Conhecimento local ribeirinho e suas aplicações para o manejo participativo da pesca na Reserva Extrativista do Baixo Juruá, estado do Amazonas / Tony Marcos Porto Braga.

Por: Braga, Tony Marcos PortoColaborador(es):Rebêlo, George Henrique [Orientador]Detalhes da publicação: Manaus: [s.n.], 2011Notas: 163 f. : ilAssunto(s): Pesca artesanal | Etnoecologia | Etnoictiologia | Comunidades ribeirinhasClassificação Decimal de Dewey: 304.21 Recursos online: Clique aqui para acessar a versão on-line Nota de dissertação: Tese (doutorado)---INPA, Manaus, 2011. Sumário: Neste estudo foi investigado o conjunto de conhecimentos, práticas e crenças quanto ao uso dos recursos naturais, principalmente o peixe, pelas populações ribeirinhas da Reserva Extrativista (RESEX) do Baixo Juruá. Como em outras partes da Amazônia, os pescadores artesanais que residem nessa RESEX têm nos recursos pesqueiros a principal fonte de proteína animal, tanto para consumo quanto para a venda, e os sucessos de suas atividades dependem diretamente das variações locais do nível do rio Juruá e do conhecimento que possuem sobre a biologia e ecologia de espécies alvo. Pescadores residentes nas comunidades vêm se organizando nos últimos três anos para a realização dos manejos locais visando principalmente a pesca do pirarucu (Arapaima gigas), obedecendo a regras contidas no Plano de Manejo da RESEX, as quais nem sempre são respeitadas pelos pescadores de "fora" criando situações conflituosas e que são discutidas neste trabalho. Os dados foram coletados por meio de entrevistas livres ou semiestruturadas em um método denominado "bola de neve" junto aos pescadores considerados especialistas e indicados pelos seus próprios pares. Em 2008 foram feitas 48 entrevistas semiestruturadas sobre as principais espécies capturadas para consumo e venda, ambientes de pesca, comercialização, custo e outras atividades. Em 2009 foram entrevistados 27 informantes-chaves (pescadores especialistas) que são pessoas que possuem profundo conhecimento de aspectos particulares da cultura local. Nove informantes tiveram as entrevistas gravadas e transcritas por serem considerados pelos demais especialistas como sendo as "autoridades no assunto", com elevado conhecimento tradicional a respeito da fauna aquática. Também foram adotadas metodologias participativas para coleta de dados de consumo diário de alimento. Essa atividade foi realizada diariamente por moradores que faziam visitas aos seus vizinhos para questioná-los sobre o alimento a ser consumido naquele dia e que foram anotados em um caderno de campo. Desta forma, foi feito um ano de monitoramento em quatro comunidades escolhidas pela associação de moradores. Na sede do município, dois coletores foram treinados para fazerem a coleta diária da estatística de desembarque pesqueiro durante um ano. No primeiro capítulo é descrito o conhecimento que os pescadores da RESEX possuem sobre aspectos da biologia, ecologia e comportamentos das principais etnoespécies capturadas, identificando-as taxonomicamente, além de descrever os sistemas de classificação tradicionalmente empregados. No segundo capítulo determinamos as formas de uso e de interação que existem entre as comunidades da RESEX e os recursos naturais, além de ser feita a descrição do calendário etnoecológico da pesca na reserva. No terceiro capítulo são descritas as principais técnicas de pesca, as variações sazonais da disponibilidade dos recursos e as principais conexões que as comunidades mantém com os ecossistemas usados na pesca. Verificamos que os pescadores demonstram possuir um detalhado conhecimento sobre as principais espécies de peixes capturados e utilizados na alimentação diária. Também foi possível verificar que as comunidades locais da RESEX fazem pelo menos três importantes usos dos recursos pesqueiros: consumo, comércio e uso medicinal. Apesar de ser bastante comentado na sede do município que a criação da RESEX iria deixar a sede do município desabastecida, o que verificamos é que, durante um ano de acompanhamento dos desembarques, dos 55.630kg desembarcados na sede do município cerca de 20.000kg vieram dos ambientes da RESEX. Todos esses conhecimentos que os pescadores do Baixo Juruá demostraram possuir precisam ser melhor aproveitados e incorporados nas próximas pesquisas e avaliações do plano de manejo em vigor, e para a conservação dos recursos pesqueiros na região.
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Tese T 304.21 B813c (Percorrer estante(Abre abaixo)) Disponível 12-0272
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Tese (doutorado)---INPA, Manaus, 2011.

Neste estudo foi investigado o conjunto de conhecimentos, práticas e crenças quanto ao uso dos recursos naturais, principalmente o peixe, pelas populações ribeirinhas da Reserva Extrativista (RESEX) do Baixo Juruá. Como em outras partes da Amazônia, os pescadores artesanais que residem nessa RESEX têm nos recursos pesqueiros a principal fonte de proteína animal, tanto para consumo quanto para a venda, e os sucessos de suas atividades dependem diretamente das variações locais do nível do rio Juruá e do conhecimento que possuem sobre a biologia e ecologia de espécies alvo. Pescadores residentes nas comunidades vêm se organizando nos últimos três anos para a realização dos manejos locais visando principalmente a pesca do pirarucu (Arapaima gigas), obedecendo a regras contidas no Plano de Manejo da RESEX, as quais nem sempre são respeitadas pelos pescadores de "fora" criando situações conflituosas e que são discutidas neste trabalho. Os dados foram coletados por meio de entrevistas livres ou semiestruturadas em um método denominado "bola de neve" junto aos pescadores considerados especialistas e indicados pelos seus próprios pares. Em 2008 foram feitas 48 entrevistas semiestruturadas sobre as principais espécies capturadas para consumo e venda, ambientes de pesca, comercialização, custo e outras atividades. Em 2009 foram entrevistados 27 informantes-chaves (pescadores especialistas) que são pessoas que possuem profundo conhecimento de aspectos particulares da cultura local. Nove informantes tiveram as entrevistas gravadas e transcritas por serem considerados pelos demais especialistas como sendo as "autoridades no assunto", com elevado conhecimento tradicional a respeito da fauna aquática. Também foram adotadas metodologias participativas para coleta de dados de consumo diário de alimento. Essa atividade foi realizada diariamente por moradores que faziam visitas aos seus vizinhos para questioná-los sobre o alimento a ser consumido naquele dia e que foram anotados em um caderno de campo. Desta forma, foi feito um ano de monitoramento em quatro comunidades escolhidas pela associação de moradores. Na sede do município, dois coletores foram treinados para fazerem a coleta diária da estatística de desembarque pesqueiro durante um ano. No primeiro capítulo é descrito o conhecimento que os pescadores da RESEX possuem sobre aspectos da biologia, ecologia e comportamentos das principais etnoespécies capturadas, identificando-as taxonomicamente, além de descrever os sistemas de classificação tradicionalmente empregados. No segundo capítulo determinamos as formas de uso e de interação que existem entre as comunidades da RESEX e os recursos naturais, além de ser feita a descrição do calendário etnoecológico da pesca na reserva. No terceiro capítulo são descritas as principais técnicas de pesca, as variações sazonais da disponibilidade dos recursos e as principais conexões que as comunidades mantém com os ecossistemas usados na pesca. Verificamos que os pescadores demonstram possuir um detalhado conhecimento sobre as principais espécies de peixes capturados e utilizados na alimentação diária. Também foi possível verificar que as comunidades locais da RESEX fazem pelo menos três importantes usos dos recursos pesqueiros: consumo, comércio e uso medicinal. Apesar de ser bastante comentado na sede do município que a criação da RESEX iria deixar a sede do município desabastecida, o que verificamos é que, durante um ano de acompanhamento dos desembarques, dos 55.630kg desembarcados na sede do município cerca de 20.000kg vieram dos ambientes da RESEX. Todos esses conhecimentos que os pescadores do Baixo Juruá demostraram possuir precisam ser melhor aproveitados e incorporados nas próximas pesquisas e avaliações do plano de manejo em vigor, e para a conservação dos recursos pesqueiros na região.

Área de concentração: Ecologia

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