Extrativismo e agricultura : as escolhas de uma comunidade ribeirinha do Médio Solimões / Henrique dos Santos Pereira.

Por: Pereira, Henrique dos SantosColaborador(es):Lescure, Jean-Paul [Orientador]Detalhes da publicação: 1992Notas: 163 f. : ilAssunto(s): Comunidades ribeirinhas -- Tefé (AM) -- Condições econômicas | Comunidades ribeirinhas -- Tefé (AM) -- Condições sociais | Ecologia humana -- Tefé (AM)Classificação Decimal de Dewey: 304.2 Nota de dissertação: Dissertação (mestrado)--INPA/UFAM, Manaus, 1992. Sumário: Durante o período de 11/1989 a 01/1991 estudou-se a ecologia humana do sistema de produção de uma comunidade ribeirinha da região do Médio rio Solimões, no município de Tefé, no Estado do Amazonas (Brasil). A comunidade composta por 33 famílias descendentes de Cambebas Peruanos e Cocamas brasileiros ocupa, desde o início da década de setenta, uma área de reserva de aproximadamente 920 hectares em terra firme. Descreve-se o sistema social do grupo através da análise do processo de organização política e das relações de produção, onde destaca-se a manutenção de relações não capitalistas de produção, tendo-se como referência o sistema "agro-extrativista" tradicional e indígena. O Sistema de produção da comunidade, baseado na produção e comercialização de farinha de mandioca (Manihot esculenta CRANTZ) e na coleta e comercialização de castanha-do-pará (Bertholletia excelsa H. B. K.), foi analisado sob a ótica dos sistemas agroflorestais. Considerou-se como parâmetros para avaliação a eficiência ecológica e econômica do sistema, interpretadas, a partir do custo energético e do resultado financeiro das produções; a sustentabilidade ecológica do sistema, a partir da análise dos impactos ambientais sob os recursos explorados; e as interações ecológicas entre os subsistemas agrícola e florestais. Em termos de balanço energético, os resultados demonstram claramente a maior eficiência da produção agrícola comparada à produção extrativa: 31 kcal de output por kcal de input para produção de farinha contra cerca de 11 kcal de output na produção extrativa, corroborando com a tendência das famílias em abandonar ou reduzir a atividade de coleta. Em termos de impactos sobre os recursos explorados observou-se, através do estudo do banco de sementes do solo e da composição da vegetação, que o sistema de pousio permite apenas a regeneração da vegetação florestal secundária (Capoeira), o suficiente para manter o equilíbrio do sistema de cultivo mas não o da vegetação primária. A decisão do abandono das parcelas de cultivo após o segundo ciclo de cultivo parece ser determinada antes pelo aumento no custo energético do controle das plantas invasoras do que pela redução na produtividade do plantio simplesmente. A comunidade emprega um sistema agroflorestal que estabelece um convívio harmonioso entre a agricultura e o recurso extrativo principal, a castanheira, graças a práticas de pousio e proteção dos indivíduos de castanheira que favorecem a regeneração da população e da espécie. Apesar disso, observou-se uma tendência à valorização e super-especialização da produção agrícola, traduzidas pela reduzida biodiversidade das roças e pela redução do período de pousio, como adequação do sistema tradicional e indígena à economia de mercado diferentemente do sistema de comercialização da produção agrícola, a comercialização da produção extrativa é regulada pelo sistema de "aviamento" que condiciona um baixo índice de remuneração ao produtor. Isto aliado à baixa densidade relativa do recurso extrativo (1 a 3 árvores/hectare) comparada à elevada densidade populacional humana da reserva (cerca de 6 coletores por árvore, em potencial), faz com que o desempenho energético-econômico desta atividade seja inferior ao da produção agrícola, ou seja, um retorno de Cr$ 202,00 por 1.000 kcal investidas na agricultura contra um retorno de CrS 16,00 por 1.000 kcal investidas no extrativismo.
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Dissertação T 304.2 P436e (Percorrer estante(Abre abaixo)) Disponível 99-0157

Dissertação (mestrado)--INPA/UFAM, Manaus, 1992.

Durante o período de 11/1989 a 01/1991 estudou-se a ecologia humana do sistema de produção de uma comunidade ribeirinha da região do Médio rio Solimões, no município de Tefé, no Estado do Amazonas (Brasil). A comunidade composta por 33 famílias descendentes de Cambebas Peruanos e Cocamas brasileiros ocupa, desde o início da década de setenta, uma área de reserva de aproximadamente 920 hectares em terra firme. Descreve-se o sistema social do grupo através da análise do processo de organização política e das relações de produção, onde destaca-se a manutenção de relações não capitalistas de produção, tendo-se como referência o sistema "agro-extrativista" tradicional e indígena. O Sistema de produção da comunidade, baseado na produção e comercialização de farinha de mandioca (Manihot esculenta CRANTZ) e na coleta e comercialização de castanha-do-pará (Bertholletia excelsa H. B. K.), foi analisado sob a ótica dos sistemas agroflorestais. Considerou-se como parâmetros para avaliação a eficiência ecológica e econômica do sistema, interpretadas, a partir do custo energético e do resultado financeiro das produções; a sustentabilidade ecológica do sistema, a partir da análise dos impactos ambientais sob os recursos explorados; e as interações ecológicas entre os subsistemas agrícola e florestais. Em termos de balanço energético, os resultados demonstram claramente a maior eficiência da produção agrícola comparada à produção extrativa: 31 kcal de output por kcal de input para produção de farinha contra cerca de 11 kcal de output na produção extrativa, corroborando com a tendência das famílias em abandonar ou reduzir a atividade de coleta. Em termos de impactos sobre os recursos explorados observou-se, através do estudo do banco de sementes do solo e da composição da vegetação, que o sistema de pousio permite apenas a regeneração da vegetação florestal secundária (Capoeira), o suficiente para manter o equilíbrio do sistema de cultivo mas não o da vegetação primária. A decisão do abandono das parcelas de cultivo após o segundo ciclo de cultivo parece ser determinada antes pelo aumento no custo energético do controle das plantas invasoras do que pela redução na produtividade do plantio simplesmente. A comunidade emprega um sistema agroflorestal que estabelece um convívio harmonioso entre a agricultura e o recurso extrativo principal, a castanheira, graças a práticas de pousio e proteção dos indivíduos de castanheira que favorecem a regeneração da população e da espécie. Apesar disso, observou-se uma tendência à valorização e super-especialização da produção agrícola, traduzidas pela reduzida biodiversidade das roças e pela redução do período de pousio, como adequação do sistema tradicional e indígena à economia de mercado diferentemente do sistema de comercialização da produção agrícola, a comercialização da produção extrativa é regulada pelo sistema de "aviamento" que condiciona um baixo índice de remuneração ao produtor. Isto aliado à baixa densidade relativa do recurso extrativo (1 a 3 árvores/hectare) comparada à elevada densidade populacional humana da reserva (cerca de 6 coletores por árvore, em potencial), faz com que o desempenho energético-econômico desta atividade seja inferior ao da produção agrícola, ou seja, um retorno de Cr$ 202,00 por 1.000 kcal investidas na agricultura contra um retorno de CrS 16,00 por 1.000 kcal investidas no extrativismo.

Área de concentração: Ecologia.

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