Estrutura da comunidade de algas perifíticas no igarapé Água Boa e no rio Cauamé, município de Boa Vista, Estado de Roraima, Brasil, ao longo de um ciclo sazonal / Núbia Abrantes Gomes.

Por: Gomes, Núbia AbrantesDetalhes da publicação: Manaus [s.n.] 2000Notas: 260 f. : il. colorAssunto(s): Algas -- Água Boa, Igarapé (Boa Vista, RR) -- Ecologia | Algas -- Cauamé, Rio (Boa Vista, RR) -- EcologiaClassificação Decimal de Dewey: 589.3929 Nota de dissertação: Tese (doutor) - INPA/UFAM, 2000 Sumário: O estudo visou a conhecer a estrutura da comunidade ficoperifítica e sua variação ao longo de um ciclo sazonal completo no igarapé Água Boa e no rio Cauamé, situados no município de Boa Vista, estado de Roraima, norte do Brasil, relacionando-as com as características ambientais. As coletas foram realizadas mensalmente, durante 13 meses, de novembro de 1995 a novembro de 1996, em três estações de amostragem definidas em cada ambiente conforme a facilidade de acesso e as áreas utilizadas para recreio da população. Os substratos naturais escolhidos para o estudo da comunidade de algas perifíticas foram folhas de macrófitas aquáticas e de plantas de áreas alagadas (várzeas). Foram avaliadas variáveis climáticas da área, hidrodinâmicas, físicas e químicas da água e biológicas da comunidade ficoperifítica. No igarapé Água Boa, a estação AB3 apresentou-se bastante modificada por ação antrópica e mostrou aumentos diferenciados dos teores das variáveis abióticas tanto no período seco quanto no chuvoso, quando comparados com os equivalentes das estações AB1 e AB2. No rio Cauamé ocorreu apenas variação temporal. As águas dos dois ambientes analisados apresentaram-se ácidas e relativamente pobres em nutrientes refletindo, com isso, a composição química do solo. Análise de Componentes Principais (ACP) mostrou separação dos dois ambientes determinada pela composição física e química da água, segundo a qual o rio apresentou valores mais elevados das características abióticas. No entanto, ambos corpos d'água mostraram gradientes contínuos de variação dessas características, que sofreram distúrbios de diferentes escalas associados aos períodos climáticos seco e chuvoso. Apenas a estação AB3, do igarapé, mostrou condição intermediária entre as composições da água do próprio igarapé e do rio. As variáveis abióticas que apresentaram correlação significativa no igarapé foram: pH, condutividade elétrica, ortossilicato, ferro total, potássio, magnésio, dureza, demanda química de oxigênio, oxigênio dissolvido, cloretos, sólidos em suspensão, precipitação e velocidade do vento. O fitoperfíton foi dividido em cinco grandes grupos (fitoflagelados, diatomáceas, algas verdes, algas azuis e outros), sendo fitoflagelados e diatomáceas os que apresentaram as maiores densidades relativas em ambos ambientes. O igarapé apresentou maiores densidades de organismos do que o rio. As algas verdes, apesar da baixa densidade, foram mais abundantes no rio do que no igarapé nos dois períodos climáticos. A diferença na quantidade de pigmentos totais e no número de células por centímetro quadrado dependeu do tipo de substrato e do local onde este se encontrava. A ACP mostrou certa preferência pela fixação sobre gramíneas, pois aí foram medidos os maiores valores de biomassa. Na análise de agrupamentos ('cluster analysis'), os dois ambientes foram separados por apresentarem composições física, química e biológica bem diferentes e os grupos foram separados, principalmente, em período seco e chuvoso. A composição taxonômica das ficoflórulas do igarapé Água Boa e do rio Cauamé variou no espaço e no tempo, ocorrendo sucessão dos grupos fitoflagelados, diatomáceas e algas verdes. Em ambos sistemas ocorreu aumento das densidades de fitoflagelados, algas verdes e algas azuis com a diminuição da densidade de diatomáceas no período chuvoso. Ocorreu também variação da quantidade de biomassa nas estações de amostragem, mas não ficou evidente qualquer padrão de variação entre os cinco grupos acima considerados. A diminuição da correnteza permitiu proliferação das formas de algas filamentosas (cianofíceas e clorofíceas) nos meses secos. Nos meses chuvosos em que não foram encontradas algas perifíticas, tal não-detecção foi mais devida às perturbações provocadas pelos pulsos de inundação, do que por eventual competição entre os grupos. A perenidade das macrófitas aquáticas também influenciou a presença de algas perifíticas neste substrato. Apesar do igarapé ser mais pobre em nutrientes, apresentar menor volume de água e menor largura, suportou maior densidade de lagas perifíticas nas três estações de coleta, mostrando ocorrerem menores escalas de perturbações do que as que ocorrem no rio, desestruturando a comunidade. Pluviosidade é, sem dúvida, função de força de importância no sistema, responsável pelas modificações que ocorreram nos dois ambientes ao aumentarem correnteza, vazão, quantidade de material sólido em suspensão, aumento ou diluição de alguns nutrientes, fatores estes determinantes das modificações na estrutura da comunidade de algas nos dois ambientes. Rio Cauamé e igarapé Água Boa são ambientes oligotróficos, onde o regime hidrodinâmico e o impacto da atividade humana foram as principais funções de força atuantes, mostrando variabilidade espacial e temporal entre os dois ambientes.
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Tese T 589.3929 G633e (Percorrer estante(Abre abaixo)) Disponível 03-0901

Tese (doutor) - INPA/UFAM, 2000

O estudo visou a conhecer a estrutura da comunidade ficoperifítica e sua variação ao longo de um ciclo sazonal completo no igarapé Água Boa e no rio Cauamé, situados no município de Boa Vista, estado de Roraima, norte do Brasil, relacionando-as com as características ambientais. As coletas foram realizadas mensalmente, durante 13 meses, de novembro de 1995 a novembro de 1996, em três estações de amostragem definidas em cada ambiente conforme a facilidade de acesso e as áreas utilizadas para recreio da população. Os substratos naturais escolhidos para o estudo da comunidade de algas perifíticas foram folhas de macrófitas aquáticas e de plantas de áreas alagadas (várzeas). Foram avaliadas variáveis climáticas da área, hidrodinâmicas, físicas e químicas da água e biológicas da comunidade ficoperifítica. No igarapé Água Boa, a estação AB3 apresentou-se bastante modificada por ação antrópica e mostrou aumentos diferenciados dos teores das variáveis abióticas tanto no período seco quanto no chuvoso, quando comparados com os equivalentes das estações AB1 e AB2. No rio Cauamé ocorreu apenas variação temporal. As águas dos dois ambientes analisados apresentaram-se ácidas e relativamente pobres em nutrientes refletindo, com isso, a composição química do solo. Análise de Componentes Principais (ACP) mostrou separação dos dois ambientes determinada pela composição física e química da água, segundo a qual o rio apresentou valores mais elevados das características abióticas. No entanto, ambos corpos d'água mostraram gradientes contínuos de variação dessas características, que sofreram distúrbios de diferentes escalas associados aos períodos climáticos seco e chuvoso. Apenas a estação AB3, do igarapé, mostrou condição intermediária entre as composições da água do próprio igarapé e do rio. As variáveis abióticas que apresentaram correlação significativa no igarapé foram: pH, condutividade elétrica, ortossilicato, ferro total, potássio, magnésio, dureza, demanda química de oxigênio, oxigênio dissolvido, cloretos, sólidos em suspensão, precipitação e velocidade do vento. O fitoperfíton foi dividido em cinco grandes grupos (fitoflagelados, diatomáceas, algas verdes, algas azuis e outros), sendo fitoflagelados e diatomáceas os que apresentaram as maiores densidades relativas em ambos ambientes. O igarapé apresentou maiores densidades de organismos do que o rio. As algas verdes, apesar da baixa densidade, foram mais abundantes no rio do que no igarapé nos dois períodos climáticos. A diferença na quantidade de pigmentos totais e no número de células por centímetro quadrado dependeu do tipo de substrato e do local onde este se encontrava. A ACP mostrou certa preferência pela fixação sobre gramíneas, pois aí foram medidos os maiores valores de biomassa. Na análise de agrupamentos ('cluster analysis'), os dois ambientes foram separados por apresentarem composições física, química e biológica bem diferentes e os grupos foram separados, principalmente, em período seco e chuvoso. A composição taxonômica das ficoflórulas do igarapé Água Boa e do rio Cauamé variou no espaço e no tempo, ocorrendo sucessão dos grupos fitoflagelados, diatomáceas e algas verdes. Em ambos sistemas ocorreu aumento das densidades de fitoflagelados, algas verdes e algas azuis com a diminuição da densidade de diatomáceas no período chuvoso. Ocorreu também variação da quantidade de biomassa nas estações de amostragem, mas não ficou evidente qualquer padrão de variação entre os cinco grupos acima considerados. A diminuição da correnteza permitiu proliferação das formas de algas filamentosas (cianofíceas e clorofíceas) nos meses secos. Nos meses chuvosos em que não foram encontradas algas perifíticas, tal não-detecção foi mais devida às perturbações provocadas pelos pulsos de inundação, do que por eventual competição entre os grupos. A perenidade das macrófitas aquáticas também influenciou a presença de algas perifíticas neste substrato. Apesar do igarapé ser mais pobre em nutrientes, apresentar menor volume de água e menor largura, suportou maior densidade de lagas perifíticas nas três estações de coleta, mostrando ocorrerem menores escalas de perturbações do que as que ocorrem no rio, desestruturando a comunidade. Pluviosidade é, sem dúvida, função de força de importância no sistema, responsável pelas modificações que ocorreram nos dois ambientes ao aumentarem correnteza, vazão, quantidade de material sólido em suspensão, aumento ou diluição de alguns nutrientes, fatores estes determinantes das modificações na estrutura da comunidade de algas nos dois ambientes. Rio Cauamé e igarapé Água Boa são ambientes oligotróficos, onde o regime hidrodinâmico e o impacto da atividade humana foram as principais funções de força atuantes, mostrando variabilidade espacial e temporal entre os dois ambientes.

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