boto-cinza" utilizada para S. guianensis for traduzida literalmente para o inglês. Desta forma, considerando o hábito estuarino desta espécie, e seguindo a denominação já utilizada por Watson (1988), sugiro a adoção de "estuarine dolphin" como nome comum em inglês para S. guianensis. Os golfinhos do gênero Sotalia estão citados pela IUCN na categoria de "Dados Deficientes" porque carecem de informações necessárias para uma avaliação realista do status de conservação das espécies (IUCN, 1996). Segundo a CITES ("Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora"), Sotalia spp. está citado no apêndice I (espécies ameaçadas de extinção) (Schouten, 1992). De acordo com Vidal et al (1994) S. guianensis é provavelmente o golfinho mais capturado acidentalmente em pescarias no sul do Mar do Caribe. Capturas acidentais desta espécie também são freqüentes ao longo da costa do Atlântico sul Ocidental (Simões-Lopes & Ximenez, 1993; Siciliano, 1994; di Beneditto et al., 1998; Rosas & Oliveira, 1999). No entanto, a extensa distribuição do boto-cinza no litoral brasileiro dificulta estudos que incluam toda a costa do país onde a espécie ocorre, e com exceção dos trabalhos de Di Beneditto el al. (1998) e Ramos (1997) no litoral do Estado do Rio de Janeiro, as informações sobre mortalidade, idade, reprodução e crescimento, são inexistentes, ou baseadas apenas em um número muito reduzido de animais. O gênero Pontoporia também tem sido considerado monoespecífico (P. blainvillei). No entanto, pelo menos duas populações distintas são mencionadas na literatura com base em estudos osteológicos (Pinedo, 1991), genéticos (Secchi et al., 1998) e parasitológicos (Marigo et al., 1999). De acordo com Pinedo (1991), uma forma geográfica norte, com tamanhos corporais menores ocorre entre as latitudes 22º e 27º S, e uma forma geográfica sul, com dimensões corporais maiores ocorre entre os 32º e 38ºS. Contudo, as características das populações compreendidas entre as latitudes 27º e 32º S são ainda desconhecidas (Pinedo, op. cit.). No presente estudo foram analisados exemplares de P. blainvillei acidentalmente capturados entre os 25º 00' e 25º58' S e refere-se, portanto, aos espécimes do estoque norte da distribuição da espécie. Comumente conhecida como toninha no litoral do Brasil, P. blainvillei também está citada pela IUCN na categoria de espécie com "Dados Deficientes" (IUCN, 1996) e mencionada pela CITES como espécie "vunerável" (Schouten, 1992). Capturas acidentais de toninhas ao longo de toda a sua distribuição são freqüentes, e embora se desconheça o tamanho das populações e magnitude dessas capturas, caracterizam, sem dúvida, a maior ameaça à espécie (Crespo et. al., 1994; Praderi et al., 1989; Pinedo et al., 1989, Pinedo, 1994a; 1994b; Secchi et al., 1997; Di Beneditto et al., 1998). A maioria dos estudos realizados com P. blanvillei foi desenvolvida com as populações com distribuição ao sul dos 32º S (Pinedo, 1991; 1994a; 1994b; Crespo et al., 1994; Corcuera, 1994; Secchi et al., 1997; Walter, 1997), e apenas os estudos de Ramos (1997) e Di Beneditto et al. (1998) realizados no litoral norte do Estado do Rio de Janeiro (21º 35' S - 22º 25' S), tratam de maneira consistente a mortalidade, idade e reprodução de P. blainvillei que ocorre ao norte dos 27º S. Os principais objetivos deste trabalho foram estudar a mortalidade e as interações com a pesca, a idade, a reprodução e o crescimento de S. guianensis e P. blainvillei (Fig. 1a e 1b) do litoral sul do Estado de São Paulo e do litoral do Estado do Paraná.
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Tese (doutorado)-- Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2000.

O gênero Sotalia tem sido considerado como monoespecífico (S. fluviatilis), exibindo dois ecótipos, um fluvial e outro marinho (da Silva & Best, 1996). Recentemente, no entanto, Monteiro-Filho et al. (1999), através da morfometria geométrica, separaram elegantemente os ecótipos em duas espécies distintas; Sotalia fluviatilis (gervais, 1853) para a espécie distribuída na Bacia Amazônica, e Sotalia guianensis (van Beneden, 1864) para a espécie com distribuição estuarina e marinha costeira, desde Honduras (15º58'N) (da Silva & Best, 1996) até o Estado de Santa Catarina, no Brasil (27º35'S) (Simões-Lopes, 1987). Desta forma, adotei a designação Sotalia guianensis para os golfinhos do gênero Sotalia analisados neste trabalho. Em função da separação das espécies, o nome comum "tucuxi", até então utilizado na literatura para Sotalia spp., necessita revisão. Tucuxi é o nome utilizado pelos amazônidas para se referir à S. fluviatilis, espécie que habita os rios e lagos da Amazônia. No entanto, esta denominação comum não tem nenhum significado e é totalmente desconhecida para os moradores da região costeira do Brasil onde S. guianensis ocorre. Nestas localidades a espécie é chamada de boto, boto-preto ou boto-cinza (Siciliano, 1994; da Silva & Besst, 1994; Alves-Júnior et al., 1996; Ramos, 1997; Di Beneditto, 1997; Rosas, obs pess). Devido à coloração cinza da espécie, e para evitar maiores confusões com Inia geoffrensis, também chamado de boto na Amazônia, adotei a denominação comum de boto-cinza para S. guianensis neste trabalho. De maneira análoga, é necessária uma revisão do nome comum em inglês para S. guianensis. Embora não seja corriqueiro, a denominação comum "gray dolphin" ou "delfin gris" é eventualmente utilizada para se referir a Grampus griseus (Kruse et al., 1999), e pode gerar confusão se a designação "boto-cinza" utilizada para S. guianensis for traduzida literalmente para o inglês. Desta forma, considerando o hábito estuarino desta espécie, e seguindo a denominação já utilizada por Watson (1988), sugiro a adoção de "estuarine dolphin" como nome comum em inglês para S. guianensis. Os golfinhos do gênero Sotalia estão citados pela IUCN na categoria de "Dados Deficientes" porque carecem de informações necessárias para uma avaliação realista do status de conservação das espécies (IUCN, 1996). Segundo a CITES ("Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora"), Sotalia spp. está citado no apêndice I (espécies ameaçadas de extinção) (Schouten, 1992). De acordo com Vidal et al (1994) S. guianensis é provavelmente o golfinho mais capturado acidentalmente em pescarias no sul do Mar do Caribe. Capturas acidentais desta espécie também são freqüentes ao longo da costa do Atlântico sul Ocidental (Simões-Lopes & Ximenez, 1993; Siciliano, 1994; di Beneditto et al., 1998; Rosas & Oliveira, 1999). No entanto, a extensa distribuição do boto-cinza no litoral brasileiro dificulta estudos que incluam toda a costa do país onde a espécie ocorre, e com exceção dos trabalhos de Di Beneditto el al. (1998) e Ramos (1997) no litoral do Estado do Rio de Janeiro, as informações sobre mortalidade, idade, reprodução e crescimento, são inexistentes, ou baseadas apenas em um número muito reduzido de animais. O gênero Pontoporia também tem sido considerado monoespecífico (P. blainvillei). No entanto, pelo menos duas populações distintas são mencionadas na literatura com base em estudos osteológicos (Pinedo, 1991), genéticos (Secchi et al., 1998) e parasitológicos (Marigo et al., 1999). De acordo com Pinedo (1991), uma forma geográfica norte, com tamanhos corporais menores ocorre entre as latitudes 22º e 27º S, e uma forma geográfica sul, com dimensões corporais maiores ocorre entre os 32º e 38ºS. Contudo, as características das populações compreendidas entre as latitudes 27º e 32º S são ainda desconhecidas (Pinedo, op. cit.). No presente estudo foram analisados exemplares de P. blainvillei acidentalmente capturados entre os 25º 00' e 25º58' S e refere-se, portanto, aos espécimes do estoque norte da distribuição da espécie. Comumente conhecida como toninha no litoral do Brasil, P. blainvillei também está citada pela IUCN na categoria de espécie com "Dados Deficientes" (IUCN, 1996) e mencionada pela CITES como espécie "vunerável" (Schouten, 1992). Capturas acidentais de toninhas ao longo de toda a sua distribuição são freqüentes, e embora se desconheça o tamanho das populações e magnitude dessas capturas, caracterizam, sem dúvida, a maior ameaça à espécie (Crespo et. al., 1994; Praderi et al., 1989; Pinedo et al., 1989, Pinedo, 1994a; 1994b; Secchi et al., 1997; Di Beneditto et al., 1998). A maioria dos estudos realizados com P. blanvillei foi desenvolvida com as populações com distribuição ao sul dos 32º S (Pinedo, 1991; 1994a; 1994b; Crespo et al., 1994; Corcuera, 1994; Secchi et al., 1997; Walter, 1997), e apenas os estudos de Ramos (1997) e Di Beneditto et al. (1998) realizados no litoral norte do Estado do Rio de Janeiro (21º 35' S - 22º 25' S), tratam de maneira consistente a mortalidade, idade e reprodução de P. blainvillei que ocorre ao norte dos 27º S. Os principais objetivos deste trabalho foram estudar a mortalidade e as interações com a pesca, a idade, a reprodução e o crescimento de S. guianensis e P. blainvillei (Fig. 1a e 1b) do litoral sul do Estado de São Paulo e do litoral do Estado do Paraná.

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