Variabilidade genética em populações naturais de Anopheles (Nyssorhynchus) darlingi Root, 1926 (Diptera: Culicidae) / Joselita Maria Mendes dos Santos.

Tese (doutor) - INPA/UFAM, 1992

Para o estudo da diferenciação geográfica de populações naturais de Anopheles darlingi da Amazônia, foram analisadas amostras procedentes de Ariquemes, Porto Velho/Samuel, Manaus e Cachoeira Porteira. Foram estudados onze sistemas protéicos em eletroforese de gel de amido, amido-agarose e poliacrilamida. De todos os sistemas analisados, as esterases foram as mais polimórficas, com cinco regiões de atividade, variação em três delas, e modificações na expressão gênica durante o desenvolvimento. As esterases 1 e 2 mostraram maior intensidade de coloração nos estádios larvais, sendo que esta é reduzida em pupas e adultos; as esterases 3 e 4 são reveladas com mais intensidade nestes dois últimos estágios e a esterase 5 presente durante todo o desenvolvimento. A leucina aminopeptidase revelou seis zonas de atividade durante a ontogenia, sendo a LAP1 e LAP5 características de larvas. A LAP3 foi específica de pupas e adultos e a LAP4 detectada somente em pupas. LAP2 e LAP6 foram reveladas em todos os estágios do desenvolvimento. A alfa-glicerofosfato desidrogenase apresentou uma única região de atividade em gel de amido, sendo revelada em larvas de 4° estádio velhas (pigmentadas) e a atividade é intensificada a partir do estágio de pupa. Em gel de poliacrilamida, foram detectadas duas regiões de atividade (alfa-GPDH1 e alfa-GPDH2). Estas regiões foram reveladas também em larvas de 4° estádio velhas (pigmentadas) e esta atividade aumenta à medida que atinge o estágio adulto. Na análise populacional foram estudados 19 locos de 11 sistemas protéicos, dos quais 12 mostraram variação, com uma proporção de locos polimórficos de 68,40%. Os fenótipos detectados nestas proteínas polimórficas sugerem que 70% possam ser monoméricas (EST1, EST2, EST5, LAP5, LAP6, PGM e ODH2) e 30% diméricas (IDH1, ODH1 e AO1). O número de alelos detectados nos diferentes locos variou de 2 a 5, todos eles de ação codominante. Os dados de frequências alélicas mostraram diferenças significativas entre os locos analisados, sendo EST2 e IDH1 os que apresentaram valores de qui-quadrado signifcativos na maioria das populações. Para o primeiro, apenas na população de Porto Velho/Samuel, mostrou suas freqüências genotípicas em equilíbrio de Hardy-Weinberg (X² = 0,55; P 0,05) e o segundo, semente na população de Manaus, sem considerar os alelos agrupados (X² = 5,72; P 0,05). Considerando-se todos os locos, constata-se que, na maioria dos casos, os valores observados das classes homozigotas foram maiores que os esperados. A população de Ariquemes mostrou maior variabilidade, com maior número de alelos por loco (2,26 i 0,27) e maior polimorfismo (P = 63,15). A menor variabilidade foi verificada nas populações de Cachoeira Porteira e Manaus, com a mesma proporção de locos polimórficos (P = 52,63). Levando-se em conta os níveis de heterozigosidade intraloco observada e esperada, os maiores valores foram observados na população de Manaus (Ho = 0,432 ± 0,11; He = 0,375 ± 0,08), e os menores na população de Cachoeira Porteira (Ho = 0,236 ± 0,09; He = D,290 ± 0,11). Para as estatísticas F de Wright, os resultados mostraram desequilíbrio decorrente de excesso de homozigotos, conforme mostram os valores de Fis Fst (0,083 0,026), denotando uma certa diferenciação intra- populacional. As quatro populações estudadas foram muito semelhantes geneticamente, conforme indicam os valores de distância e similaridade (D = 0,10 - 0,024; I = 0,976 - 0,990). Embora as populações sejam muito próximas, o dendograma resultante da matriz de distância e similaridade, agrupa as populações de Ariquemes, Cachoeira Porteira e Porto Velho/Samuel num mesmo "cluster", separando-as da população de Manaus. Comparando-se a variabilidade enzimática com os dados de variabilidade cromossômica, constata-se que há divergência quanto à estrutura das populações. Enquanto que para a primeira predominam as classes dos homozigotos, para a variabilidade cromossômica há excesso de heterozigotos, inclusive com valores acima de 50%. Os dados deste trabalho mostraram que as populações apresentam os valores de Fis Fst, caracterizando uma diferenciação inicial maior intra-populacional. O efeito de Wahlund foi proposto para explicar o excesso das classes homozigotas, para a maioria dos locos estudados.

Área de concentração: Entomologia.