Atores do desmatamento: padrões e simulação do desmatamento em um fronteira agropecuária no estado do Amazonas

Por: Nascimento, Aurora Miho YanaiColaborador(es):Fearnside, Philip Martin | Escada, Maria Isabel Sobral [Coorientador] | Graça, Paulo Maurício Lima de Alencastro [Coorientador]Detalhes da publicação: Manaus INPA, 2020Notas: 162.:il.,colorAssunto(s): Desmatamento | Modelagem ambientalClassificação Decimal de Dewey: 333.75 Recursos online: Clique aqui para acessar online Nota de dissertação: Doutorado INPA 2020 Sumário: A perda de cobertura florestal nos últimos anos tem causado grande preocupação a nível global. Entendendo como o desmatamento ocorreu no passado e atualmente, podemos modelar o avanço do desmatamento de forma mais precisa. Neste estudo, avaliamos a contribuição dos diferentes tipos de atores para o desmatamento e ocupação da terra na região do Distrito de Santo Antônio do Matupi localizado no sul do Amazonas, e simulamos os padrões de desmatamento dos atores dentro e fora do projeto de assentamento Matupi (PA Matupi) até 2050. Os atores no PA Matupi foram avaliados quanto à concentração de terras (i.e., concentração de lotes) e fora do assentamento com base nos dados de imóveis rurais do CAR (Cadastro Ambiental Rural). Além disso, analisamos o desmatamento nas categorias de terra (terras públicas não destinadas, assentamento agro-extrativista e áreas protegidas). A partir dessas análises foi criado um mapa com a área ocupada (i.e., landholding) por cada tipo de ator e obtidos parâmetros de tamanho das manchas de desmatamento por tipo de ator. Esses dados serviram de entrada no modelo espacialmente explícito para simular a trajetória de desmatamento dos atores usando como premissa a recente tendência de aumento nas taxas de desmatamento (2013-2018) e o enfraquecimento das ações de comando e controle. Dois cenários foram elaborados utilizando a mesma premissa, mas com abordagens diferentes com relação às taxas de desmatamento: (i) Cenário negócios como sempre com taxas absolutas, em que foram utilizadas as taxas anuais de desmatamento em termos de área e (ii) Cenário negócios como sempre com taxas relativas, em que foram utilizadas taxas anuais de desmatamento relativas aos remanescentes florestais dentro de cada área ocupada por cada tipo de ator e categorias de terra. Os resultados indicaram que no PA Matupi os “concentradores” de lotes ocupavam 28% (9.653 ha) da área total do assentamento e 29% dos lotes (152 lotes); o número de lotes concentrados foi de 2 a 10 lotes; concentradores de 2 lotes e não-concentradores foram os atores predominantes no assentamento. Em relação aos atores fora do assentamento, identificamos os seguintes atores (produtores rurais): pequenos (< 100 ha), semi-pequenos (100 – 400 ha), médios (> 400 – 1.500 ha) e grandes (> 1.500 ha). A maior parte da área ocupada pelos pequenos (72%) e semi-pequenos (49%) foi desmatada até 2018, enquanto as áreas ocupadas por médios e grandes apresentavam maior área de floresta remanescente e pequena porção de área desmatada (médios: 20%; grandes: 12%). A análise estatística realizada evidenciou os principais preditores do desmatamento e demonstrou que o desmatamento se relaciona mais fortemente com fatores tais como: o tamanho da área ocupada (imóvel); o ano do primeiro desmatamento e; com a distância entre a área ocupada e a rodovia Transamazônica (R2 ajustado = 0.507). Destacamos que a maior parte dos atores analisados fora do PA Matupi estava em terras públicas não destinadas, porém, alguns deles foram encontrados no assentamento agro-extrativista (médios: 8%; grandes: 28%) e em unidades de conservação (médios: 21%; grandes: 21%). A modelagem do desmatamento demonstrou que nos dois cenários houve um incremento importante no desmatamento até 2050, principalmente no PA Matupi, em áreas ocupadas fora do assentamento por pequenos e semi-pequenos e em terras públicas não destinadas. No cenário negócios como sempre com taxas relativas, o incremento do desmatamento foi mais gradual em comparação ao cenário negócios como sempre com taxas absolutas. Observou-se que nas áreas ocupadas pela família que concentra 10 lotes no PA Matupi, médios e grandes fora do assentamento e em áreas protegidas mantiveram mais de 50% da cobertura florestal até 2050, em relação à cobertura florestal existente em 2019. Este estudo proporciona um melhor entendimento sobre os atores localizados em áreas de fronteira agropecuária na Amazônia e sobre a dinâmica de desmatamento espaço-temporal associada a esses atores.
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Doutorado INPA 2020

A perda de cobertura florestal nos últimos anos tem causado grande preocupação a nível global. Entendendo como o desmatamento ocorreu no passado e atualmente, podemos modelar o avanço do desmatamento de forma mais precisa. Neste estudo, avaliamos a contribuição dos diferentes tipos de atores para o desmatamento e ocupação da terra na região do Distrito de Santo Antônio do Matupi localizado no sul do Amazonas, e simulamos os padrões de desmatamento dos atores dentro e fora do projeto de assentamento Matupi (PA Matupi) até 2050. Os atores no PA Matupi foram avaliados quanto à concentração de terras (i.e., concentração de lotes) e fora do assentamento com base nos dados de imóveis rurais do CAR (Cadastro Ambiental Rural). Além disso, analisamos o desmatamento nas categorias de terra (terras públicas não destinadas, assentamento agro-extrativista e áreas protegidas). A partir dessas análises foi criado um mapa com a área ocupada (i.e., landholding) por cada tipo de ator e obtidos parâmetros de tamanho das manchas de desmatamento por tipo de ator. Esses dados serviram de entrada no modelo espacialmente explícito para simular a trajetória de desmatamento dos atores usando como premissa a recente tendência de aumento nas taxas de desmatamento (2013-2018) e o enfraquecimento das ações de comando e controle. Dois cenários foram elaborados utilizando a mesma premissa, mas com abordagens diferentes com relação às taxas de desmatamento: (i) Cenário negócios como sempre com taxas absolutas, em que foram utilizadas as taxas anuais de desmatamento em termos de área e (ii) Cenário negócios como sempre com taxas relativas, em que foram utilizadas taxas anuais de desmatamento relativas aos remanescentes florestais dentro de cada área ocupada por cada tipo de ator e categorias de terra. Os resultados indicaram que no PA Matupi os “concentradores” de lotes ocupavam 28% (9.653 ha) da área total do assentamento e 29% dos lotes (152 lotes); o número de lotes concentrados foi de 2 a 10 lotes; concentradores de 2 lotes e não-concentradores foram os atores predominantes no assentamento. Em relação aos atores fora do assentamento, identificamos os seguintes atores (produtores rurais): pequenos (< 100 ha), semi-pequenos (100 – 400 ha), médios (> 400 – 1.500 ha) e grandes (> 1.500 ha). A maior parte da área ocupada pelos pequenos (72%) e semi-pequenos (49%) foi desmatada até 2018, enquanto as áreas ocupadas por médios e grandes apresentavam maior área de floresta remanescente e pequena porção de área desmatada (médios: 20%; grandes: 12%). A análise estatística realizada evidenciou os principais preditores do desmatamento e demonstrou que o desmatamento se relaciona mais fortemente com fatores tais como: o tamanho da área ocupada (imóvel); o ano do primeiro desmatamento e; com a distância entre a área ocupada e a rodovia Transamazônica (R2 ajustado = 0.507). Destacamos que a maior parte dos atores analisados fora do PA Matupi estava em terras públicas não destinadas, porém, alguns deles foram encontrados no assentamento agro-extrativista (médios: 8%; grandes: 28%) e em unidades de conservação (médios: 21%; grandes: 21%). A modelagem do desmatamento demonstrou que nos dois cenários houve um incremento importante no desmatamento até 2050, principalmente no PA Matupi, em áreas ocupadas fora do assentamento por pequenos e semi-pequenos e em terras públicas não destinadas. No cenário negócios como sempre com taxas relativas, o incremento do desmatamento foi mais gradual em comparação ao cenário negócios como sempre com taxas absolutas. Observou-se que nas áreas ocupadas pela família que concentra 10 lotes no PA Matupi, médios e grandes fora do assentamento e em áreas protegidas mantiveram mais de 50% da cobertura florestal até 2050, em relação à cobertura florestal existente em 2019. Este estudo proporciona um melhor entendimento sobre os atores localizados em áreas de fronteira agropecuária na Amazônia e sobre a dinâmica de desmatamento espaço-temporal associada a esses atores.

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