Reprodução e transferência energética para gônadas de três espécies de peixes em uma área de várzea na Amazônia Central / Daniele Ferreira Campos.

Mestrado: INPA, 2012.

A sazonalidade do nível das águas nos ecossistemas amazônicos exerce influência sobre a vida dos organismos aquáticos. Estudos têm evidenciado que peixes que habitam áreas com grandes variações sazonais, possuem diferenças no armazenamento, na alocação de reservas de energia ao longo do ano. Os padrões de alocação de energia podem mudar ao longo da vida do peixe assim como em função das variações ambientais. O objetivo deste estudo foi descrever o processo reprodutivo e avaliar a dinâmica de alocação de energia para a reprodução de três espécies de peixes em um ambiente de várzea na Amazônia Central. Os exemplares foram capturados, mensurados e pesados (corpo e fígado) e identificados quanto ao sexo, estádio de maturação gonadal e o grau de gordura cavitária, ao longo de um ciclo hidrológico. Foram determinados a estrutura em tamanho, proporção sexual, comprimento médio de primeira maturação sexual, período e tipo de desova, fecundidade e os índices somáticos e o grau de gordura cavitária, as análises dos índices foram feitas temporalmente e por estádio de maturidade gonadal. Foi observado para Auchenipterichthys coraoideus que o período reprodutivo ocorre apenas na enchente, com desova do tipo parcelada. Mesonauta festivus apresentou atividade reprodutiva durante todo ciclo hidrológico, sendo mais pronunciado no período da enchente, o tipo de desova para essa espécie foi parcelada. Psectrogaster rutiloides desovou durante a seca e apresentou desova total. O grau de gordura cavitária foi o índice que melhor evidenciou o padrão de alocação de energia para o desenvolvimento gonadal das três espécies, com diminuição significativa durante o período reprodutivo, indicando a transferência da energia da cavidade celomática para as gônadas. Ainda, foi possível verificar para M. festivus e P. rutiloides que as fêmeas apresentam um custo energético maior que os machos e que os adultos acumulam maior quantidade de gordura que os jovens, indicando a importância da alocação de energia para a reprodução dessas espécies.