Interpretação ambiental e envolvimento comunitário: ecoturismo como ferramenta para a conservação do boto-vermelho, Inia geoffrensis / Fernanda Carneiro Romagnoli.

Por: Romagnoli, Fernanda CarneiroColaborador(es):Silva, Vera Maria Ferreira da | Shepard Jr., Glenn HarveyDetalhes da publicação: Manaus: [s.n.], 2010Notas: 133 f. : il. (algumas color.)Assunto(s): Inia geoffrensis | Ecoturismo -- Amazônia | Boto (mamífero aquático) | Relação homem-animal | Meio ambiente e sociedadeClassificação Decimal de Dewey: 599.53 Recursos online: Clique aqui para acessar online Nota de dissertação: Dissertação (mestre) - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, 2010 Sumário: Um tipo de turismo de natureza que cresce rapidamente em todo o mundo é o voltado para a observação de baleias e golfinhos. Esta atividade é considerada como potencial medida de conservação; no entanto, se desordenada, pode causar efeito inverso. Na Amazônia, a espécie-alvo é o boto-vermelho, Inia geoffrensis. Endêmico da região tem relevante função ecológica e cultural. Mudanças no comportamento de pescadores e capturas intencionais tornaram-se ameaças à espécie, assim como o turismo desordenado. Diante da necessidade de se adotar medidas para sua conservação, o ecoturismo pode ser uma ferramenta útil. Nele os recursos naturais são usados de forma indireta; há a aplicação de valores éticos que direcionam o comportamento do turista e valorizam o aspecto educacional. Dois de seus princípios fundamentais são a interpretação ambiental, cujo objetivo é auxiliar o visitante na conscientização do valor do local de modo que possa adotar práticas mais sustentáveis no seu cotidiano e o envolvimento dos moradores locais, que exercem papel fundamental na conservação ambiental por serem os principais interessados. Assim, o objetivo geral do estudo foi verificar a importância desses dois princípios no turismo de interação com Inia geoffrensis, de modo a que estas atividades contribuam com sua conservação. Para tanto, o estudo foi dividido em duas partes: na primeira, foi feita uma avaliação das condições de interpretação ambiental de dois locais onde ocorre turismo de interação com botos no Amazonas, por meio de entrevistas semi-estruturadas com turistas e guias de turismo. As questões abordavam a qualidade da visita e conhecimentos, intenções e atitudes em relação à conservação dos botos. Nos resultados foram verificadas diferenças entre a qualidade da visita de turistas integrantes de grupos de excursão e de turistas sem excursão, sendo maior para os primeiros, provavelmente devido à presença dos guias de turismo. Ao contrário do que se esperava, porém, os conhecimentos, intenções e atitudes em relação aos botos não apresentaram correlação direta com a qualidade da visita e foi melhor entre turistas sem excursão. Isso evidenciou a ausência de trabalho interpretativo, tanto por parte dos estabelecimentos que realizam as atividades de interação com botos como pelos guias de turismo. Da mesma forma, as entrevistas com os guias evidenciaram a deficiência deste tipo de trabalho. Na segunda parte, foi avaliado o envolvimento dos moradores de Novo Airão com a atividade, por meio de entrevistas semi-estruturadas sobre sua percepção quanto aos botos, quanto ao turismo com botos e sobre suas intenções e atitudes em relação à conservação desses animais. Os resultados mostraram que grande parte dos moradores (especialmente mulheres) os percebe como animais misteriosos, os quais se devam temer. Essa percepção não muda com o fato da pessoa ter ou não envolvimento com atividades de turismo no município, assim como a percepção quanto ao turismo de interação com botos. A maioria das pessoas acredita que esta atividade seja benéfica a Novo Airão, apesar de poucas serem diretamente beneficiadas. Muitos acreditam que esta atividade ajudou-lhes a perder parte do medo que tinham dos botos; porém, poucos sabem a respeito desses animais e de como ajudar a conservá-los. Foi verificado, assim, que não há envolvimento dos moradores de Novo Airão com o turismo de interação com botos, apesar dessa ser considerada uma importante atividade pelos próprios moradores. Assim, o envolvimento com a atividade e o aprendizado decorrente não são suficientes para gerar sensibilização ambiental nas áreas estudadas e, conseqüentemente, contribuição para a conservação dos botos e de seu ambiente, não atendendo aos preceitos do ecoturismo. Assim, vemos uma grande, mas inexplorada oportunidade para se trabalhar a educação ambiental de residentes, turistas e guias de turismo para promover a conservação deste golfinho. A partir dos resultados, foram traçadas propostas para o ordenamento do turismo envolvendo o boto-vermelho de modo a subsidiarem políticas públicas.
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Dissertação T 599.53 R756i (Percorrer estante(Abre abaixo)) Disponível 12-0164

Dissertação (mestre) - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, 2010

Um tipo de turismo de natureza que cresce rapidamente em todo o mundo é o voltado para a observação de baleias e golfinhos. Esta atividade é considerada como potencial medida de conservação; no entanto, se desordenada, pode causar efeito inverso. Na Amazônia, a espécie-alvo é o boto-vermelho, Inia geoffrensis. Endêmico da região tem relevante função ecológica e cultural. Mudanças no comportamento de pescadores e capturas intencionais tornaram-se ameaças à espécie, assim como o turismo desordenado. Diante da necessidade de se adotar medidas para sua conservação, o ecoturismo pode ser uma ferramenta útil. Nele os recursos naturais são usados de forma indireta; há a aplicação de valores éticos que direcionam o comportamento do turista e valorizam o aspecto educacional. Dois de seus princípios fundamentais são a interpretação ambiental, cujo objetivo é auxiliar o visitante na conscientização do valor do local de modo que possa adotar práticas mais sustentáveis no seu cotidiano e o envolvimento dos moradores locais, que exercem papel fundamental na conservação ambiental por serem os principais interessados. Assim, o objetivo geral do estudo foi verificar a importância desses dois princípios no turismo de interação com Inia geoffrensis, de modo a que estas atividades contribuam com sua conservação. Para tanto, o estudo foi dividido em duas partes: na primeira, foi feita uma avaliação das condições de interpretação ambiental de dois locais onde ocorre turismo de interação com botos no Amazonas, por meio de entrevistas semi-estruturadas com turistas e guias de turismo. As questões abordavam a qualidade da visita e conhecimentos, intenções e atitudes em relação à conservação dos botos. Nos resultados foram verificadas diferenças entre a qualidade da visita de turistas integrantes de grupos de excursão e de turistas sem excursão, sendo maior para os primeiros, provavelmente devido à presença dos guias de turismo. Ao contrário do que se esperava, porém, os conhecimentos, intenções e atitudes em relação aos botos não apresentaram correlação direta com a qualidade da visita e foi melhor entre turistas sem excursão. Isso evidenciou a ausência de trabalho interpretativo, tanto por parte dos estabelecimentos que realizam as atividades de interação com botos como pelos guias de turismo. Da mesma forma, as entrevistas com os guias evidenciaram a deficiência deste tipo de trabalho. Na segunda parte, foi avaliado o envolvimento dos moradores de Novo Airão com a atividade, por meio de entrevistas semi-estruturadas sobre sua percepção quanto aos botos, quanto ao turismo com botos e sobre suas intenções e atitudes em relação à conservação desses animais. Os resultados mostraram que grande parte dos moradores (especialmente mulheres) os percebe como animais misteriosos, os quais se devam temer. Essa percepção não muda com o fato da pessoa ter ou não envolvimento com atividades de turismo no município, assim como a percepção quanto ao turismo de interação com botos. A maioria das pessoas acredita que esta atividade seja benéfica a Novo Airão, apesar de poucas serem diretamente beneficiadas. Muitos acreditam que esta atividade ajudou-lhes a perder parte do medo que tinham dos botos; porém, poucos sabem a respeito desses animais e de como ajudar a conservá-los. Foi verificado, assim, que não há envolvimento dos moradores de Novo Airão com o turismo de interação com botos, apesar dessa ser considerada uma importante atividade pelos próprios moradores. Assim, o envolvimento com a atividade e o aprendizado decorrente não são suficientes para gerar sensibilização ambiental nas áreas estudadas e, conseqüentemente, contribuição para a conservação dos botos e de seu ambiente, não atendendo aos preceitos do ecoturismo. Assim, vemos uma grande, mas inexplorada oportunidade para se trabalhar a educação ambiental de residentes, turistas e guias de turismo para promover a conservação deste golfinho. A partir dos resultados, foram traçadas propostas para o ordenamento do turismo envolvendo o boto-vermelho de modo a subsidiarem políticas públicas.

Área de concentração: Biologia de Água Doce e Pesca Interior

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