História evolutiva das árvores de cuia (Crescentia cujete): uma integração entre genótipo, ambiente e cultura / Priscila Ambrósio Moreira

Por: Moreira, Priscila AmbrósioColaborador(es):Clement, Charles Roland [Orientador] | Vigouroux, Yves [Coorientador]Detalhes da publicação: Manaus: [s.n.] 2017Notas: xvi, 129 f.: il., color.; 30 cmAssunto(s): Árvore de cuia | Filogeografia | Domesticação das plantasClassificação Decimal de Dewey: 583.96 Recursos online: Clique aqui para acessar online Nota de dissertação: Tese (doutor) - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, 2017 Sumário: Amazônia é um centro de domesticação de plantas, onde também se desenvolveu alta diversidade linguística, diferentes estilos artísticos e estratégias de subsistência. O papel dos humanos na distribuição geográfica da biodiversidade amazônica e as diferentes pressões que exercem na história de vida dos organismos tem sido amplamente debatido. A análise histórica do uso de uma planta ao longo de sua distribuição geográfica contribui com este debate, uma vez que busca identificar as modificações morfológicas e genéticas promovidas pelas atividades humanas, identificar áreas de diversidade biológica e cultural, bem como entender os fatores que influenciam o dinamismo no uso e manejo de suas variedades. Nesta perspectiva, o objetivo geral da presente tese foi contribuir com a reconstrução da história de domesticação, dispersão e diversificação das cuieiras (Crescentia cujete, Bignoniaceae) na Amazônia brasileira. Os frutos (cuias) possuem valores simbólicos e tecnológicos entre diferentes povos nativos da região Neotropical e, portanto, podem ser bons exemplos para integrar aspectos sociais e culturais à biologia da domesticação. A partir do desenvolvimento de uma biblioteca genômica de C. cujete, foram desenvolvidos marcadores moleculares, os quais serviram de base para avaliar a relação genética entre C. cujete e C. amazonica na Bacia Amazônica e testar as hipóteses de Gentry (1980) e Ducke (1946) sobre a origem da domesticação e diversificação morfológica dos frutos. A avaliação de como as pessoas percebem, usam e propagam os frutos de ambas as espécies na Amazônia e a integração de análises genéticas, morfológicas e etnobotânicas entre Amazônia e Mesoamérica possibilitou discutir hipóteses alternativas de origem da domesticação, inferir rotas de dispersão da planta e identificar fatores culturais e ecológicos de seleção e diversificação. Os resultados mostraram que hibridização é importante na diversificação fenotípica da planta. Variedades locais (maracá, cuiupi, paranã) estão intimamente associadas ao fluxo gênico entre quintais e florestas alagáveis, e seus usos específicos sugerem que o manejo da hibridização é uma prática antiga na Amazônia. Foi demonstrado que C. cujete foi introduzida na Bacia Amazônica e no México, mas sua origem geográfica permanece desconhecida. O padrão de diversificação genética entre Leste e Oeste na Bacia Amazônica permitiu inferir duas rotas de introdução na Amazônia. A dispersão concorda com rotas anteriormente propostas para grupos humanos e suas plantas. Mesoamérica e Amazônia são contrastantes em termos da diversidade morfológica de frutos cultivados de C. cujete. A diversidade e distribuição do formato dos frutos revelam que, apesar do amplo uso utilitário dos frutos, existiram diferentes preferências culturais ao longo da distribuição da planta. Mesmo após o colapso demográfico de populações humanas e suas plantas causado pela conquista europeia, os formatos e tamanhos de frutos manipulados atualmente pelos povos indígenas e famílias ribeirinhas são legados da ocupação pré-colombiana na Amazônia.
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Tese (doutor) - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, 2017

Amazônia é um centro de domesticação de plantas, onde também se desenvolveu alta diversidade linguística, diferentes estilos artísticos e estratégias de subsistência. O papel dos humanos na distribuição geográfica da biodiversidade amazônica e as diferentes pressões que exercem na história de vida dos organismos tem sido amplamente debatido. A análise histórica do uso de uma planta ao longo de sua distribuição geográfica contribui com este debate, uma vez que busca identificar as modificações morfológicas e genéticas promovidas pelas atividades humanas, identificar áreas de diversidade biológica e cultural, bem como entender os fatores que influenciam o dinamismo no uso e manejo de suas variedades. Nesta perspectiva, o objetivo geral da presente tese foi contribuir com a reconstrução da história de domesticação, dispersão e diversificação das cuieiras (Crescentia cujete, Bignoniaceae) na Amazônia brasileira. Os frutos (cuias) possuem valores simbólicos e tecnológicos entre diferentes povos nativos da região Neotropical e, portanto, podem ser bons exemplos para integrar aspectos sociais e culturais à biologia da domesticação. A partir do desenvolvimento de uma biblioteca genômica de C. cujete, foram desenvolvidos marcadores moleculares, os quais serviram de base para avaliar a relação genética entre C. cujete e C. amazonica na Bacia Amazônica e testar as hipóteses de Gentry (1980) e Ducke (1946) sobre a origem da domesticação e diversificação morfológica dos frutos. A avaliação de como as pessoas percebem, usam e propagam os frutos de ambas as espécies na Amazônia e a integração de análises genéticas, morfológicas e etnobotânicas entre Amazônia e Mesoamérica possibilitou discutir hipóteses alternativas de origem da domesticação, inferir rotas de dispersão da planta e identificar fatores culturais e ecológicos de seleção e diversificação. Os resultados mostraram que hibridização é importante na diversificação fenotípica da planta. Variedades locais (maracá, cuiupi, paranã) estão intimamente associadas ao fluxo gênico entre quintais e florestas alagáveis, e seus usos específicos sugerem que o manejo da hibridização é uma prática antiga na Amazônia. Foi demonstrado que C. cujete foi introduzida na Bacia Amazônica e no México, mas sua origem geográfica permanece desconhecida. O padrão de diversificação genética entre Leste e Oeste na Bacia Amazônica permitiu inferir duas rotas de introdução na Amazônia. A dispersão concorda com rotas anteriormente propostas para grupos humanos e suas plantas. Mesoamérica e Amazônia são contrastantes em termos da diversidade morfológica de frutos cultivados de C. cujete. A diversidade e distribuição do formato dos frutos revelam que, apesar do amplo uso utilitário dos frutos, existiram diferentes preferências culturais ao longo da distribuição da planta. Mesmo após o colapso demográfico de populações humanas e suas plantas causado pela conquista europeia, os formatos e tamanhos de frutos manipulados atualmente pelos povos indígenas e famílias ribeirinhas são legados da ocupação pré-colombiana na Amazônia.

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