Divisão de recursos tróficos entre abelhas sociais principalmente em Apis mellifera Linné e Trigona (Trigona) spinipes Fabricius (Apidae, Hymenoptera) / Marilda Cortopassi-Laurino.

Por: Cortopassi-Laurino, MarildaColaborador(es):Nogueira Neto, Paulo [Orientador]Detalhes da publicação: São Paulo [s.n.] 1982Notas: 180 f. : ilAssunto(s): Abelhas -- Comportamento alimentarClassificação Decimal de Dewey: 595.799 Nota de dissertação: Tese (doutor) - Universidade de São Paulo, 1982 Sumário: Através das observações de abelhas nas flores, ao longo de dois anos (junho de 1979-1980), pudemos verificar que Trigona spinipes e Apis mellifera foram as duas espécies de abelhas sociais mais politróficas da área, ou seja, visitaram maior diversidade de espécies vegetais para as suas coletas. Outras abelhas observadas na área, e que não tiveram tanta expressão de diversidade nas visitas quanto Trigona spinipes e Apis mellifera foram: Tetragonisca angustula, Plebeia sp., Paratrigona subnuda, Friesella schrottkyi, Nannotrigona testaceicornis, Melipona quadrifasciata, Melipona marginata e Melipona bicolor. Foram ainda observados Bombus e Xylocopa. Considerando o nicho trófico dessas abelhas, obtivemos a seguinte ordenação decrescente: Ts, Am, Ta, Pl, Os, Fs, Bo, Nt, Xy, q, Mm e Mb. Pelo menos as três abelhas do topo da nossa escala apresentam os mais altos graus de politrofismo, enquanto que as últimas teriam os valores mais baixos, apesar da estrutura social e do amplo período ativo dessas abelhas. Vários fatores devem contribuir para o sucesso de Trigona spinipes nas flores. O primeiro a ser considerado é que esta espécie é nativa e de ampla distribuição geográfica e, como tal, deve ter tido uma coevolução com a flora local. Outros fatores estariam relacionados ao método de comunicação das fontes de recursos disponíveis, presença de vários níveis de agressividade intra e interespecífico, distribuição uniforme dos ninhos, além de uma estratégia especial de coleta, caracterizada pelo fato dessas abelhas cortarem a base da corola de muitas espécies de flores, alcançando dessa forma os seus nectários, o que colabora para a expansão do seu nicho trófico. Sobre o sucesso das Apis, poderíamos dizer que ele está associado com a sua grande capacidade de enxameagem e dispersão, com os seus horários de coleta, hábitos de nidificação, com o seu avançado sistema de comunicação das fontes de recursos além dos padrões de coleta. As espécies de abelhas que mais coletaram sozinhas nas flores foram Am e Ts. A média anual dos valores de sobreposição mostrou que Ta é abelha que mais coletou junto com as outras abelhas, seguida por Ts, Pl, Os, Am, etc. Ao longo do ano um maior número de abelhas e de flores disponíveis foi observado na região em agosto, setembro, outubro e novembro, quando ocorreu um aumento dos valores de temperatura, umidade relativa e pluviosidade. Menor abundância de abelhas e flores foi observada nos meses de janeiro, fevereiro e março, quando os valores das condições climáticas foram máximos. Apesar disso não houve paralelismo entre quantidade de flores observadas e pólens coletados; nesse período, deve ter havido uma expansão no tamanho do nicho trófico polínico das abelhas em relação ao nicho para néctar. No mês de julho, que reuniu as condições ambientais mais adversas, foram observadas sete diferentes espécies de abelhas nas flores, mostrando a relativa independência dessas espécies a essas condições ambientais. Em termos gerais a divisão dos recursos tróficos entre as abelhas estudadas provavelmente é resultado relacionado com os sistemas de comunicação, estratégias de coleta, horário de atividades diárias e sazonais, condições meteorológicas, necessidades das colônias, disponilidade vegetal, especialização em diferentes fontes de alimento etc. As abelhas sociais observadas visitaram 190 espécies de 67 famílias de plantas, sendo as mais comuns Compositae e Leguminosae; algumas espécies botânicas, reconhecidas como tóxicas, também foram visitadas pelas abelhas. As plantas que foram procuradas pelo pólen e pelo néctar somam 34,76% do total, enquanto que 41,18% só pelo pólen e 21,39% só pelo néctar. Considerando o número de espécies de abelhas que visitaram cada espécie vegetal, uma grande parte (42%) foi visitada por só uma espécie de abelha, principalmente Am e Ts; e somente uma pequena parcela das flores é que foi visitada por várias (até sete) espécies de abelhas. Sobre a análise polínica das duas espécies mais politróficas da área, Ts e Am, as amostras apresentaram uma taxa muito grande dos pólens categorizados em casuais, os quais na realidade são os que têm maior influência nas escalas de politécnica das nossas abelhas. Através da soma das porcentagens dos pólens das espécies botânicas mais coletadas pode-se verificar que tanto para Am como Ts a família mais importante foi Myrtaceae, representada quase que exclusivamente por várias espécies de Eucalyptus; a segunda mais importante foi Leguminosae para Am e Palmas para Ts. As famílias diversificadas em espécies que foram procuradas pelo pólen foram para Am: Compositae, Leguminosae. A coleta do pólen nas quatro estações do ano mostrou que a primavera se caracterizou por coletas em diversas Leguminosae e Compositae. O verão, ainda por Leguminosae, Archontophoenix, anemófilas e tipo Aloe. No outono, a substituição por Eucalyptus e tipo Aloe e no inverno, quase que exclusivamente por Eucalyptus. O mês que apresentou maior diversidade polínica nas amostras de Am foi janeiro e para Ts agosto/80 e julho de 1981. A menor diversidade ocorreu em outubro de 1980 para Ts e para Am em agosto de 80 e julho de 1981. A diversidade polínica variou entre 81 e 42 tipos diferentes, evidenciando as flutuações específicas de coleta de pólen durante todo ano, para cada uma das espécies consideradas. A época de maior diversidade correspondeu a do pico de floração, o que coincide com os dados bibliográficos de precipitação polínica.
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Tese (doutor) - Universidade de São Paulo, 1982

Através das observações de abelhas nas flores, ao longo de dois anos (junho de 1979-1980), pudemos verificar que Trigona spinipes e Apis mellifera foram as duas espécies de abelhas sociais mais politróficas da área, ou seja, visitaram maior diversidade de espécies vegetais para as suas coletas. Outras abelhas observadas na área, e que não tiveram tanta expressão de diversidade nas visitas quanto Trigona spinipes e Apis mellifera foram: Tetragonisca angustula, Plebeia sp., Paratrigona subnuda, Friesella schrottkyi, Nannotrigona testaceicornis, Melipona quadrifasciata, Melipona marginata e Melipona bicolor. Foram ainda observados Bombus e Xylocopa. Considerando o nicho trófico dessas abelhas, obtivemos a seguinte ordenação decrescente: Ts, Am, Ta, Pl, Os, Fs, Bo, Nt, Xy, q, Mm e Mb. Pelo menos as três abelhas do topo da nossa escala apresentam os mais altos graus de politrofismo, enquanto que as últimas teriam os valores mais baixos, apesar da estrutura social e do amplo período ativo dessas abelhas. Vários fatores devem contribuir para o sucesso de Trigona spinipes nas flores. O primeiro a ser considerado é que esta espécie é nativa e de ampla distribuição geográfica e, como tal, deve ter tido uma coevolução com a flora local. Outros fatores estariam relacionados ao método de comunicação das fontes de recursos disponíveis, presença de vários níveis de agressividade intra e interespecífico, distribuição uniforme dos ninhos, além de uma estratégia especial de coleta, caracterizada pelo fato dessas abelhas cortarem a base da corola de muitas espécies de flores, alcançando dessa forma os seus nectários, o que colabora para a expansão do seu nicho trófico. Sobre o sucesso das Apis, poderíamos dizer que ele está associado com a sua grande capacidade de enxameagem e dispersão, com os seus horários de coleta, hábitos de nidificação, com o seu avançado sistema de comunicação das fontes de recursos além dos padrões de coleta. As espécies de abelhas que mais coletaram sozinhas nas flores foram Am e Ts. A média anual dos valores de sobreposição mostrou que Ta é abelha que mais coletou junto com as outras abelhas, seguida por Ts, Pl, Os, Am, etc. Ao longo do ano um maior número de abelhas e de flores disponíveis foi observado na região em agosto, setembro, outubro e novembro, quando ocorreu um aumento dos valores de temperatura, umidade relativa e pluviosidade. Menor abundância de abelhas e flores foi observada nos meses de janeiro, fevereiro e março, quando os valores das condições climáticas foram máximos. Apesar disso não houve paralelismo entre quantidade de flores observadas e pólens coletados; nesse período, deve ter havido uma expansão no tamanho do nicho trófico polínico das abelhas em relação ao nicho para néctar. No mês de julho, que reuniu as condições ambientais mais adversas, foram observadas sete diferentes espécies de abelhas nas flores, mostrando a relativa independência dessas espécies a essas condições ambientais. Em termos gerais a divisão dos recursos tróficos entre as abelhas estudadas provavelmente é resultado relacionado com os sistemas de comunicação, estratégias de coleta, horário de atividades diárias e sazonais, condições meteorológicas, necessidades das colônias, disponilidade vegetal, especialização em diferentes fontes de alimento etc. As abelhas sociais observadas visitaram 190 espécies de 67 famílias de plantas, sendo as mais comuns Compositae e Leguminosae; algumas espécies botânicas, reconhecidas como tóxicas, também foram visitadas pelas abelhas. As plantas que foram procuradas pelo pólen e pelo néctar somam 34,76% do total, enquanto que 41,18% só pelo pólen e 21,39% só pelo néctar. Considerando o número de espécies de abelhas que visitaram cada espécie vegetal, uma grande parte (42%) foi visitada por só uma espécie de abelha, principalmente Am e Ts; e somente uma pequena parcela das flores é que foi visitada por várias (até sete) espécies de abelhas. Sobre a análise polínica das duas espécies mais politróficas da área, Ts e Am, as amostras apresentaram uma taxa muito grande dos pólens categorizados em casuais, os quais na realidade são os que têm maior influência nas escalas de politécnica das nossas abelhas. Através da soma das porcentagens dos pólens das espécies botânicas mais coletadas pode-se verificar que tanto para Am como Ts a família mais importante foi Myrtaceae, representada quase que exclusivamente por várias espécies de Eucalyptus; a segunda mais importante foi Leguminosae para Am e Palmas para Ts. As famílias diversificadas em espécies que foram procuradas pelo pólen foram para Am: Compositae, Leguminosae. A coleta do pólen nas quatro estações do ano mostrou que a primavera se caracterizou por coletas em diversas Leguminosae e Compositae. O verão, ainda por Leguminosae, Archontophoenix, anemófilas e tipo Aloe. No outono, a substituição por Eucalyptus e tipo Aloe e no inverno, quase que exclusivamente por Eucalyptus. O mês que apresentou maior diversidade polínica nas amostras de Am foi janeiro e para Ts agosto/80 e julho de 1981. A menor diversidade ocorreu em outubro de 1980 para Ts e para Am em agosto de 80 e julho de 1981. A diversidade polínica variou entre 81 e 42 tipos diferentes, evidenciando as flutuações específicas de coleta de pólen durante todo ano, para cada uma das espécies consideradas. A época de maior diversidade correspondeu a do pico de floração, o que coincide com os dados bibliográficos de precipitação polínica.

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