Ecologia, etnoecologia e uso local de matupás na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã, Amazônia Central Carolina Tavares de Freitas

Por: Freitas, Carolina Tavares deColaborador(es):Glenn Harvey Shepard Jr [Orientador] | Maria Teresa Fernandez Piedade [Coorientadora]Detalhes da publicação: Manaus : [s.n.], 2013Notas: xiii, 110 f. : il. colorAssunto(s): Etnoecologia | Desenvolvimento Sustentável -- AmanãClassificação Decimal de Dewey: 574.5 Recursos online: Clique aqui para acessar online Nota de dissertação: Dissertação (Mestre)- INPA, 2013 Sumário: A pesquisa ecológica e a pesquisa etnoecológica possuem forte potencial para nos permitir conhecer e compreender melhor elementos e processos ecológicos, a partir do uso de diferentes métodos e formas de consolidar ideias. Essas duas abordagens podem ser complementares, e estudos que busquem uni-las tendem a resultar em trabalhos mais completos e informativos. Aqui, o conhecimento científico e o tradicional foram utilizados conjuntamente na obtenção de informações sobre os matupás, ilhas flutuantes que ocorrem em lagos de várzea da Amazônia. Os matupás são formados por um bloco de material orgânico parcialmente decomposto em sua base e uma comunidade vegetal e animal em sua superfície. Por possuírem um substrato orgânico com características de turfa, também podem ser considerados turfeiras. Apesar de já existirem muitos estudos sobre os diversos tipos de ilhas flutuantes e turfeiras no mundo, há pouca informação a respeito para a Amazônia. Sobre os matupás, o conhecimento científico é ainda muito incipiente, não havendo sido feitos estudos centrados apenas nessas ilhas. Por outro lado, povos ribeirinhos que vivem próximo a matupás demonstram possuir bastante conhecimento sobre essas formações e utilizá-las em atividades relacionadas à agricultura e pesca. No presente estudo, buscamos reunir informações obtidas a partir da realização de um inventário florístico (espécies herbáceas/lenhosas) em matupás na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã (Amazonas, Brasil) e de entrevistas com ribeirinhos moradores da Reserva. Para tanto, (i) amostramos 10 matupás, delimitando parcelas de 5 x 5 m para amostragem de espécies lenhosas e obtenção de dados sobre a espessura do substrato do matupá, e subparcelas de 1 x 1 m para espécies herbáceas (n = 82 parcelas e subparcelas); e (ii) realizamos 35 entrevistas com ribeirinhos de cinco comunidades, levantando informações sobre o processo de formação dos matupás; fatores bióticos e abióticos relacionados à sua ocorrência; sua importância ecológica; e sua utilidade para os ribeirinhos. A partir dos dados obtidos nas amostragens, pudemos perceber que a espessura do substrato do matupá é um parâmetro de muita importância na ocorrência e distribuição de plantas em sua superfície. Conforme o substrato se torna mais espesso, o número de espécies lenhosas aumenta e ocorre uma substituição de espécies, modificando sua fitofisionomia como um todo. Matupás mais espessos apresentam, ainda, uma maior dissimilaridade florística entre locais em seu interior, o que indica que são ambientes mais heterogêneos. A partir das entrevistas, obtivemos explicações detalhadas sobre processos relacionados aos matupás, destacando-se informações ecológicas de muita relevância que eram desconhecidas pela ciência. Dentre elas, a importância da dinâmica sazonal de enchente/vazante para formação dos matupás e a relevância dessas ilhas para a abundância de peixes de grande porte nos lagos. Dados sobre composição florística fornecidos pelos entrevistados foram comparados aos resultados do inventário realizado nos 10 matupás, havendo relação entre ambos. Para os ribeirinhos, os matupás são uma importante fonte de adubo no cultivo em canteiros e um local propício para pesca do pirarucu (Arapaima gigas), além de possuírem importância indireta na dieta desses povos ao favorecer a abundância de peixes nos lagos.
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Dissertação T 574.5 F866e (Percorrer estante(Abre abaixo)) Disponível INPA. 2014.122

Dissertação (Mestre)- INPA, 2013

A pesquisa ecológica e a pesquisa etnoecológica possuem forte potencial para nos permitir conhecer e compreender melhor elementos e processos ecológicos, a partir do uso de diferentes métodos e formas de consolidar ideias. Essas duas abordagens podem ser complementares, e estudos que busquem uni-las tendem a resultar em trabalhos mais completos e informativos. Aqui, o conhecimento científico e o tradicional foram utilizados conjuntamente na obtenção de informações sobre os matupás, ilhas flutuantes que ocorrem em lagos de várzea da Amazônia. Os matupás são formados por um bloco de material orgânico parcialmente decomposto em sua base e uma comunidade vegetal e animal em sua superfície. Por possuírem um substrato orgânico com características de turfa, também podem ser considerados turfeiras. Apesar de já existirem muitos estudos sobre os diversos tipos de ilhas flutuantes e turfeiras no mundo, há pouca informação a respeito para a Amazônia. Sobre os matupás, o conhecimento científico é ainda muito incipiente, não havendo sido feitos estudos centrados apenas nessas ilhas. Por outro lado, povos ribeirinhos que vivem próximo a matupás demonstram possuir bastante conhecimento sobre essas formações e utilizá-las em atividades relacionadas à agricultura e pesca. No presente estudo, buscamos reunir informações obtidas a partir da realização de um inventário florístico (espécies herbáceas/lenhosas) em matupás na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã (Amazonas, Brasil) e de entrevistas com ribeirinhos moradores da Reserva. Para tanto, (i) amostramos 10 matupás, delimitando parcelas de 5 x 5 m para amostragem de espécies lenhosas e obtenção de dados sobre a espessura do substrato do matupá, e subparcelas de 1 x 1 m para espécies herbáceas (n = 82 parcelas e subparcelas); e (ii) realizamos 35 entrevistas com ribeirinhos de cinco comunidades, levantando informações sobre o processo de formação dos matupás; fatores bióticos e abióticos relacionados à sua ocorrência; sua importância ecológica; e sua utilidade para os ribeirinhos. A partir dos dados obtidos nas amostragens, pudemos perceber que a espessura do substrato do matupá é um parâmetro de muita importância na ocorrência e distribuição de plantas em sua superfície. Conforme o substrato se torna mais espesso, o número de espécies lenhosas aumenta e ocorre uma substituição de espécies, modificando sua fitofisionomia como um todo. Matupás mais espessos apresentam, ainda, uma maior dissimilaridade florística entre locais em seu interior, o que indica que são ambientes mais heterogêneos. A partir das entrevistas, obtivemos explicações detalhadas sobre processos relacionados aos matupás, destacando-se informações ecológicas de muita relevância que eram desconhecidas pela ciência. Dentre elas, a importância da dinâmica sazonal de enchente/vazante para formação dos matupás e a relevância dessas ilhas para a abundância de peixes de grande porte nos lagos. Dados sobre composição florística fornecidos pelos entrevistados foram comparados aos resultados do inventário realizado nos 10 matupás, havendo relação entre ambos. Para os ribeirinhos, os matupás são uma importante fonte de adubo no cultivo em canteiros e um local propício para pesca do pirarucu (Arapaima gigas), além de possuírem importância indireta na dieta desses povos ao favorecer a abundância de peixes nos lagos.

Área de concentração : Ecologia.

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