Estudo da associação entre material particulado emitido em queimadas e doenças respiratórias no município de Manaus, AM / Valdir Soares de Andrade Filho

Por: Andrade Filho, Valdir Soares deColaborador(es):Artaxo Netto, Paulo Eduardo [Orientador] | Hacon, Sandra de Souza [Coorientador]Detalhes da publicação: Manaus: [s.n.], 2011Notas: xiii, 86 f. : il. (algumas color.)Assunto(s): Material particulado | Queimaduras -- Manaus (AM) | Doenças respiratóriasClassificação Decimal de Dewey: 363.7392 Recursos online: Clique aqui para acessar online Nota de dissertação: Dissertação (mestrado) - INPA/UEA, 2011 Sumário: A região amazônica tem sofrido nas últimas décadas mudanças no padrão de uso do solo através do intenso processo de ocupação humana. Estas alterações no uso do solo são responsáveis por emissões significativas de partículas de aerossóis para a atmosfera que, através das queimadas, exercem uma série de efeitos diretos e indiretos no clima e funcionamento do ecossistema amazônico e à saúde das populações. A Amazônia é caracterizada por apresentar baixas concentrações de aerossóis durante a estação chuvosa, com uma média de PM10 de 10 ug/m³ em maior parte da região. Em nítido contraste, durante a estação seca, concentrações acima de 400 ug/m³ aproximadamente são mensuradas nas porções sul e leste da Bacia Amazônica. O efeito da exposição às altas cargas de aerossóis sobre saúde é significativo. Outro importante processo que ocorre agora na Amazônia é a urbanização, com a cidade de Manaus em rápido crescimento populacional, nas últimas décadas. Atualmente possui uma população de 1.802.525 habitantes, na qual 99.4% vivem em área urbana. O estudo teve como objetivo investigar a associação da exposição ao material particulado fino (PM2.5) emitido em queimadas de biomassa e as internações hospitalares em crianças menores de 9 anos de idade por doenças respiratórias (DRs), no município de Manaus, Amazonas, no período de 2002 a 2009. Os dados de PM2.5 foram estimados pelo uso do sensor MODIS, através de estimativas de Aerosol Optical Depth (AOD) em 550 nm. Os dados de PM2.5 foram derivados pelo AOD - MODIS utilizando relações obtidas em vários sítios da Amazônia, onde dados do AERONET e AOD - MODIS foram obtidos em paralelo com medidas de PM2.5. Dados de internação hospitalar foram obtidos pelo banco de dados do Sistema Único de Saúde (SUS - DATASUS). Métodos estatísticos foram utilizados, com correlação de Pearson e regressão linear múltipla entre as variáveis. Valores significativos foram considerados com o p-valor 0.05. Observou-se que as internações hospitalares de crianças por doenças respiratórias, em Manaus, podem estar mais associadas às condições meteorológicas e de umidade, do que em relação à exposição dos aerossóis emitidos em focos de queimadas da região. Foi observado que a região de Manaus apresenta baixas concentrações de PM2.5, quando comparada com a porção sul da região Amazônica. A média anual dos níveis de PM2.5 variaram entre 14 a 17 ug/m³, um pouco acima do padrão de qualidade do ar, recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 10 ug/m³ anuais. Ao longo dos anos, os meses entre Agosto e Novembro (período seco da região; estação de queimadas), apresentaram os maiores níveis médios de PM2.5, estimados entre 18 a 23 ug/m³. As maiores taxas de internações foram observadas durante a estação chuvosa, entre Março e Junho, sendo Abril o mês de maior média, com 2,51/1000 crianças. Manaus está localizada em uma área de clima tropical chuvoso e apresenta em suas características meteorológicas normais condições de tempo sempre úmidas, com médias mensais de umidade relativa que variaram acima de 71%, durante o período de estudo. Observou-se associação positiva significativa entre as internações e a umidade relativa (R=0,126; p-valor=0,005), ao passo que a associação entre internações com PM2.5 mostrou-se negativa e estatisticamente significativa (R=-0,168; p-valor=0,003). O R² do modelo final (Y = 18,87 - 1,66X1 + 1,97X2 - 0,21X3) explicou em cerca de 5% as internações por DRs em crianças residentes em Manaus, considerando as variáveis independentes estatisticamente significativas (PM2.5, umidade e precipitação, respectivamente).
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Dissertação (mestrado) - INPA/UEA, 2011

A região amazônica tem sofrido nas últimas décadas mudanças no padrão de uso do solo através do intenso processo de ocupação humana. Estas alterações no uso do solo são responsáveis por emissões significativas de partículas de aerossóis para a atmosfera que, através das queimadas, exercem uma série de efeitos diretos e indiretos no clima e funcionamento do ecossistema amazônico e à saúde das populações. A Amazônia é caracterizada por apresentar baixas concentrações de aerossóis durante a estação chuvosa, com uma média de PM10 de 10 ug/m³ em maior parte da região. Em nítido contraste, durante a estação seca, concentrações acima de 400 ug/m³ aproximadamente são mensuradas nas porções sul e leste da Bacia Amazônica. O efeito da exposição às altas cargas de aerossóis sobre saúde é significativo. Outro importante processo que ocorre agora na Amazônia é a urbanização, com a cidade de Manaus em rápido crescimento populacional, nas últimas décadas. Atualmente possui uma população de 1.802.525 habitantes, na qual 99.4% vivem em área urbana. O estudo teve como objetivo investigar a associação da exposição ao material particulado fino (PM2.5) emitido em queimadas de biomassa e as internações hospitalares em crianças menores de 9 anos de idade por doenças respiratórias (DRs), no município de Manaus, Amazonas, no período de 2002 a 2009. Os dados de PM2.5 foram estimados pelo uso do sensor MODIS, através de estimativas de Aerosol Optical Depth (AOD) em 550 nm. Os dados de PM2.5 foram derivados pelo AOD - MODIS utilizando relações obtidas em vários sítios da Amazônia, onde dados do AERONET e AOD - MODIS foram obtidos em paralelo com medidas de PM2.5. Dados de internação hospitalar foram obtidos pelo banco de dados do Sistema Único de Saúde (SUS - DATASUS). Métodos estatísticos foram utilizados, com correlação de Pearson e regressão linear múltipla entre as variáveis. Valores significativos foram considerados com o p-valor 0.05. Observou-se que as internações hospitalares de crianças por doenças respiratórias, em Manaus, podem estar mais associadas às condições meteorológicas e de umidade, do que em relação à exposição dos aerossóis emitidos em focos de queimadas da região. Foi observado que a região de Manaus apresenta baixas concentrações de PM2.5, quando comparada com a porção sul da região Amazônica. A média anual dos níveis de PM2.5 variaram entre 14 a 17 ug/m³, um pouco acima do padrão de qualidade do ar, recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 10 ug/m³ anuais. Ao longo dos anos, os meses entre Agosto e Novembro (período seco da região; estação de queimadas), apresentaram os maiores níveis médios de PM2.5, estimados entre 18 a 23 ug/m³. As maiores taxas de internações foram observadas durante a estação chuvosa, entre Março e Junho, sendo Abril o mês de maior média, com 2,51/1000 crianças. Manaus está localizada em uma área de clima tropical chuvoso e apresenta em suas características meteorológicas normais condições de tempo sempre úmidas, com médias mensais de umidade relativa que variaram acima de 71%, durante o período de estudo. Observou-se associação positiva significativa entre as internações e a umidade relativa (R=0,126; p-valor=0,005), ao passo que a associação entre internações com PM2.5 mostrou-se negativa e estatisticamente significativa (R=-0,168; p-valor=0,003). O R² do modelo final (Y = 18,87 - 1,66X1 + 1,97X2 - 0,21X3) explicou em cerca de 5% as internações por DRs em crianças residentes em Manaus, considerando as variáveis independentes estatisticamente significativas (PM2.5, umidade e precipitação, respectivamente).

Área de concentração: Clima e Ambiente

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