A alteração do regime hidrológico afeta a composição florística e estrutura de florestas de igapó? Um estudo comparativo entre um rio regulado e outro prístino na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, Amazônia Central / Guilherme de Sousa Lobo
Detalhes da publicação: Manaus: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, 2017Notas: 72 f. : il. ; 30 cmAssunto(s): Floresta de igapó | Usina hidrelétricaClassificação Decimal de Dewey: 577.3 Recursos online: Clique aqui para acessar online Nota de dissertação: Dissertação (mestre) - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, 2017 Sumário: As florestas alagáveis amazônicas são submetidas anualmente ao regime de cheia e vazante dos grandes rios, devido ao pulso de inundação monomodal, fenômeno sazonal que determina os processos ecológicos e biogeoquímicos em florestas alagáveis. Alterações no pulso de inundação transformam o padrão de variação hidrológica e de distúrbios naturais, criando condições às quais a biota nativa pode ser pouco adaptada. Severas modificações do regime hídrico podem ser observadas em zonas à jusante de Usinas Hidrelétricas (UHEs), onde o pulso de inundação é determinado pela demanda de geração de energia. Isso foi constatado para o regime hidrológico do rio Uatumã e os processos ecológicos das florestas de igapó associada após a construção UHE Balbina, Amazônia Central. O presente estudo procurou comparar a estrutura e composição florística da floresta de igapó situada em um rio regulado (Uatumã) com o afluente pristino (Abacate) e determinar a relação com características edáficas e duração de inundação. Foram amostradas as florestas de terra firme adjacentes para avaliar o comportamento em relação às florestas de igapó. Um inventário de todos os indivíduos (DAP) ≥ 5 cm foi realizado para o igapó baixo, igapó alto e terra firme adjacente, totalizando 1,5 ha em cada rio. Os estratos florestais de igapó baixo apresentaram baixa densidade relativa de indivíduos com DAP < 10 cm e alta densidade de indivíduos com DAP ≥ 25 cm. O igapó alto do rio Uatumã apresentou maior altura média que a porção equivalente do rio Abacate, sendo esta a principal característica estrutural diferencial entre o rio pristino e o rio regulado. Quando analisamos os rios em conjunto, os teores de fósforo foram relacionados à diversidade de espécies e a inundação foi determinante na composição florística, riqueza, diversidade de espécies e as variáveis estruturais (DAP e área basal). No rio Uatumã os teores de fósforo foram relacionados com DAP e densidade de indivíduos. No rio regulado, a densidade de indivíduos também foi relacionada com pH e proporção de argila do solo. No rio Abacate a composição florística seguiu o gradiente de inundação. A composição de espécies do igapó alto do rio regulado foi similar à terra firme adjacente e muito dissimilar ao igapó baixo. O padrão observado foi interpretado como reflexo da intensificação do período de inundação na porção mais baixa do igapó, e pela invasão de espécies comumente descritas em floresta de terra firme no igapó alto. Os resultados do estudo enfatizam a necessidade de incluir os efeitos a jusante de barragens nos estudos e relatórios de impactos ambientais de hidrelétricas na região amazônica.Tipo de material | Biblioteca atual | Setor | Classificação | Situação | Previsão de devolução | Código de barras |
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Livro | Biblioteca INPA | Dissertação | T 577.3 L799a (Percorrer estante(Abre abaixo)) | Disponível | 2017-0508 |
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Dissertação (mestre) - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, 2017
As florestas alagáveis amazônicas são submetidas anualmente ao regime de cheia e vazante dos grandes rios, devido ao pulso de inundação monomodal, fenômeno sazonal que determina os processos ecológicos e biogeoquímicos em florestas alagáveis. Alterações no pulso de inundação transformam o padrão de variação hidrológica e de distúrbios naturais, criando condições às quais a biota nativa pode ser pouco adaptada. Severas modificações do regime hídrico podem ser observadas em zonas à jusante de Usinas Hidrelétricas (UHEs), onde o pulso de inundação é determinado pela demanda de geração de energia. Isso foi constatado para o regime hidrológico do rio Uatumã e os processos ecológicos das florestas de igapó associada após a construção UHE Balbina, Amazônia Central. O presente estudo procurou comparar a estrutura e composição florística da floresta de igapó situada em um rio regulado (Uatumã) com o afluente pristino (Abacate) e determinar a relação com características edáficas e duração de inundação. Foram amostradas as florestas de terra firme adjacentes para avaliar o comportamento em relação às florestas de igapó. Um inventário de todos os indivíduos (DAP) ≥ 5 cm foi realizado para o igapó baixo, igapó alto e terra firme adjacente, totalizando 1,5 ha em cada rio. Os estratos florestais de igapó baixo apresentaram baixa densidade relativa de indivíduos com DAP < 10 cm e alta densidade de indivíduos com DAP ≥ 25 cm. O igapó alto do rio Uatumã apresentou maior altura média que a porção equivalente do rio Abacate, sendo esta a principal característica estrutural diferencial entre o rio pristino e o rio regulado. Quando analisamos os rios em conjunto, os teores de fósforo foram relacionados à diversidade de espécies e a inundação foi determinante na composição florística, riqueza, diversidade de espécies e as variáveis estruturais (DAP e área basal). No rio Uatumã os teores de fósforo foram relacionados com DAP e densidade de indivíduos. No rio regulado, a densidade de indivíduos também foi relacionada com pH e proporção de argila do solo. No rio Abacate a composição florística seguiu o gradiente de inundação. A composição de espécies do igapó alto do rio regulado foi similar à terra firme adjacente e muito dissimilar ao igapó baixo. O padrão observado foi interpretado como reflexo da intensificação do período de inundação na porção mais baixa do igapó, e pela invasão de espécies comumente descritas em floresta de terra firme no igapó alto. Os resultados do estudo enfatizam a necessidade de incluir os efeitos a jusante de barragens nos estudos e relatórios de impactos ambientais de hidrelétricas na região amazônica.
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