Aspectos ecológicos de Glycoxylon inophyllum (Mart. ex Miq.) ducke (Sapotaceae) / Pedro Luiz Braga Lisbôa.

Por: Lisbôa, Pedro Luiz BragaColaborador(es):Prance, Ghillean T [Orientador]Detalhes da publicação: 1975Notas: 74 f. : ilAssunto(s): Glycoxylon inophyllum -- Amazônia -- EcologiaClassificação Decimal de Dewey: 581.5 Nota de dissertação: Dissertação (Mestrado)-- INPA/UFAM, 1975. Sumário: Não se tem conhecimento de estudos ecológicos da espécie Glycoxylon inophyllum (mart. ex Miq.) Ducke, cujo centro de dispersão é a Amazônia. Neste trabalho, enfatizou-se o comportamento ecológico desta espécie, comum em campinas amazônicas, sob dois aspectos: - Quanto a sua variação estrutural dentro de uma área da campina da Reserva Biológica do convênio INPA-SUFRAMA , onde duas formações botânicas típicas de campina amazônica estão presentes, campina e campinarana. - Quanto a efeitos quimio-ecológicos, por ela produzido sobre plântulas da mesma espécie ou de outras, principalmente Lagenocarpus verticillatus (Sprengel) T. Koyama & Maguire. Para este segundo aspecto, estudos de competição por nutrientes e umidade do solo, foram feitos previamente, para melhor se conhecer o comportamento da espécie no ecossistema. 1 - Aspectos estruturais de Glycoxylon inophyllum. Delimitou-se um transecto medindo 60 x 5 m, o qual abrangia áreas de campinarana e campina, pois, a campina "sensu scripto" é cercada por áreas de campinarana. A localização coincidiu em uma determinada extensão onde 3 poços foram cavados por Santos & Ribeiro (1975), para localização do lençol freático. Da medida referida, 30 m abrangiam área de campina e outros 30 m, área de campinarana, sendo 15 m de cada lado da campina. Dentro do transecto, contou-se a ocorrência de indivíduos de G. inophyllum, bem como comparação de área basal, altura de árvores e, tamanho da copa. Os resultados mostraram que na área de campinarana 1, siturada à esquerda da área de campina, os indivíduos de G. inophyllum são algo tortuosos, de altura média de 6,5 m e área basal média de 41,64 cm². Na área central de campina, as árvores são de altura média igual a 2.94 m e área basal média igual a 49.36 cm². Na campina, as árvores são muito tortuosas e de copas ralas. Na campinarana 2, as árvores são de porte ereto, altura média de 15.3 m e área basal média de 445,76. Maior número de indivíduos foi encontrado na campina, onde observou-se também reprodução vegetativa. O lençol freático situa-se mais superficialmente na capinarana 2 (a 70 cm da superfície), onde chega a aflorar em determinado trecho. Na campinarana 1, o lençol situa-se a 1.70 m da superfície, porém a proximidade com o latossolo da floresta, permite a esta formação desenvolver-se mais que na área central de campina, onde o porte dos indivíduos de G. inophyllum é raquítico, devido esta área ser escessivamente aberta, portanto, mais exposta ao intemperismo natural. 2 - Competição por nutrientes, água e efeitos alelopáticos. Antecedendo o estudo alelopático realizado na capinarana, testou-se a possibilidade de uma possível competição por nutrientes, entre planta mãe plântulas de G. inophyllum, em decorrência do solo ser extremamente pobre em nutrientes e ácido. Previamente, através de medições mensais durante 6 meses da altura do caule de plântulas de G. inophyllum, demonstrou-se que estas plântulas não crescem. Depois, plântulas de G. inophyllum foram transplantadas para sacos contendo solo húmico de plantas da mesma espécie e também de Aldina heterophylla Spr ex Benth, outra espécie comum àquele ecossistema. Metade dos experimentos com solo húmico de ambas as espécies, foram providos de nutrientes usados em agricultura, com adições quinzenais. Os resultados mostraram que houve pequena dependência por nutrientes porque, no transplante para solo húmico de G. inophyllum, sem nutrientes, as plântulas declinaram, sobrevindo inclusive um efeito tóxico do solo húmico. Nos meses seguintes, com o excesso de chumvas da época invernosa, as plântulas recuperaram-se vigorosamente. Nos sacos com nutrientes, elas não cresceram significantemente, porém não declinaram devido à aplicação de nutrientes. No transplante para solos húmicos de A. heterophylla, não houve declínio e as plântulas apresentaram um pequeno crescimento, para ambos tratamentos, com e sem nutrientes e, com aspecto de excelente vigor. - Uma curva para mostrar se há umidade suficiente no solo húmico de G. inophyllum, para o fenômeno de crescimento foi feita, compreendendo o período de novembro de 1974 a abril de 1975, obtendo-se como menor valor 65.46% para o mes de dezembro, o que demonstra haver umidade suficiente para o crescimento vegetal, devido as constantes precipitações amazônicas. - A hipótese alelopática foi testada em laboratório e no campo. Na laboratório, usando-se placas de Petri contendo papel filtro umedecido com extratos aquosos de orgãos provenientes de G. inophyllum, realizou-se bioensaios do crescimento do hipocótilo de Lactuca sativa L. Usou-se extratos aquosos de folhas intactas, folhas cortadas, raizes intactas, placas da casca e água escorrida do caule. Todos os testes foram acompanhados de placas irrigadas com água destilada, usadas como controle. Os resultados mostraram que o hipocótilo de L. sativa tem seu crescimento estimulado com o extrtato de folhas intactas, e o tem inibido com os outros extratos testados. Porém, somente o extrato de placas da casca mostrou inibição significante. Também, a inibição foi bastante severa em extrato de folhas cortadas, porém este resultado é ecologicamente duvidoso porque, o fenômeno "corte de folhas" não ocorre "in natura". Outros bioensaios de laboratório foram feitos com sementes de plantas naturais da campina (Glycoxylon inophyllum e Lagenocarpus verticillatus), porém, não se conseguiu obter resultados de germinação em laboratório. No campo, duas áreas de 2m² cada, foram determinadas sobre as mantas orgânicas de G. inophyllum e A. heterophylla, onde sementes de Lactuca sativa L. (alface) e Glicine max (L.) Merr. (soja) foram semeadas. Para L. sativa, a germinação atingiu 20% em ambas as áreas, seguindo-se um declínio até a morte das plântulas. Para G. max, cerca de 50% das sementes germinaram na área de G. inophyllum e 70% na área de A. heterophylla, porém em ambos os casos, o mesmo declíneo ocorreu. Isso deveu-se a um ataque maciço por herbívoros, nas plantas introduzidas, deduzindo-se isto pelos evidentes sinais predatórios observados. Possivelmente, estas espécies, sendo atóxicas, foram descobertas por herbívoros da área, que as exterminaram. Plântulas de G. inophyllum, abundantes nas proximidades da área estudada mostrava-se praticamente intactas. Concluiu-se que Janzen (1974) tem razão ao afirmar que espécies tropicais de campinas acumulam tóxicos em seus orgãos para evitar perdas para herbívoros. Teste de detecção de taninos (produtos químicos com capacidade alelopática) foi feito, obtendo-se indicação que altas concentrações estão acumuladas nas cascas de G. inophyllum. O desprendimento em placas, da casca, e as frequentes precipitações levando o tronco e as placas caídasno solo, liberam para o ambiente estas substâncias tânicas, as quais exercem efeito inibidor sobre o crescimento de plântulas de G. inophyllum nos arredores onde esta espécie ocorre. O teste em extratos aquosos de outros órgãos resultou fracamente positivo, o mesmo ocorrendo para o solo húmico de G. inophyllum. Finalmente, concluiu-se que os fatores alelopáticos e nutricional estão agindo simultaneamente inibindo o crescimento de plântulas nos arredores de Glycoxylon inophyllum.
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Tese T 581.5 L769a (Percorrer estante(Abre abaixo)) Disponível 01-0105

Dissertação (Mestrado)-- INPA/UFAM, 1975.

Não se tem conhecimento de estudos ecológicos da espécie Glycoxylon inophyllum (mart. ex Miq.) Ducke, cujo centro de dispersão é a Amazônia. Neste trabalho, enfatizou-se o comportamento ecológico desta espécie, comum em campinas amazônicas, sob dois aspectos: - Quanto a sua variação estrutural dentro de uma área da campina da Reserva Biológica do convênio INPA-SUFRAMA , onde duas formações botânicas típicas de campina amazônica estão presentes, campina e campinarana. - Quanto a efeitos quimio-ecológicos, por ela produzido sobre plântulas da mesma espécie ou de outras, principalmente Lagenocarpus verticillatus (Sprengel) T. Koyama & Maguire. Para este segundo aspecto, estudos de competição por nutrientes e umidade do solo, foram feitos previamente, para melhor se conhecer o comportamento da espécie no ecossistema. 1 - Aspectos estruturais de Glycoxylon inophyllum. Delimitou-se um transecto medindo 60 x 5 m, o qual abrangia áreas de campinarana e campina, pois, a campina "sensu scripto" é cercada por áreas de campinarana. A localização coincidiu em uma determinada extensão onde 3 poços foram cavados por Santos & Ribeiro (1975), para localização do lençol freático. Da medida referida, 30 m abrangiam área de campina e outros 30 m, área de campinarana, sendo 15 m de cada lado da campina. Dentro do transecto, contou-se a ocorrência de indivíduos de G. inophyllum, bem como comparação de área basal, altura de árvores e, tamanho da copa. Os resultados mostraram que na área de campinarana 1, siturada à esquerda da área de campina, os indivíduos de G. inophyllum são algo tortuosos, de altura média de 6,5 m e área basal média de 41,64 cm². Na área central de campina, as árvores são de altura média igual a 2.94 m e área basal média igual a 49.36 cm². Na campina, as árvores são muito tortuosas e de copas ralas. Na campinarana 2, as árvores são de porte ereto, altura média de 15.3 m e área basal média de 445,76. Maior número de indivíduos foi encontrado na campina, onde observou-se também reprodução vegetativa. O lençol freático situa-se mais superficialmente na capinarana 2 (a 70 cm da superfície), onde chega a aflorar em determinado trecho. Na campinarana 1, o lençol situa-se a 1.70 m da superfície, porém a proximidade com o latossolo da floresta, permite a esta formação desenvolver-se mais que na área central de campina, onde o porte dos indivíduos de G. inophyllum é raquítico, devido esta área ser escessivamente aberta, portanto, mais exposta ao intemperismo natural. 2 - Competição por nutrientes, água e efeitos alelopáticos. Antecedendo o estudo alelopático realizado na capinarana, testou-se a possibilidade de uma possível competição por nutrientes, entre planta mãe plântulas de G. inophyllum, em decorrência do solo ser extremamente pobre em nutrientes e ácido. Previamente, através de medições mensais durante 6 meses da altura do caule de plântulas de G. inophyllum, demonstrou-se que estas plântulas não crescem. Depois, plântulas de G. inophyllum foram transplantadas para sacos contendo solo húmico de plantas da mesma espécie e também de Aldina heterophylla Spr ex Benth, outra espécie comum àquele ecossistema. Metade dos experimentos com solo húmico de ambas as espécies, foram providos de nutrientes usados em agricultura, com adições quinzenais. Os resultados mostraram que houve pequena dependência por nutrientes porque, no transplante para solo húmico de G. inophyllum, sem nutrientes, as plântulas declinaram, sobrevindo inclusive um efeito tóxico do solo húmico. Nos meses seguintes, com o excesso de chumvas da época invernosa, as plântulas recuperaram-se vigorosamente. Nos sacos com nutrientes, elas não cresceram significantemente, porém não declinaram devido à aplicação de nutrientes. No transplante para solos húmicos de A. heterophylla, não houve declínio e as plântulas apresentaram um pequeno crescimento, para ambos tratamentos, com e sem nutrientes e, com aspecto de excelente vigor. - Uma curva para mostrar se há umidade suficiente no solo húmico de G. inophyllum, para o fenômeno de crescimento foi feita, compreendendo o período de novembro de 1974 a abril de 1975, obtendo-se como menor valor 65.46% para o mes de dezembro, o que demonstra haver umidade suficiente para o crescimento vegetal, devido as constantes precipitações amazônicas. - A hipótese alelopática foi testada em laboratório e no campo. Na laboratório, usando-se placas de Petri contendo papel filtro umedecido com extratos aquosos de orgãos provenientes de G. inophyllum, realizou-se bioensaios do crescimento do hipocótilo de Lactuca sativa L. Usou-se extratos aquosos de folhas intactas, folhas cortadas, raizes intactas, placas da casca e água escorrida do caule. Todos os testes foram acompanhados de placas irrigadas com água destilada, usadas como controle. Os resultados mostraram que o hipocótilo de L. sativa tem seu crescimento estimulado com o extrtato de folhas intactas, e o tem inibido com os outros extratos testados. Porém, somente o extrato de placas da casca mostrou inibição significante. Também, a inibição foi bastante severa em extrato de folhas cortadas, porém este resultado é ecologicamente duvidoso porque, o fenômeno "corte de folhas" não ocorre "in natura". Outros bioensaios de laboratório foram feitos com sementes de plantas naturais da campina (Glycoxylon inophyllum e Lagenocarpus verticillatus), porém, não se conseguiu obter resultados de germinação em laboratório. No campo, duas áreas de 2m² cada, foram determinadas sobre as mantas orgânicas de G. inophyllum e A. heterophylla, onde sementes de Lactuca sativa L. (alface) e Glicine max (L.) Merr. (soja) foram semeadas. Para L. sativa, a germinação atingiu 20% em ambas as áreas, seguindo-se um declínio até a morte das plântulas. Para G. max, cerca de 50% das sementes germinaram na área de G. inophyllum e 70% na área de A. heterophylla, porém em ambos os casos, o mesmo declíneo ocorreu. Isso deveu-se a um ataque maciço por herbívoros, nas plantas introduzidas, deduzindo-se isto pelos evidentes sinais predatórios observados. Possivelmente, estas espécies, sendo atóxicas, foram descobertas por herbívoros da área, que as exterminaram. Plântulas de G. inophyllum, abundantes nas proximidades da área estudada mostrava-se praticamente intactas. Concluiu-se que Janzen (1974) tem razão ao afirmar que espécies tropicais de campinas acumulam tóxicos em seus orgãos para evitar perdas para herbívoros. Teste de detecção de taninos (produtos químicos com capacidade alelopática) foi feito, obtendo-se indicação que altas concentrações estão acumuladas nas cascas de G. inophyllum. O desprendimento em placas, da casca, e as frequentes precipitações levando o tronco e as placas caídasno solo, liberam para o ambiente estas substâncias tânicas, as quais exercem efeito inibidor sobre o crescimento de plântulas de G. inophyllum nos arredores onde esta espécie ocorre. O teste em extratos aquosos de outros órgãos resultou fracamente positivo, o mesmo ocorrendo para o solo húmico de G. inophyllum. Finalmente, concluiu-se que os fatores alelopáticos e nutricional estão agindo simultaneamente inibindo o crescimento de plântulas nos arredores de Glycoxylon inophyllum.

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