Ecologia de comunidade de girinos às margens do rio Tapajós em uma região de savana amazônica / Claudia Azevedo-Ramos.

Por: Azevedo-Ramos, ClaudiaColaborador(es):Magnusson, William E [Orientador]Detalhes da publicação: Campinas [s.n.] 1995Notas: 154 fAssunto(s): Anuros -- Tapajós, Rio (PA) -- EcologiaClassificação Decimal de Dewey: 597.8 Nota de dissertação: Tese (doutor) - Universidade Estadual de Campinas, 1995 Sumário: A maioria dos estudos envolvendo comunidades de Anuros baseia-se na fase de vida adulta do seu ciclo de vida e enfatiza a região temperada. Conseqüentemente, ainda existe muita controvérsia com relação a importância relativa dos fatores responsáveis pela organização das comunidades de girinos e de como eles variam com relação a áreas distintas do globo. Na região tropical, especialmente na Amazônia, os poucos estudos sobre composição e estrutura de comunidade de girinos focalizaram as áreas de floresta primária. Este é o primeiro trabalho a estudar comunidades de girinos em uma savana Amazônica. Vários fatores, como diferenças físico-químicas da água, predação e competição, têm sido apontados como estruturadores de comunidades de girinos. No entanto, poucos trabalhos estudaram o efeito multivariado desses fatores sobre a distribuição das espécies no ambiente natural. Neste trabalho, eu correlacionei a importância relativa do ambiente físico-químico e de predadores com a distribuição e composição de espécies de girinos em uma área de savana as margens do rio Tapajós, no estado do Pará. Eu investiguei, ainda, quais as estratégias antipredatórias (palatabilidade, movimento, velocidade de escape e habilidade em detectar química ou visualmente um predador) que possibilitam a coexistência entre presa e predador. Quarenta corpos d'água foram amostrados ao longo de três estações de chuva e duas de seca, entre setembro de 1991 e abril de 1994. As amostragens de girinos e predadores foram realizadas com uma caixa amostral ao longo de um transecto. As espécies de girinos e predadores dentro da caixa foram contados e identificados, permitindo uma estimativa da densidade média de indivíduos por área por corpo d'água. Várias características físico-químicas de cada habitat foram registradas. O padrão fenológico, espacial e de simpatria entre as espécies foi determinado. A distribuição das espécies de girinos foi relacionada com fatores abióticos e predadores através de uma análise multivariada. As 13 espécies de girinos encontradas na área de estudo apresentaram sobreposição temporal, porém com segregação espacial. Os fatores físico-químicos não foram relacionados com a distribuição das espécies de girinos. A predação teve efeito significante na estruturação da assembléia de girinos, mas não na determinação da riqueza entre habitats. Estes resultados indicam que a vulnerabilidade de uma espécie de girino a um predador específico de um habitat determina o padrão de distribuição observado. Portanto, para determinar os mecanismos que determinam a coexistência entre presas e predadores, as estratégias de defesa das espécies de girinos foram verificadas experimentalmente e correlacionadas com a sua distribuição na natureza. Espécies impalatáveis a peixes foram palatáveis a invertebrados. A sobrevivência média das espécies determinada em testes de laboratório foi significantemente relacionada a distribuição de predadores nos corpos d'água. Nenhuma das espécies de girinos testadas apresentou habilidade em detectar química ou visualmente um predador, embora apresentassem comportamentos distintos e inerentes a cada espécie. Espécies impalatáveis a peixes apresentaram maior mobilidade do que espécies palatáveis e, em geral, o movimento foi inversamente relacionado a velocidade de escape. Assim, habitats com predadores vertebrados foram caracterizados por possuírem principalmente espécies de girinos de comportamento conspícuo e tóxicas, enquanto habitats com maior abundância de predadores invertebrados apresentaram espécies de pouco movimento, mas com rápida velocidade de escape. Os resultados indicam que tanto predadores vertebrados quanto invertebrados podem potencialmente limitar a distribuição ou alterar a abundância relativa das espécies de girinos desta área através da predação diferencial.No entanto, os predadores parrecem ter maior efeito no aumento da diversidade beta (entre habitats) do que na diversidade alfa (intra habitat), uma vez que possuíram efeito significante sobre a composição, mas não sobre a riqueza de espécies de girinos.
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Tese (doutor) - Universidade Estadual de Campinas, 1995

A maioria dos estudos envolvendo comunidades de Anuros baseia-se na fase de vida adulta do seu ciclo de vida e enfatiza a região temperada. Conseqüentemente, ainda existe muita controvérsia com relação a importância relativa dos fatores responsáveis pela organização das comunidades de girinos e de como eles variam com relação a áreas distintas do globo. Na região tropical, especialmente na Amazônia, os poucos estudos sobre composição e estrutura de comunidade de girinos focalizaram as áreas de floresta primária. Este é o primeiro trabalho a estudar comunidades de girinos em uma savana Amazônica. Vários fatores, como diferenças físico-químicas da água, predação e competição, têm sido apontados como estruturadores de comunidades de girinos. No entanto, poucos trabalhos estudaram o efeito multivariado desses fatores sobre a distribuição das espécies no ambiente natural. Neste trabalho, eu correlacionei a importância relativa do ambiente físico-químico e de predadores com a distribuição e composição de espécies de girinos em uma área de savana as margens do rio Tapajós, no estado do Pará. Eu investiguei, ainda, quais as estratégias antipredatórias (palatabilidade, movimento, velocidade de escape e habilidade em detectar química ou visualmente um predador) que possibilitam a coexistência entre presa e predador. Quarenta corpos d'água foram amostrados ao longo de três estações de chuva e duas de seca, entre setembro de 1991 e abril de 1994. As amostragens de girinos e predadores foram realizadas com uma caixa amostral ao longo de um transecto. As espécies de girinos e predadores dentro da caixa foram contados e identificados, permitindo uma estimativa da densidade média de indivíduos por área por corpo d'água. Várias características físico-químicas de cada habitat foram registradas. O padrão fenológico, espacial e de simpatria entre as espécies foi determinado. A distribuição das espécies de girinos foi relacionada com fatores abióticos e predadores através de uma análise multivariada. As 13 espécies de girinos encontradas na área de estudo apresentaram sobreposição temporal, porém com segregação espacial. Os fatores físico-químicos não foram relacionados com a distribuição das espécies de girinos. A predação teve efeito significante na estruturação da assembléia de girinos, mas não na determinação da riqueza entre habitats. Estes resultados indicam que a vulnerabilidade de uma espécie de girino a um predador específico de um habitat determina o padrão de distribuição observado. Portanto, para determinar os mecanismos que determinam a coexistência entre presas e predadores, as estratégias de defesa das espécies de girinos foram verificadas experimentalmente e correlacionadas com a sua distribuição na natureza. Espécies impalatáveis a peixes foram palatáveis a invertebrados. A sobrevivência média das espécies determinada em testes de laboratório foi significantemente relacionada a distribuição de predadores nos corpos d'água. Nenhuma das espécies de girinos testadas apresentou habilidade em detectar química ou visualmente um predador, embora apresentassem comportamentos distintos e inerentes a cada espécie. Espécies impalatáveis a peixes apresentaram maior mobilidade do que espécies palatáveis e, em geral, o movimento foi inversamente relacionado a velocidade de escape. Assim, habitats com predadores vertebrados foram caracterizados por possuírem principalmente espécies de girinos de comportamento conspícuo e tóxicas, enquanto habitats com maior abundância de predadores invertebrados apresentaram espécies de pouco movimento, mas com rápida velocidade de escape. Os resultados indicam que tanto predadores vertebrados quanto invertebrados podem potencialmente limitar a distribuição ou alterar a abundância relativa das espécies de girinos desta área através da predação diferencial.No entanto, os predadores parrecem ter maior efeito no aumento da diversidade beta (entre habitats) do que na diversidade alfa (intra habitat), uma vez que possuíram efeito significante sobre a composição, mas não sobre a riqueza de espécies de girinos.

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