Algumas características reprodutivas da cutia fêmea Dasyprocta prymnolopha (Wagler, 1831) criada em cativeiro / Diva Anélie de Araújo Guimarães.

Dissertação (mestre) - Universidade Federal do Pará/Museu Paraense Emílio Goeldi, 1993

Uma colônia de cutias da espécie Dasyprocta prymnolopha, foi mantida em cativeiro com a finalidade de se observar algumas características reprodutivas das fêmeas, tais como: determinação do número de produtos por parto, proporção sexual, duração da gestação, intervalo entre partos, peso ao nascer e peso ao desmame. Adicionalmente, os estudos colpocitológicos e morfológicos do sistema genital feminino, foram realizados em 12 fêmeas adultas e pluríparas em oito fêmeas adultas e nulíparas. Os animais foram mantidos em aulas de 1,21 X 3,13 metros, nas condições climatológicas encontradas no trópico úmido Amazônico. Os resultados obtidos para esta espécie indicam que: a reprodução é do tipo poliestral continua; 5,8% dos partos foram os gemelares, com o número médio de produtos ao parto igual a 1,80 + 0,57 filhotes, sendo 54% constituido de filhotes machos. O período de gestação foi de 104,33 + O,57 dias, com intervalo médio entre partos de 155,78 + 55,93 dias, enquanto que a duração do ciclo estral variou de 30,69 + 4,65 dias. Os filhotes apresentaram peso médio ao nascer de 188,92 + 25,18 g e ao desmame de 1469,18 + 267,70 g. Quanto ao comportamento reprodutivo, constatou-se e nas condições do cativeiro, as cutias apresentam o ritual de acasalamento típico, muito similar ao descrito na literatura. O parto frequentemente ocorre à noite, sendo que os filhotes possuem ao nascer padrão de formação bastante desenvolvido, pois locomovem-se com facilidade, possuem o corpo totalmente coberto de pelos e os olhos abertos. Em algumas ocasiões observou-se também agressões metidas pelos machos contra os animais recém-nascidos. A presença de reconstituição da membrana vaginal e o plug copulatório, foram características bem evidentes na genitália externa. Internamente o sistema reprodutor é formado pelos ovários, trompas com várias circunvoluções, útero dúplex, cérvix contendo de quatro à cinco anéis e vagina. Histologicamente, houve um aumento no número de camadas celulares do epitélio vaginal durante o proestro, tornando-se mais evidente no estro. Nas fases de metaestro e diestro as camadas celulares encontraram-se reduzidas. Quanto aos infiltrados leucocitários, observou-se maior taxa no metaestro, diminuindo no diestro e no proestro, estando ausente no estro; os vacúolos intracitoplasmáticos foram mais evidentes no proestro, estro e no metaestro. Os ovários apresentaram de um a dois folículos pré- ovulatórios, sendo também encontrados de um à três corpos lúteos funcionais. Foi observado também a presença de folículo biovular. No estudo colpocitológico todos os elementos celulares estiveram presentes em todas as fases do ciclo estral, porém, com proporções diferentes entre as referidas células, dependendo da fase. Deste modo, foi observado que as células mais freqüentes na fase de proestro, foram as superficiais anucleadas, as intermediárias e as parabasais; sendo que o estro caracterizou-se pela presença de células superficiais anucleadas e nucleadas, granulações intracelulares, muco, ausência de leucócitos e de vacúolos no citoplasma celular; na fase de metaestro, as células intermediárias estavam presentes em quantidade maior, houve também um aumento acentuado nos leucócitos e vacúolos intracitoplasmático; no diestro foram observadas em número maior de vezes as células parabasais, além quantidade reduzida de muco e leucócitos.