Metabolismo energético e emissão de compostos orgânicos por Hevea spruceana (Benth.) Müll. Arg em diferentes ecossistemas inundáveis da Amazônia Central / Maria Astrid Rocha Liberato.

Por: Liberato, Maria AstridColaborador(es):Piedade, Maria Teresa Fernandez [Orientadora]Detalhes da publicação: Manaus : [s.n.], 2010Notas: xiv, 123 f. : il. colorAssunto(s): Seringueira | Ecofisiologia vegetal | Várzea | IgapóClassificação Decimal de Dewey: 583.95045 Recursos online: Clique aqui para acessar online Nota de dissertação: Tese (doutor) - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, 2010 Sumário: Cerca de 6% da região amazônica corresponde a áreas inundáveis pelo transbordamento lateral das águas de rios e lagos após o período de maior índice pluviométrico nas áreas de captação, graças ao pulso de inundação anual. De acordo com a formação geológica da bacia de drenagem, a físico-química das águas dos rios pode diferir, sendo detectáveis na Amazônia dois grandes grupos de áreas inundáveis: as várzeas, inundadas por rios de águas brancas e, os igapós, inundados por rios de águas claras ou pretas. A biota estabelecida nessas duas tipologias inundáveis desenvolveu peculiaridades morfológicas e anatômicas, como também adaptações fisiológicas que se refletem em seu metabolismo primário (e.g. capacidade fotossintética) e secundário (e.g. emissão de compostos orgânicos voláteis). Não surpreende então que a composição de espécies arbóreas seja majoritariamente diferente entre a várzea e o igapó. Contudo, algumas espécies ocorrem nas duas tipologias inundáveis, sendo a natureza dessa distribuição precariamente explorada pela ciência até o momento. Assim, o presente trabalho foi desenhado com a premissa de que o conhecimento dos processos fisiológicos pode ajudar a elucidar os mecanismos de adaptabilidade das espécies arbóreas de ambientes inundáveis amazônicos frente a diferentes condições ambientais, bem como as implicações desses mecanismos para as plantas e os ambientes. Para tal foi escolhida a espécie arbórea Hevea spruceana (Benth.) Müll. Arg., de ocorrência natural em ambientes de várzea e de igapó na Amazônia Central, para estudar comparativamente, a fenologia, as reservas orgânicas das sementes, e os aspectos temporais e morfofisiológicos da germinação. Adicionalmente, foi monitorado o comportamento ecofisiológico em plantas jovens, tendo sido analisados os nutrientes foliares, a concentração de clorofilas, as trocas gasosas, e a emissão de compostos orgânicos voláteis, sob condições inundadas e não inundadas. Os resultados obtidos mostram não haver diferenças entre as respostas das populações de Hevea spruceana da várzea e igapó, quanto à fenologia, frutos, sementes e suas reservas e os processos germinativos. Entretanto, a avaliação ecofisiológica revelou importantes diferenças. A assimilação de CO2 foi mais elevada para as plantas do igapó. O principal responsável por essa diferença parece ser a fotorrespiração, bem superior nas plantas da várzea, ao longo de todo o ciclo hidrológico. Por outro lado, a maior incorporação de carbono das plantas de igapó via fotossíntese, ao invés de ser canalizada para um maior crescimento das plantas desses ambientes, parece ser escoada por meio de uma produção de VOCs mais de duas vezes superior nas plantas de igapó, quando sob inundação. Esse desempenho contrastante na fotossíntese e na produção de compostos orgânicos voláteis das plantas jovens de H. spruceana colonizando essas duas tipologias inundáveis amazônicas sugere que a espécie possui variabilidade genética que permite a expressão de processos fisiológicos adaptativos distintos em cada um desses ambientes. A plasticidade fenotípica se manifesta pela existência de distintos ecótipos ecofisiológicos, de forma a propiciar sucesso a essa espécie na colonização de ambientes com físico-química contrastante. A existência ou não desse padrão para outras espécies colonizando as áreas inundáveis de igapó merece estudos futuros, pois pode evidenciar importante padrão ecofisiológico para a comunidade vegetal desses ambientes e, ter relevância maior do que aquela até então postulada em termos de balanços de gases em nível regional e de mudanças climáticas globais.
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Tese T 583.95045 L695m (Percorrer estante(Abre abaixo)) Disponível 12-0015

Tese (doutor) - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, 2010

Cerca de 6% da região amazônica corresponde a áreas inundáveis pelo transbordamento lateral das águas de rios e lagos após o período de maior índice pluviométrico nas áreas de captação, graças ao pulso de inundação anual. De acordo com a formação geológica da bacia de drenagem, a físico-química das águas dos rios pode diferir, sendo detectáveis na Amazônia dois grandes grupos de áreas inundáveis: as várzeas, inundadas por rios de águas brancas e, os igapós, inundados por rios de águas claras ou pretas. A biota estabelecida nessas duas tipologias inundáveis desenvolveu peculiaridades morfológicas e anatômicas, como também adaptações fisiológicas que se refletem em seu metabolismo primário (e.g. capacidade fotossintética) e secundário (e.g. emissão de compostos orgânicos voláteis). Não surpreende então que a composição de espécies arbóreas seja majoritariamente diferente entre a várzea e o igapó. Contudo, algumas espécies ocorrem nas duas tipologias inundáveis, sendo a natureza dessa distribuição precariamente explorada pela ciência até o momento. Assim, o presente trabalho foi desenhado com a premissa de que o conhecimento dos processos fisiológicos pode ajudar a elucidar os mecanismos de adaptabilidade das espécies arbóreas de ambientes inundáveis amazônicos frente a diferentes condições ambientais, bem como as implicações desses mecanismos para as plantas e os ambientes. Para tal foi escolhida a espécie arbórea Hevea spruceana (Benth.) Müll. Arg., de ocorrência natural em ambientes de várzea e de igapó na Amazônia Central, para estudar comparativamente, a fenologia, as reservas orgânicas das sementes, e os aspectos temporais e morfofisiológicos da germinação. Adicionalmente, foi monitorado o comportamento ecofisiológico em plantas jovens, tendo sido analisados os nutrientes foliares, a concentração de clorofilas, as trocas gasosas, e a emissão de compostos orgânicos voláteis, sob condições inundadas e não inundadas. Os resultados obtidos mostram não haver diferenças entre as respostas das populações de Hevea spruceana da várzea e igapó, quanto à fenologia, frutos, sementes e suas reservas e os processos germinativos. Entretanto, a avaliação ecofisiológica revelou importantes diferenças. A assimilação de CO2 foi mais elevada para as plantas do igapó. O principal responsável por essa diferença parece ser a fotorrespiração, bem superior nas plantas da várzea, ao longo de todo o ciclo hidrológico. Por outro lado, a maior incorporação de carbono das plantas de igapó via fotossíntese, ao invés de ser canalizada para um maior crescimento das plantas desses ambientes, parece ser escoada por meio de uma produção de VOCs mais de duas vezes superior nas plantas de igapó, quando sob inundação. Esse desempenho contrastante na fotossíntese e na produção de compostos orgânicos voláteis das plantas jovens de H. spruceana colonizando essas duas tipologias inundáveis amazônicas sugere que a espécie possui variabilidade genética que permite a expressão de processos fisiológicos adaptativos distintos em cada um desses ambientes. A plasticidade fenotípica se manifesta pela existência de distintos ecótipos ecofisiológicos, de forma a propiciar sucesso a essa espécie na colonização de ambientes com físico-química contrastante. A existência ou não desse padrão para outras espécies colonizando as áreas inundáveis de igapó merece estudos futuros, pois pode evidenciar importante padrão ecofisiológico para a comunidade vegetal desses ambientes e, ter relevância maior do que aquela até então postulada em termos de balanços de gases em nível regional e de mudanças climáticas globais.

Área de concentração : Botânica

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