Nota de resumo |
O banco de sementes constitui a principal reserva de propágulos na regeneração da floresta<br/>tropical, frente a alterações antrópicas e naturais de grande magnitude. Pode ser definido<br/>como um sistema complexo, que se conecta a inúmeros fatores relacionados às taxas de<br/>entradas e perdas das sementes nos solos. Os efeitos de distúrbios naturais nas comunidades<br/>vegetais resultam na formação de clareiras. Em florestas tropicais, a ocorrência de distúrbios<br/>de grande magnitude e clareiras muito grandes são eventos raros. Algumas tempestades e<br/>rajadas de vento são provocadas por um fenômeno convectivo conhecido como downburst e<br/>apresentam diferentes magnitudes de severidade podendo suprimir totalmente a cobertura<br/>arbórea. O presente estudo teve como objetivo caracterizar a densidade, riqueza, diversidade,<br/>frequência dos grupos ecológicos e hábito de vida das plântulas emergidas do banco de<br/>sementes de uma floresta madura e alterada após downburst, em diferentes classes<br/>topográficas e épocas do ano. A densidade média de sementes foi maior na floresta alterada<br/>(702 sementes m-2) do que na floresta madura (447 sementes m-2), independente do período de<br/>coleta. Na estação chuvosa, observou-se maior densidade de sementes (678 sementes m-2,<br/>chuvosa; 522 sementes m-2, seca). A densidade de indivíduos de Melastomataceae sofreu<br/>maior influência da época de coleta (U = 13.911,50; p = 0,01). Não existe uma relação linear<br/>entre densidade de sementes, declividade do terreno e abertura de dossel. A riqueza e a<br/>diversidade de espécies estimadas para um número comum de indivíduos indicou que as duas<br/>áreas amostradas são igualmente diversas e ricas. O alto valor de equabilidade indicou uma<br/>dominância de poucas espécies no banco de sementes. A análise de MRPP demonstrou<br/>diferenças significativas na diversidade florística entre os dois trechos de floresta amostrados<br/>(MRPP, A = 0,124; p = 0,000, chuvosa; MRPP, A = 0,129; p = 0,000, seca). Na floresta<br/>alterada a análise de similaridade florística indicou diferenças entre os dois períodos de coleta<br/>(MRPP, A = 0,008; p = 0,028), no entanto para floresta madura as diferenças não foram<br/>significativas (MRPP, A = 0,001; p = 0,351). A ordenação detectou diferenças na riqueza das<br/>espécies entre os dois trechos de floresta (F = 29,72; p = 0,00, chuvosa; F = 33,94; p = 0,00,<br/>seca), o mesmo não foi observado para as classes topográficas. Das 120 espécies presentes no<br/>banco de sementes, 68 espécies não formam um banco de sementes transitório, mesmo que<br/>presentes em baixa densidade. Melastomatacea, Urticaceae, Araceae e Moraceae<br/>configuraram entre as mais abundantes. Melastomataceae configurou como importante<br/>componente do banco de sementes, contribuindo de forma expressiva para o número de<br/>indivíduos e espécies, juntamente com as Cecropia spp., estas irão contribuir para<br/>reestruturação da cobertura florestal. A densidade de plântulas arbóreas foi superior a todos os<br/>outros hábitos de vida identificados. Maior densidade de indivíduos arbustivo na floresta<br/>alterada é reflexo do estágio sucessional. Independente da severidade do distúrbio, o banco de<br/>sementes apresenta alto potencial para regeneração florestal, contribuindo para diversidade e<br/>densidade de indivíduos. |