Fragmentação florestal no município de Ingaí-MG : composição florística, estrutura da comunidade arbórea e etnobotânica / Rejane Tavares Botrel.

Por: Botrel, Rejane TavaresColaborador(es):Oliveira Filho, Ary Teixeira de [Orientador]Detalhes da publicação: Minas Gerais 2001Notas: 186 f. : ilAssunto(s): Fragmentos florestais -- Ingaí (MG) | Etnobotânica -- Ingaí (MG) | Ecologia florestal -- Ingaí (MG)Classificação Decimal de Dewey: 582.16098151 Nota de dissertação: Dissertação (mestre) - Universidade Federal de Lavras, 2001 Sumário: Os objetivos do presente estudo foram (a) realizar um levantamento florístico e estrutural da comunidade arbórea de um fragmento de floresta estacional semidecidual em Ingaí, MG (b) estudar as correlações entre a distribuição das espécies arbóreas neste fragmento e variáveis ambientais, e (c) realizar um levantamento etnobotânico para se conhecerem os usos dados à vegetação pela população local. O levantamento florístico-estrutural associado a variáveis ambientais foi realizado em um fragmento florestal denominado Mata da Ilha, localizado às margens do rio Ingaí, na Fazenda Curuaçu e a cerca de 3 km da sede do município. Foram alocadas 25 parcelas de 20x20m no interior do fragmento para inventariar os indivíduos arbóreos com diâmetro à altura do peito, (DAP) = 5cm, para os quais foram registrados o DAP, a altura e o nome da espécie. A composição da flora arbórea foi obtida pelas espécies encontradas nas parcelas acrescidas de outras registradas durante caminhadas aleatórias com coletas. Foram obtidas variáveis ambientais para cada uma das 25 parcelas a partir da classificação detalhada dos solos, de análises químicas e texturais de amostras do solo superficial (0-20cm de profundidade) e de um levantamento plani-altimétrico. Para análise dos padrões emergentes das variáveis ambientais e da comunidade arbórea das parcelas, foram utilizadas técnicas de análise multivariada (ordenações por PCA, DCA, CCA). As duas variáveis ambientais indicadas por estas análises como as mais fortemente associadas à distribuição das espécies foram também utilizadas para produzir correlações de Spearman com a abundância das espécies mais comuns. No levantamento estrutural foram registrados 2638 indivíduos distribuídos em 140 espécies, 90 gêneros e 41 famílias. O índice de diversidade de Shannon e de equabilidade de Pielou foram 3,734 e 0,756 respectivamente, valores relativamente baixos no contexto de estudos semelhantes realizados na região. Esta forte dominância ecológica foi causada por um grupo composto por 11 espécies que concentrou 55,27% dos indivíduos. No levantamento florístico, foram registradas 211 espécies, 137 gêneros e 54 famílias. A grande riqueza florística do fragmento, a despeito da baixa diversidade, deve-se, provavelmente, à interface com tipos fisionômicos vizinhos, notadamente o cerrado. Foram identificados nas parcelas quatro subgrupos de solos e seis classes de drenagem. A análise conjunta dos dados vegetacionais e ambientais indicou que as espécies se distribuem no fragmento sob forte influência do regime de água e da fertilidade química dos solos. Várias espécies produziram correlações significativas entre sua abundância nas parcelas e as classes de drenagem e saturação por bases dos solos. O levantamento etnobotânico foi conduzido, como estudo de caso, nas áreas urbana e periurbana do município de Ingaí, MG. Foram realizadas entrevistas com 16 moradores utilizando questionários semi-estruturados. A partir destas entrevistas foi possível classificar as espécies em quatro categorias de uso: medicinal, lenha, madeireiro (construção civil e fabricação de móveis) e diversos usos (artesanato, alimentação, ferramentas etc.). A análise dos dados foi feita por meio de descrições qualitativas dos resultados e índices de diversidade de Shannon (H') e equabilidade de Pielou (J'), além do ranking de matriz direta. Para análise de importância relativa das espécies indicadas para uso medicinal, foram utilizadas a concordância quanto ao uso principal (CUP), o fator de correção (FC) e a concordância quanto ao uso principal corrigida (CUPc). Foi utilizada ainda, com duas mulheres coletoras de lenha, a técnica da rotina diária que integra o diagnóstico rápido participativo (DRP). Foram atribuídos usos a 159 espécies coletadas, identificadas e distribuídas nos hábitos arbóreo, arbustivo, herbáceo e trepador. A população local utiliza espécies de todos os estratos da vegetação. As categorias de uso com um maior número de espécies citadas foram a madeireira e lenheira. Todas as espécies arbóreas e algumas arbustivas foram encontradas no levantamento realizado na Mata da Ilha. No município, existe a comercialização de espécies vegetais, em sua maior parte para uso lenheiro e para feitio de moirões. Em relação à importância relativa das espécies, as que apresentaram maiores valores de CUP e CUPc, sugerindo maior potencial para estudos farmacológicos, foram: Ilex cerasifolia e Solanum lycocarpum, que apresentaram valores integrais para os dois índices. Pôde-se constatar que a população local possui um conhecimento detalhado da vegetação nativa e utiliza este conhecimento como base para um diversificado uso da flora, na maior parte das vezes, apenas para fins de subsistência.
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Dissertação (mestre) - Universidade Federal de Lavras, 2001

Os objetivos do presente estudo foram (a) realizar um levantamento florístico e estrutural da comunidade arbórea de um fragmento de floresta estacional semidecidual em Ingaí, MG (b) estudar as correlações entre a distribuição das espécies arbóreas neste fragmento e variáveis ambientais, e (c) realizar um levantamento etnobotânico para se conhecerem os usos dados à vegetação pela população local. O levantamento florístico-estrutural associado a variáveis ambientais foi realizado em um fragmento florestal denominado Mata da Ilha, localizado às margens do rio Ingaí, na Fazenda Curuaçu e a cerca de 3 km da sede do município. Foram alocadas 25 parcelas de 20x20m no interior do fragmento para inventariar os indivíduos arbóreos com diâmetro à altura do peito, (DAP) = 5cm, para os quais foram registrados o DAP, a altura e o nome da espécie. A composição da flora arbórea foi obtida pelas espécies encontradas nas parcelas acrescidas de outras registradas durante caminhadas aleatórias com coletas. Foram obtidas variáveis ambientais para cada uma das 25 parcelas a partir da classificação detalhada dos solos, de análises químicas e texturais de amostras do solo superficial (0-20cm de profundidade) e de um levantamento plani-altimétrico. Para análise dos padrões emergentes das variáveis ambientais e da comunidade arbórea das parcelas, foram utilizadas técnicas de análise multivariada (ordenações por PCA, DCA, CCA). As duas variáveis ambientais indicadas por estas análises como as mais fortemente associadas à distribuição das espécies foram também utilizadas para produzir correlações de Spearman com a abundância das espécies mais comuns. No levantamento estrutural foram registrados 2638 indivíduos distribuídos em 140 espécies, 90 gêneros e 41 famílias. O índice de diversidade de Shannon e de equabilidade de Pielou foram 3,734 e 0,756 respectivamente, valores relativamente baixos no contexto de estudos semelhantes realizados na região. Esta forte dominância ecológica foi causada por um grupo composto por 11 espécies que concentrou 55,27% dos indivíduos. No levantamento florístico, foram registradas 211 espécies, 137 gêneros e 54 famílias. A grande riqueza florística do fragmento, a despeito da baixa diversidade, deve-se, provavelmente, à interface com tipos fisionômicos vizinhos, notadamente o cerrado. Foram identificados nas parcelas quatro subgrupos de solos e seis classes de drenagem. A análise conjunta dos dados vegetacionais e ambientais indicou que as espécies se distribuem no fragmento sob forte influência do regime de água e da fertilidade química dos solos. Várias espécies produziram correlações significativas entre sua abundância nas parcelas e as classes de drenagem e saturação por bases dos solos. O levantamento etnobotânico foi conduzido, como estudo de caso, nas áreas urbana e periurbana do município de Ingaí, MG. Foram realizadas entrevistas com 16 moradores utilizando questionários semi-estruturados. A partir destas entrevistas foi possível classificar as espécies em quatro categorias de uso: medicinal, lenha, madeireiro (construção civil e fabricação de móveis) e diversos usos (artesanato, alimentação, ferramentas etc.). A análise dos dados foi feita por meio de descrições qualitativas dos resultados e índices de diversidade de Shannon (H') e equabilidade de Pielou (J'), além do ranking de matriz direta. Para análise de importância relativa das espécies indicadas para uso medicinal, foram utilizadas a concordância quanto ao uso principal (CUP), o fator de correção (FC) e a concordância quanto ao uso principal corrigida (CUPc). Foi utilizada ainda, com duas mulheres coletoras de lenha, a técnica da rotina diária que integra o diagnóstico rápido participativo (DRP). Foram atribuídos usos a 159 espécies coletadas, identificadas e distribuídas nos hábitos arbóreo, arbustivo, herbáceo e trepador. A população local utiliza espécies de todos os estratos da vegetação. As categorias de uso com um maior número de espécies citadas foram a madeireira e lenheira. Todas as espécies arbóreas e algumas arbustivas foram encontradas no levantamento realizado na Mata da Ilha. No município, existe a comercialização de espécies vegetais, em sua maior parte para uso lenheiro e para feitio de moirões. Em relação à importância relativa das espécies, as que apresentaram maiores valores de CUP e CUPc, sugerindo maior potencial para estudos farmacológicos, foram: Ilex cerasifolia e Solanum lycocarpum, que apresentaram valores integrais para os dois índices. Pôde-se constatar que a população local possui um conhecimento detalhado da vegetação nativa e utiliza este conhecimento como base para um diversificado uso da flora, na maior parte das vezes, apenas para fins de subsistência.

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