Diversidade de aranhas (araneae-arachnida) em dois gradientes altitudinas na Amazônia, Amazonas, Brasil / André do Amaral Nogueira.

Por: Nogueira, André do AmaralColaborador(es): Venticinque, Eduardo Martins [Orientador] | Brescovit, Antônio Domingos [Coorientador]Detalhes da publicação: Manaus: [s.n.] 2011Notas: xvi, 226f. : ilAssunto(s): Aracnologia | Biodiversidade | Ecologia de comunidades | Pico da Neblina -- AmazonasClassificação Decimal de Dewey: 595.4 Recursos online: Clique aqui para acessar online Nota de dissertação: Tese (doutor) - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, 2011 Sumário: Montanhas devem representar o exemplo mais evidente da influencia do ambiente sobre as comunidades bióticas. Neste trabalho nós estudamos a distribuição altitudinal de uma comunidade de aranhas no Pico da Neblina (AM - Brasil). Realizamos a amostragem em seis altitudes, 100 m, 400 m, 860 m, 2000 m e 2400 m, sendo que em cada altitude três locais foram amostrados. Os métodos de coleta empregados foram guarda-chuva entomológico (unidade amostral = 20 batidas), de dia, e procura ativa (unidade amostral = 1 h de procura), à noite. O número de amostras por altitude foi 54, sendo metade de cada método, o que leva a um total de 324 amostras. No total nós coletamos 3140 aranhas adultas que foram divididas em 528 morfoespécies, de 39 famílias. A maioria das espécies é rara, e 197 (37%) foram representadas por apenas um indivíduo. A riqueza por altitude variou de 224 (a 100 m) a 24 (a 2400 m) espécies e apresentou uma relação negativa com a altitude, diminuindo de maneira monotônica. O padrão observado não se ajustou ao modelo gerado pelo Efeito do Domínio Central (MDE em inglês), que prevê uma maior concentração de espécies nas partes mais centrais do gradiente. Nossos dados também não sustentaram o Efeito Rapoport, que prevê uma relação positiva entre altitude e amplitude da distribuição altitudinal das espécies. Essas duas variáveis não estiveram relacionadas, e a maioria das espécies (333 espécies ou 63%) só foi registrada em uma das altitudes. Apenas 25 espécies (5%) tiveram uma amplitude grande, ocorrendo em mais da metade do gradiente. A distribuição dos indivíduos ao longo da área de ocorrência das espécies variou de maneira específica e não se ajustou à hipóteses de efeito resgate para a maioria da comunidade, teoricamente responsável pelo Efeito Rapoport. A composição das espécies apresentou uma grande variação ao longo do gradiente e mesmo entre as áreas amostradas em cada altitude. A beta diversidade calculada para o total do gradiente altitudinal foi de 3,45 o que significa que a araneofauna do Pico da Neblina compreende três e meia comunidades distintas. Esse resultado parece ser sustentado por uma ordenação (NMDS), que aponta a formação de três grupos principais, um formado pelas três primeiras altitudes, um formado pelas duas últimas, e a quarta altitude (1550 m) aparece numa posição intermediária entre os dois grupos. Esse resultado mostra que a comunidade de aranhas não se encaixa na divisão altitudinal proposta para a região do Escudo das Guianas, onde se insere a área de estudo. A dominância observada na comunidade de aranhas de cada altitude aumentou drasticamente nas duas últimas altitudes. Por fim nós descrevemos oito espécies novas do gênero Chrysometa (Tetragnatidae), sete delas coletadas no Pico da Neblina e uma delas oriunda de outra montanha amostrada na região, a Serra do Tapirapecó (AM). A diversidade do gênero obtida no Pico da Neblina foi muito alta (12 espécies e 336 indivíduos), e a riqueza e sobretudo a abundância e importância relativa do gênero aumentaram junto com a altitude. Na Serra do Tapirapecó o gênero teve presença mais modesta (4 espécies e 40 indivíduos), o que pode ser atribuído à menor altitude dos locais amostrados nessa última. A análise dos padrões de distribuição altitudinal nos locais de estudo e em uma escala maior (verificada com o auxílio da literatura) indica que o gênero atinge sua maior diversidade em locais de grande altitude, e que as espécies desses locais tendem a ter uma distribuição mais restrita que as de locais mais baixos.
Tags desta biblioteca: Sem tags desta biblioteca para este título. Faça o login para adicionar tags.
    Avaliação média: 0.0 (0 votos)
Tipo de material Biblioteca atual Setor Classificação Situação Previsão de devolução Código de barras
Livro Livro
Tese T 595.4 N778d (Percorrer estante(Abre abaixo)) Disponível 14-0318

Tese (doutor) - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, 2011

Montanhas devem representar o exemplo mais evidente da influencia do ambiente sobre as comunidades bióticas. Neste trabalho nós estudamos a distribuição altitudinal de uma comunidade de aranhas no Pico da Neblina (AM - Brasil). Realizamos a amostragem em seis altitudes, 100 m, 400 m, 860 m, 2000 m e 2400 m, sendo que em cada altitude três locais foram amostrados. Os métodos de coleta empregados foram guarda-chuva entomológico (unidade amostral = 20 batidas), de dia, e procura ativa (unidade amostral = 1 h de procura), à noite. O número de amostras por altitude foi 54, sendo metade de cada método, o que leva a um total de 324 amostras. No total nós coletamos 3140 aranhas adultas que foram divididas em 528 morfoespécies, de 39 famílias. A maioria das espécies é rara, e 197 (37%) foram representadas por apenas um indivíduo. A riqueza por altitude variou de 224 (a 100 m) a 24 (a 2400 m) espécies e apresentou uma relação negativa com a altitude, diminuindo de maneira monotônica. O padrão observado não se ajustou ao modelo gerado pelo Efeito do Domínio Central (MDE em inglês), que prevê uma maior concentração de espécies nas partes mais centrais do gradiente. Nossos dados também não sustentaram o Efeito Rapoport, que prevê uma relação positiva entre altitude e amplitude da distribuição altitudinal das espécies. Essas duas variáveis não estiveram relacionadas, e a maioria das espécies (333 espécies ou 63%) só foi registrada em uma das altitudes. Apenas 25 espécies (5%) tiveram uma amplitude grande, ocorrendo em mais da metade do gradiente. A distribuição dos indivíduos ao longo da área de ocorrência das espécies variou de maneira específica e não se ajustou à hipóteses de efeito resgate para a maioria da comunidade, teoricamente responsável pelo Efeito Rapoport. A composição das espécies apresentou uma grande variação ao longo do gradiente e mesmo entre as áreas amostradas em cada altitude. A beta diversidade calculada para o total do gradiente altitudinal foi de 3,45 o que significa que a araneofauna do Pico da Neblina compreende três e meia comunidades distintas. Esse resultado parece ser sustentado por uma ordenação (NMDS), que aponta a formação de três grupos principais, um formado pelas três primeiras altitudes, um formado pelas duas últimas, e a quarta altitude (1550 m) aparece numa posição intermediária entre os dois grupos. Esse resultado mostra que a comunidade de aranhas não se encaixa na divisão altitudinal proposta para a região do Escudo das Guianas, onde se insere a área de estudo. A dominância observada na comunidade de aranhas de cada altitude aumentou drasticamente nas duas últimas altitudes. Por fim nós descrevemos oito espécies novas do gênero Chrysometa (Tetragnatidae), sete delas coletadas no Pico da Neblina e uma delas oriunda de outra montanha amostrada na região, a Serra do Tapirapecó (AM). A diversidade do gênero obtida no Pico da Neblina foi muito alta (12 espécies e 336 indivíduos), e a riqueza e sobretudo a abundância e importância relativa do gênero aumentaram junto com a altitude. Na Serra do Tapirapecó o gênero teve presença mais modesta (4 espécies e 40 indivíduos), o que pode ser atribuído à menor altitude dos locais amostrados nessa última. A análise dos padrões de distribuição altitudinal nos locais de estudo e em uma escala maior (verificada com o auxílio da literatura) indica que o gênero atinge sua maior diversidade em locais de grande altitude, e que as espécies desses locais tendem a ter uma distribuição mais restrita que as de locais mais baixos.

Área de concentração : Ecologia de Comunidades

Não há comentários sobre este título.

para postar um comentário.

Clique em uma imagem para visualizá-la no visualizador de imagem

Powered by Koha