Etnoecologia,construção da diversidade agrícola e manejo da dinâmica espaço-temporal dos roçados indígenas no rio Cuieiras, baixo rio Negro (AM) / Thiago Mota Cardoso.

Por: Cardoso, Thiago MotaColaborador(es):Py-Daniel, Victor [Orientador]Detalhes da publicação: 2008Notas: xiii, 156 f. : ilAssunto(s): Etnoecologia -- Amazônia | Agrobiodiversidade | Povos tradicionaisClassificação Decimal de Dewey: 304.209811 Nota de dissertação: Dissertação (mestrado)--INPA/UFAM, Manaus, 2008. Sumário: Esta dissertação tem como objetivo geral investigar o papel dos saberes e práticas agroecológicas desenvolvidas por agricultoras e agricultores indígenas do rio Cuieiras, um afluente do rio Negro no seu baixo curso, analisando de modo mais específico os aspectos espaço-temporais dos roçados na manutenção de uma diversidade agrícola elevada. Este trabalho também objetiva realizar uma pesquisa-ação atrelada ao projeto "Etnobotânica e Manejo Agroflorestal", desenvolvido desde 2006 pelo IP- - Instituto de Pesquisas Ecológicas e está vinculado ao programa Pacta "PopulaçSes Locais, Agrobiodiversidade e Conhecimentos tradicionais na Amazônia brasileira", por onde se obteve inspiração para os procedimentos metodológicos e perguntas científicas, além de se obter as autorizaçSes de acesso ao conhecimento tradicional. Este estudo se apóia nas hipóteses de que as práticas de diversificação agrícola estão assentadas nas dinâmicas espaço-temporais dos sistemas agrícolas e de que a persistência destas práticas se deve a manutenção de uma ciência indígena voltada pra a diversidade e não para manocultura da mente. Foi realizada uma caracterização socioambiental da área de estudo tendo em vista que o ambiente, as trajetórias agrícolas e as formas de organização social conformam as formas locais de manejo da paisagem e dos recursos fitogenéticos. Os resultados foram trabalhados em dois capítulos em formato de artigo conforme normas da pós-graduação. O objetivo do primeiro é descrever as percepçSes e conhecimentos ecológicos locais sobre a agrobiodiversidade e sobre os espaços. Observou-se uma configuração de formas de identificação e classificação que agrupa as plantas e os espaços pela proximidade valorativa com o domínio doméstico, gerando uma noção de intimidade. Segundo, uma relação humanizada que insere as plantas em domínios sociais, como sujeito e não objeto. Esta mesma visão de mundo não permite o simples descarte e valoriza a incorporação de novas variedades e espécies. O entendimento da sucessão natural evidencia saberes ecológicos sobre os processos ecológicos. O conhecimento da dinâmica da paisagem é fundamental para a prática agrícola e construção dos espaços permanentes e temporários. O sistema agrícola é visto como um ciclo roça-capoeira-sítio integrado em mosaico com outros espaços florestais. O segundo artigo objetiva identificar e descrever o conjunto de práticas que contribui para a construção da riqueza de plantas cultivadas na dinâmica espaço-temporal dos roçados indígenas. Observou-se o cultivo de um amplo leque de espécies e variedades no rio Cuieiras, uma heterogeneidade entre as agricultoras e um nTmero menor de variedades de mandioca em cada roçado estudado em relação ao médio e alto rio Negro. Observa-se que algumas agricultoras, consideradas especialistas, mantêm alta diversidade nos roçados. Existe uma diferença da diversidade cultivada entre as comunidades em decorrência do contexto sociocultural e territorial de cada uma. Observa-se que as famílias que possuem maior número de espaços simultaneamente cultivados e em tempos distintos têm uma tendência de manter uma maior riqueza, para isto devem possuir as condiçSes socioculturais que possibilitem o manejo da dinâmica espaço-temporal. Foco a investigação nas práticas específicas que são utilizadas em cada etapa do ciclo da roça e nos fatores bioecológicos visando compreender o sistema agrícola como um conjunto de práticas que visa à diversificação. Sugere-se que a construção da diversidade na escala do espaço e entre os espaços se apóia nos saberes e práticas no manejo da dinâmica espaço-temporal. Ao contrario da tese de aculturação, os indígenas podem resistir e tomar decisSes agrícolas tendo em vista os saberes, a memória e a inovação.
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Dissertação T 304.209811 C268e (Percorrer estante(Abre abaixo)) Disponível 09-0182

Dissertação (mestrado)--INPA/UFAM, Manaus, 2008.

Esta dissertação tem como objetivo geral investigar o papel dos saberes e práticas agroecológicas desenvolvidas por agricultoras e agricultores indígenas do rio Cuieiras, um afluente do rio Negro no seu baixo curso, analisando de modo mais específico os aspectos espaço-temporais dos roçados na manutenção de uma diversidade agrícola elevada. Este trabalho também objetiva realizar uma pesquisa-ação atrelada ao projeto "Etnobotânica e Manejo Agroflorestal", desenvolvido desde 2006 pelo IP- - Instituto de Pesquisas Ecológicas e está vinculado ao programa Pacta "PopulaçSes Locais, Agrobiodiversidade e Conhecimentos tradicionais na Amazônia brasileira", por onde se obteve inspiração para os procedimentos metodológicos e perguntas científicas, além de se obter as autorizaçSes de acesso ao conhecimento tradicional. Este estudo se apóia nas hipóteses de que as práticas de diversificação agrícola estão assentadas nas dinâmicas espaço-temporais dos sistemas agrícolas e de que a persistência destas práticas se deve a manutenção de uma ciência indígena voltada pra a diversidade e não para manocultura da mente. Foi realizada uma caracterização socioambiental da área de estudo tendo em vista que o ambiente, as trajetórias agrícolas e as formas de organização social conformam as formas locais de manejo da paisagem e dos recursos fitogenéticos. Os resultados foram trabalhados em dois capítulos em formato de artigo conforme normas da pós-graduação. O objetivo do primeiro é descrever as percepçSes e conhecimentos ecológicos locais sobre a agrobiodiversidade e sobre os espaços. Observou-se uma configuração de formas de identificação e classificação que agrupa as plantas e os espaços pela proximidade valorativa com o domínio doméstico, gerando uma noção de intimidade. Segundo, uma relação humanizada que insere as plantas em domínios sociais, como sujeito e não objeto. Esta mesma visão de mundo não permite o simples descarte e valoriza a incorporação de novas variedades e espécies. O entendimento da sucessão natural evidencia saberes ecológicos sobre os processos ecológicos. O conhecimento da dinâmica da paisagem é fundamental para a prática agrícola e construção dos espaços permanentes e temporários. O sistema agrícola é visto como um ciclo roça-capoeira-sítio integrado em mosaico com outros espaços florestais. O segundo artigo objetiva identificar e descrever o conjunto de práticas que contribui para a construção da riqueza de plantas cultivadas na dinâmica espaço-temporal dos roçados indígenas. Observou-se o cultivo de um amplo leque de espécies e variedades no rio Cuieiras, uma heterogeneidade entre as agricultoras e um nTmero menor de variedades de mandioca em cada roçado estudado em relação ao médio e alto rio Negro. Observa-se que algumas agricultoras, consideradas especialistas, mantêm alta diversidade nos roçados. Existe uma diferença da diversidade cultivada entre as comunidades em decorrência do contexto sociocultural e territorial de cada uma. Observa-se que as famílias que possuem maior número de espaços simultaneamente cultivados e em tempos distintos têm uma tendência de manter uma maior riqueza, para isto devem possuir as condiçSes socioculturais que possibilitem o manejo da dinâmica espaço-temporal. Foco a investigação nas práticas específicas que são utilizadas em cada etapa do ciclo da roça e nos fatores bioecológicos visando compreender o sistema agrícola como um conjunto de práticas que visa à diversificação. Sugere-se que a construção da diversidade na escala do espaço e entre os espaços se apóia nos saberes e práticas no manejo da dinâmica espaço-temporal. Ao contrario da tese de aculturação, os indígenas podem resistir e tomar decisSes agrícolas tendo em vista os saberes, a memória e a inovação.

CO-orientador: Emperaire, Laure

Ärea de concentração: Ecologia.

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