Dieta e relação de abundância de Panthera onca e Puma concolor com suas espécies-presa na Amazônia Central / Denise Mello do Prado.

Por: Prado, Denise Mello doColaborador(es):Keller, Cláudia [Orientadora] | Magnusson, William Ernest [Coorientador]Detalhes da publicação: Manaus: [s.n.], 2010Notas: xi, 45 fClassificação Decimal de Dewey: 599.744 280 413 Recursos online: Clique aqui para acessar online Nota de dissertação: Dissertação (mestrado)- INPA, Manaus, 2010. Sumário: A onça-pintada, Panthera onca, e a onça-parda, Puma concolor, ocorrem em simpatria na maior parte das florestas tropicais e sub-tropicais da América e frequentemente têm sido classificadas como predadores oportunistas. No entanto, pouco se sabe sobre a dieta desses predadores na região amazônica e sobre as relações entre a abundância das onças e a abundância de suas espécies-presa. Neste trabalho, nós acessamos a dieta de onça-pintada e de onça-parda por meio de amostras fecais e estimamos a abundância relativa de espécies-presa por meio de observação direta em transectos diurnos e de espécies-presa noturnas e das duas espécies de onça por meio de armadilhas de pegadas com fitiofisomias distintas na Amazônia Central-Setentrional. A identidade dos predadores foi determinada por meio de análise molecular das amostras fecais e a identificação das espécies-presa foi feita por meio de identificação dos pêlos presentes nas amostras. A sobreposição da dieta de onça-pintada e onça-parda foi alta em termos de biomassa de diferentes tipos de presas capturadas. A onça-parda capturou mamíferos de pequeno porte (10 kg) com maior frequência que mamíferos de médio e grande porte em todos os locais. A onça-pintada também capturou com maior frequência mamíferos de pequeno porte na Reserva Ducke, mas os mamíferos de grande porte (30 kg) contribuíram mais para a biomassa de presas capturadas nos demais locais, que foram analisados de maneira conjunta. Mamíferos arborícolas, principalmente representados pela preguiça-real, ocorreram em alta frequência na dieta de onça-parda na Reserva Ducke e em frequência moderada na dieta de onça-pintada neste local. Os índices de abundância de onça-pintada e onça-parda tenderam a correlacionar-se com os índices de abundância de mamíferos terrestres de médio porte (10-30 kg) nas quatro áreas amostradas, mas não com os índices de abundância de mamíferos de pequeno e grande porte. A relação observada com presas de médio porte sugere que os ítens mais importantes na dieta de onça-pintada e onça-parda na região centro-sententrional da Amazônia são os mamíferos de médio porte (10-30 kg). Nossos dados da dieta não dão suporte a uma presença significativa de presas de médio porte na dieta das duas onças. Há que considerar, no entanto, que o número de amostras fecais foi pequeno para Viruá, Uatumã e Maracá. Na Reserva Ducke, a baixa abundância de espécies-presa de médio porte em função da pressão de caça clandestina pode ser a causa da alta frequência de mamíferos de pequeno porte na dieta dos dois predadores. Uma revisão de estudos de dieta de P. onca e P. concolor em regiões de floresta tropical indicou que em áreas onde não ocorre o veado de calda branca, Odocoileus virginianus (uma espécie-presa de grande porte), os mamíferos de tamanho médio são os mais frequentes na dieta de ambas as onças. Nas áreas onde O. virginianus ocorre, ele é presa principal na dieta das duas onças, resultando em uma predominância de mamíferos de grande porte (30 kg). Possivelmente, as duas onças consomem prioritariamente mamíferos de grande porte onde estes ocorrem em abundância, são fáceis de capturar e não oferecem grande risco ao predador, mas em áreas onde este grupo de presas são mais escassos ou perigosos, o grupo de espécie-presa principal passa a ser os mamíferos de médio porte. Quando as presas de grande e médio porte estão menos disponíveis, as onças passam a utilizar os mamíferos de pequeno porte com maior frequência, podendo, inclusive, alimentar-se predominantemente de mamíferos arborícolas, como ocorreu na Reserva Ducke. Nossos resultados reforçam as evidências do caráter oportunista do comportamento alimentar de P. onca e P. concolor.
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Dissertação T 599.744 280 413 P896d (Percorrer estante(Abre abaixo)) Disponível 12-0234

Dissertação (mestrado)- INPA, Manaus, 2010.

A onça-pintada, Panthera onca, e a onça-parda, Puma concolor, ocorrem em simpatria na maior parte das florestas tropicais e sub-tropicais da América e frequentemente têm sido classificadas como predadores oportunistas. No entanto, pouco se sabe sobre a dieta desses predadores na região amazônica e sobre as relações entre a abundância das onças e a abundância de suas espécies-presa. Neste trabalho, nós acessamos a dieta de onça-pintada e de onça-parda por meio de amostras fecais e estimamos a abundância relativa de espécies-presa por meio de observação direta em transectos diurnos e de espécies-presa noturnas e das duas espécies de onça por meio de armadilhas de pegadas com fitiofisomias distintas na Amazônia Central-Setentrional. A identidade dos predadores foi determinada por meio de análise molecular das amostras fecais e a identificação das espécies-presa foi feita por meio de identificação dos pêlos presentes nas amostras. A sobreposição da dieta de onça-pintada e onça-parda foi alta em termos de biomassa de diferentes tipos de presas capturadas. A onça-parda capturou mamíferos de pequeno porte (10 kg) com maior frequência que mamíferos de médio e grande porte em todos os locais. A onça-pintada também capturou com maior frequência mamíferos de pequeno porte na Reserva Ducke, mas os mamíferos de grande porte (30 kg) contribuíram mais para a biomassa de presas capturadas nos demais locais, que foram analisados de maneira conjunta. Mamíferos arborícolas, principalmente representados pela preguiça-real, ocorreram em alta frequência na dieta de onça-parda na Reserva Ducke e em frequência moderada na dieta de onça-pintada neste local. Os índices de abundância de onça-pintada e onça-parda tenderam a correlacionar-se com os índices de abundância de mamíferos terrestres de médio porte (10-30 kg) nas quatro áreas amostradas, mas não com os índices de abundância de mamíferos de pequeno e grande porte. A relação observada com presas de médio porte sugere que os ítens mais importantes na dieta de onça-pintada e onça-parda na região centro-sententrional da Amazônia são os mamíferos de médio porte (10-30 kg). Nossos dados da dieta não dão suporte a uma presença significativa de presas de médio porte na dieta das duas onças. Há que considerar, no entanto, que o número de amostras fecais foi pequeno para Viruá, Uatumã e Maracá. Na Reserva Ducke, a baixa abundância de espécies-presa de médio porte em função da pressão de caça clandestina pode ser a causa da alta frequência de mamíferos de pequeno porte na dieta dos dois predadores. Uma revisão de estudos de dieta de P. onca e P. concolor em regiões de floresta tropical indicou que em áreas onde não ocorre o veado de calda branca, Odocoileus virginianus (uma espécie-presa de grande porte), os mamíferos de tamanho médio são os mais frequentes na dieta de ambas as onças. Nas áreas onde O. virginianus ocorre, ele é presa principal na dieta das duas onças, resultando em uma predominância de mamíferos de grande porte (30 kg). Possivelmente, as duas onças consomem prioritariamente mamíferos de grande porte onde estes ocorrem em abundância, são fáceis de capturar e não oferecem grande risco ao predador, mas em áreas onde este grupo de presas são mais escassos ou perigosos, o grupo de espécie-presa principal passa a ser os mamíferos de médio porte. Quando as presas de grande e médio porte estão menos disponíveis, as onças passam a utilizar os mamíferos de pequeno porte com maior frequência, podendo, inclusive, alimentar-se predominantemente de mamíferos arborícolas, como ocorreu na Reserva Ducke. Nossos resultados reforçam as evidências do caráter oportunista do comportamento alimentar de P. onca e P. concolor.

Texto em inglês.

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