Caracterização de igapós de águas claras e pretas e suas disponibilidades alimentares para o peixe-boi-da- Amazônia(Trichechus inunguis) / Luciana Carvalho Crema

Por: Crema, Luciana CarvalhoColaborador(es):Fernandez Piedade, Maria Teresa [Orientadora] | Silva, Vera Maria Ferreira da [Coorientadora]Detalhes da publicação: Manaus: [s.n.], 2017Notas: 115 f.: il., color.; 30 cmAssunto(s): Peixe-boi | Plantas aquáticasClassificação Decimal de Dewey: 599.55 Recursos online: Clique aqui para acessar online Nota de dissertação: Tese (doutor) - INPA, 2017 Sumário: O peixe-boi-da-Amazônia (Trichechus inunguis) é herbívoro, endêmico da bacia amazônica, e sua distribuição está ligada ao pulso de inundação e à disponibilidade de plantas aquáticas. Sabe-se que ele habita ambientes bem diferenciados entre si, como igapós de águas pretas e claras. Atualmente se encontra na categoria de ameaça “vulnerável” devido aos eventos de caça (histórica e atual), sua baixa taxa reprodutiva e a destruição de seus habitats. Embora sejam de extrema importância, grande parte dos estudos sobre alimentação de peixe-boi-da-Amazônia foi desenvolvida utilizando conteúdos estomacais ou observações de campo, que trazem informações de curto prazo. Por meio de estudos de campo em lagos de igapós de águas pretas (rio Negro) e claras (rio Tapajós), entrevistas com populações tradicionais em Unidades de Conservação (UCs) Federais e uso de análises de isótopos estáveis de C e N em dentes e ossos de peixe-boi-da-Amazônia, obtive informações sobre a dinâmica de disponibilidade alimentar para a espécie, dados sobre sua biologia e dieta nas diferentes fases ontogenéticas. Houve uma grande variação nos parâmetros físicos e químicos nas águas dos lagos estudados nas diferentes fases do pulso de inundação. Das 57 espécies de plantas registradas, apenas 13 ocorreram nos dois ecossistemas. No rio Negro a disponibilidade de herbáceas é escassa e limitada a trepadeiras durante a fase de águas altas, sendo elas as de maior saliência cognitiva na dieta do peixe-boi, segundo os entrevistados. No Tapajós há grande riqueza de herbáceas ao longo de todo o pulso de inundação. As plantas com maior saliência cognitiva foram as submersas com folhas flutuantes e submersas enraizadas. Apesar de não haver variação nos sinais de δ 13 C e δ 15 N entre dentes, as diferenças entre indivíduos indicam que a dieta do peixe-boi-da-Amazônia está relacionada com a disponibilidade de recursos, preferência alimentar ou necessidades nutricionais. Além disso, a espécie se alimenta de uma variedade de plantas e algas, cujas proporções variam de acordo com a classe ontogenética e o ecossistema. A disponibilidade alimentar pode representar um fator determinante na migração trófica do peixe-boi-da-Amazônia entre igapós e várzea, especialmente no caso das fêmeas lactantes do baixo rio Negro. Por isso, a adoção de iniciativas interinstitucionais para garantir a proteção regional da espécie, considerando as possibilidades de movimentação entre hábitats, requer atenção especial. Além disso, com a finalidade de reduzir ameaças à espécie e aumentar a efetividade das UCs é necessário maior envolvimento da população local e de áreas adjacentes em atividades que ampliem sua percepção sobre a relevância da conservação de ambientes naturais e de espécies ameaçadas como o peixe-boi-da- Amazônia.
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Tese T 599.55 C912c (Percorrer estante(Abre abaixo)) Disponível 2018-0200

Tese (doutor) - INPA, 2017

O peixe-boi-da-Amazônia (Trichechus inunguis) é herbívoro, endêmico da bacia amazônica, e sua distribuição está ligada ao pulso de inundação e à disponibilidade de plantas aquáticas. Sabe-se que ele habita ambientes bem diferenciados entre si, como igapós de águas pretas e claras. Atualmente se encontra na categoria de ameaça “vulnerável” devido aos eventos de caça (histórica e atual), sua baixa taxa reprodutiva e a destruição de seus habitats. Embora sejam de extrema importância, grande parte dos estudos sobre alimentação de peixe-boi-da-Amazônia foi desenvolvida utilizando conteúdos estomacais ou observações de campo, que trazem informações de curto prazo. Por meio de estudos de campo em lagos de igapós de águas pretas (rio Negro) e claras (rio Tapajós), entrevistas com populações tradicionais em Unidades de Conservação (UCs) Federais e uso de análises de isótopos estáveis de C e N em dentes e ossos de peixe-boi-da-Amazônia, obtive informações sobre a dinâmica de disponibilidade alimentar para a espécie, dados sobre sua biologia e dieta nas diferentes fases ontogenéticas. Houve uma grande variação nos parâmetros físicos e químicos nas águas dos lagos estudados nas diferentes fases do pulso de inundação. Das 57 espécies de plantas registradas, apenas 13 ocorreram nos dois ecossistemas. No rio Negro a disponibilidade de herbáceas é escassa e limitada a trepadeiras durante a fase de águas altas, sendo elas as de maior saliência cognitiva na dieta do peixe-boi, segundo os entrevistados. No Tapajós há grande riqueza de herbáceas ao longo de todo o pulso de inundação. As plantas com maior saliência cognitiva foram as submersas com folhas flutuantes e submersas enraizadas. Apesar de não haver variação nos sinais de δ 13 C e δ 15 N entre dentes, as diferenças entre indivíduos indicam que a dieta do peixe-boi-da-Amazônia está relacionada com a disponibilidade de recursos, preferência alimentar ou necessidades nutricionais. Além disso, a espécie se alimenta de uma variedade de plantas e algas, cujas proporções variam de acordo com a classe ontogenética e o ecossistema. A disponibilidade alimentar pode representar um fator determinante na migração trófica do peixe-boi-da-Amazônia entre igapós e várzea, especialmente no caso das fêmeas lactantes do baixo rio Negro. Por isso, a adoção de iniciativas interinstitucionais para garantir a proteção regional da espécie, considerando as possibilidades de movimentação entre hábitats, requer atenção especial. Além disso, com a finalidade de reduzir ameaças à espécie e aumentar a efetividade das UCs é necessário maior envolvimento da população local e de áreas adjacentes em atividades que ampliem sua percepção sobre a relevância da conservação de ambientes naturais e de espécies ameaçadas como o peixe-boi-da- Amazônia.

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