Condição nutricional, reprodução e dinâmica populacional de Bufo granulosus goeldii (Amphibia) em uma área de savana na margem do rio Tapajós, Pará / Ulisses Galatti.

Por: Galatti, UlissesColaborador(es):Magnusson, William E [Orientador]Detalhes da publicação: 1996Notas: 125 fAssunto(s): Sapos -- Ecologia -- Pará | Bufo granulosus | Sapos -- Reprodução -- Pará | Sapos -- Nutrição -- ParáClassificação Decimal de Dewey: 597.605 Nota de dissertação: Tese (doutor) - INPA/UFAM, 1996 Sumário: Este estudo apresenta os resultados de 3 anos de observações sobre a dieta, atividade, condição individual e processos populacionais de Bufo granulosus goeldii em uma área de savana amazônica, na margem do Rio Tapajós, Brasil. O objetivo mais geral foi avaliar o efeito da disponibilidade de recursos alimentares e da sazonalidade climática sobre os indivíduos e a população. A dieta dos sapos consistiu basicamente de formigas e cupins, os quais foram também as presas de tamanho apropriado mais abundantes no chão da savana, indicando que a espécie utiliza os recursos mais disponíveis na área. Não obstante, as análises indicaram seletividade para tamanho de presas e mudanças ontogenéticas em ambos, tamanho e tipo de presas consumidas. A abundância de formigas e cupins na savana teve padrões opostos de variação ao longo do ano, e a disponibilidade das duas presas em conjunto não foi relacionada com as condições climáticas. A abundância de outros artrópodos aumentou na estação chuvosa. O consumo de formigas e cupins individualmente não acompanhou as suas respectivas disponibilidades, indicando uma tendência de manterem a proporção consumida de formigas. O consumo total de presas variou caoticamente ao longo do tempo e não foi relacionado com as mudanças climáticas, nem com a disponibilidade de alimento. As altas densidades por unidade de área de formigas e cupins indicam que é muito improvável que os sapos são limitados por alimentos. A atividade de B. g. goeldii adultos variou sazonalmente, seguindo a sazonalidade na umidade relativa do ar média. A atividade alimentar, estimada pelo número de indivíduos ativos na savana, foi positivamente relacionada à umidade relativa do ar mas não sofreu efeito significativo da disponibilidade de alimento. A atividade reprodutiva de machos, medida pelo número de indivíduos vocalizando perto da água, foi inversamente relacionada com a umidade do ar (com pico na estação seca), e apenas fracamente relacionada com a condição reprodutiva, indexada pela massa relativa dos testículos. A atividade reprodutiva de fêmeas, estimada pelo número de fêmeas em amplexo perto da água, também foi inversamente relacionada com a umidade e não foi afetada pela condição reprodutiva, medida pela massa relativa dos ovários. A atividade reprodutiva de machos e fêmeas apresentou ainda um segundo pico, mais baixo, no início da estação chuvosa. A condição nutricional de fêmeas e machos, medida pela massa relativa dos corpos de gordura, foi maior na estação chuvosa e foi positivamente relacionada com a atividade alimentar. A atividade reprodutiva teve efeito negativo perto de significante sobre a condição nutricional de fêmeas, mas esta relação foi muito fraca nos machos. A condição nutricional de fêmeas e machos não foi significantemente relacionada com a disponibilidade de alimento. A condição reprodutiva de fêmeas e machos, indexada pela massa relativa das gônadas, variou sem apresentar padrão distinto ao longo do ano e foi pouco relacionada com a disponibilidade de alimento, com a atividade alimentar e com o índice de condição nutricional, sugerindo que o desenvolvimento gonadal está mais associado ao estágio na história de vida dos indivíduos do que sincronizado na população. A condição nutricional foi maior e a condição reprodutiva menor nas fêmeas capturadas na savana do que nas que estavam perto da água, mas nenhuma diferença devido ao habitat de coleta foi observada nos machos, o que é consistente com a sua maior mobilidade e a utilização simultânea dos habitats de alimentação e de reprodução. A densidade, sobrevivência e o recrutamento para a população adulta foram estudados por meio de marcação e recaptura na margem do rio. Apenas os machos tiveram número de recapturas suficientes para render boas estimativas. A densidade de machos adultos diminuiu em cerca de 80% com o tempo desde o início do estudo nas áreas principal e controle, o mesmo acontecendo com o recrutamento de novos indivíduos para a população adulta. A probabilidade de mortalidade de adultos foi alta (média=0,007/dia) mas não variou consistentemente com o tempo desde o início do estudo e não foi relacionada às condições climáticas. O recrutamento para a população adulta pareceu suficiente para substituir as perdas por mortalidade no primeiro, mas não no segundo e terceiro anos de estudo. A sobrevivência na fase larval foi estimada pela relação entre o número de fêmeas desovando (e então o número médio de ovos liberados no rio) por dia e o número de metamorfoseados emergindo um mês depois. O número de metamorforeados emergindo foi pouco relacionado ao número de fêmeas dosovando no período anterior, indicando que as condições de sobrevivência larval têm importante efeito na determinação do recrutamento de metamorfoseados e então no de adultos. O número de fêmeas desovando e o recrutamento de metamorfoseados diminuíram ao longo do tempo desde o início do estudo. A taxa de mortalidade larval por dia foi duas ordens de grandeza maior que a de adultos. Além de uma tendência de menor recrutamento de adultos nos anos de maior cheia, nenhum padrão de variação interanual pôde ser identificado ao longo dos 3 anos de estudo. Entretanto, os números de machos adultos observados em 8 de 13 anos indicam que a densidade da população em 1991, no início do estudo, foi extremamente alta e deve ter representado um pico que começou em 1988, e que, depois deste pico, a população foi declinando para níveis comuns em anos anteriores.
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Tese (doutor) - INPA/UFAM, 1996

Este estudo apresenta os resultados de 3 anos de observações sobre a dieta, atividade, condição individual e processos populacionais de Bufo granulosus goeldii em uma área de savana amazônica, na margem do Rio Tapajós, Brasil. O objetivo mais geral foi avaliar o efeito da disponibilidade de recursos alimentares e da sazonalidade climática sobre os indivíduos e a população. A dieta dos sapos consistiu basicamente de formigas e cupins, os quais foram também as presas de tamanho apropriado mais abundantes no chão da savana, indicando que a espécie utiliza os recursos mais disponíveis na área. Não obstante, as análises indicaram seletividade para tamanho de presas e mudanças ontogenéticas em ambos, tamanho e tipo de presas consumidas. A abundância de formigas e cupins na savana teve padrões opostos de variação ao longo do ano, e a disponibilidade das duas presas em conjunto não foi relacionada com as condições climáticas. A abundância de outros artrópodos aumentou na estação chuvosa. O consumo de formigas e cupins individualmente não acompanhou as suas respectivas disponibilidades, indicando uma tendência de manterem a proporção consumida de formigas. O consumo total de presas variou caoticamente ao longo do tempo e não foi relacionado com as mudanças climáticas, nem com a disponibilidade de alimento. As altas densidades por unidade de área de formigas e cupins indicam que é muito improvável que os sapos são limitados por alimentos. A atividade de B. g. goeldii adultos variou sazonalmente, seguindo a sazonalidade na umidade relativa do ar média. A atividade alimentar, estimada pelo número de indivíduos ativos na savana, foi positivamente relacionada à umidade relativa do ar mas não sofreu efeito significativo da disponibilidade de alimento. A atividade reprodutiva de machos, medida pelo número de indivíduos vocalizando perto da água, foi inversamente relacionada com a umidade do ar (com pico na estação seca), e apenas fracamente relacionada com a condição reprodutiva, indexada pela massa relativa dos testículos. A atividade reprodutiva de fêmeas, estimada pelo número de fêmeas em amplexo perto da água, também foi inversamente relacionada com a umidade e não foi afetada pela condição reprodutiva, medida pela massa relativa dos ovários. A atividade reprodutiva de machos e fêmeas apresentou ainda um segundo pico, mais baixo, no início da estação chuvosa. A condição nutricional de fêmeas e machos, medida pela massa relativa dos corpos de gordura, foi maior na estação chuvosa e foi positivamente relacionada com a atividade alimentar. A atividade reprodutiva teve efeito negativo perto de significante sobre a condição nutricional de fêmeas, mas esta relação foi muito fraca nos machos. A condição nutricional de fêmeas e machos não foi significantemente relacionada com a disponibilidade de alimento. A condição reprodutiva de fêmeas e machos, indexada pela massa relativa das gônadas, variou sem apresentar padrão distinto ao longo do ano e foi pouco relacionada com a disponibilidade de alimento, com a atividade alimentar e com o índice de condição nutricional, sugerindo que o desenvolvimento gonadal está mais associado ao estágio na história de vida dos indivíduos do que sincronizado na população. A condição nutricional foi maior e a condição reprodutiva menor nas fêmeas capturadas na savana do que nas que estavam perto da água, mas nenhuma diferença devido ao habitat de coleta foi observada nos machos, o que é consistente com a sua maior mobilidade e a utilização simultânea dos habitats de alimentação e de reprodução. A densidade, sobrevivência e o recrutamento para a população adulta foram estudados por meio de marcação e recaptura na margem do rio. Apenas os machos tiveram número de recapturas suficientes para render boas estimativas. A densidade de machos adultos diminuiu em cerca de 80% com o tempo desde o início do estudo nas áreas principal e controle, o mesmo acontecendo com o recrutamento de novos indivíduos para a população adulta. A probabilidade de mortalidade de adultos foi alta (média=0,007/dia) mas não variou consistentemente com o tempo desde o início do estudo e não foi relacionada às condições climáticas. O recrutamento para a população adulta pareceu suficiente para substituir as perdas por mortalidade no primeiro, mas não no segundo e terceiro anos de estudo. A sobrevivência na fase larval foi estimada pela relação entre o número de fêmeas desovando (e então o número médio de ovos liberados no rio) por dia e o número de metamorfoseados emergindo um mês depois. O número de metamorforeados emergindo foi pouco relacionado ao número de fêmeas dosovando no período anterior, indicando que as condições de sobrevivência larval têm importante efeito na determinação do recrutamento de metamorfoseados e então no de adultos. O número de fêmeas desovando e o recrutamento de metamorfoseados diminuíram ao longo do tempo desde o início do estudo. A taxa de mortalidade larval por dia foi duas ordens de grandeza maior que a de adultos. Além de uma tendência de menor recrutamento de adultos nos anos de maior cheia, nenhum padrão de variação interanual pôde ser identificado ao longo dos 3 anos de estudo. Entretanto, os números de machos adultos observados em 8 de 13 anos indicam que a densidade da população em 1991, no início do estudo, foi extremamente alta e deve ter representado um pico que começou em 1988, e que, depois deste pico, a população foi declinando para níveis comuns em anos anteriores.

Área de concentração: Ecologia.

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